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Maria do Carmo

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A dura realidade dos educadores da rede pública brasileira

20/05/2015 às 17h00

A conjuntura educacional brasileira apresenta uma situação de contraste, uma vez que de um lado se entende que o processo educacional é imprescindível na preparação do cidadão para atuar na vida, por outro lado, partindo dos principais segmentos da sociedade se configura a grande desvalorização dos professores. Por que tanta discriminação com estes profissionais da rede pública brasileira?  

É repugnante se assistir a tantas cenas tristes quando professores e professoras foram espancados pela polícia por que estarem lutando pelos seus direitos que estão sendo negados pelo poder público. Onde está o espaço para reivindicar? Onde está a importância dos educadores brasileiros uma vez que são os principais mentores na mediação do conhecimento? Onde ficou o respeito aos grandes parceiros contribuintes no progresso e avanços culturais, econômicos e políticos da sociedade?

Tem muita coisa errada e diga de passagem, partindo do próprio poder público que se detendo do gerenciamento da máquina administrativa abusa do mesmo se tornando rolo compressor, negando os direitos dos educadores numa tentativa de   reduzi-los a meros elementos de  manipulação e objetos de críticas infundadas.  Na realidade, fica paradoxal a ideia do fundamental papel do educador na sociedade visto que o mesmo aponta o norte para a realização da aprendizagem, contudo, torna-se desimportante quando ergue a cabeça e busca seus direitos. Mediante esta realidade educadoras e educadores passam a ser considerados infratores, na verdade, o objetivo de quem está no poder é intimidar e forçar os mesmos “calarem a boca e baixarem a cabeça” diante de todo processo de  injustiça no qual direitos são negados.

A maratona de educadores e educadoras massacrados pela opressão do poder público se alarga também pelo Nordeste do Brasil. Se no Sul, professores sofreram pancadas fisicamente, na Paraíba professores e professoras ficaram frustrados com pontapés de ordem emocional, uma vez que foram tolhidos violentamente pela justiça ao considerar a greve “ilegal”; lutava-se pelo cumprimento da Lei do Piso Nacional e a atualização do PCCR. Eis a contramão da situação: não pagar o Piso Nacional proposto pelo MEC de 13,1% não é ilegal, enterrar o PCCRM(Plano de Cargo Carreira e Remuneração) também não é ilegal! É a famosa lei do coronelismo dos anos passados, só foram mudadas algumas estratégias e  estas, sim, mais manipuladoras.

A decisão de se partir para uma greve não foi de brincadeira, motivo houve  de sobra  uma vez que foi proposto à categoria apenas o repasse de 9% parcelado em duas vezes na tentativa de se criar a utopia do cumprimento do Piso nacional,   além disso o bem-dito reajuste beneficiou  apenas uma classe  quase que inexistente no estado, os professores de nível médio, ou seja, pedagógico  não respeitando os nivelamentos propostos no PCCRM desta forma, os professores e professoras os(as) graduados(as), especializados(as) , mestre(as) e doutores(as) ficaram prejudicados. As outras categorias da educação tiveram apenas 1% de aumento nos seus vencimentos. Vale salientar que o PCCR do magistério público paraibano foi extinto pela (MP) Medida Provisória do governo com o apoio da maioria dos deputados no ano de 2011, é também gritante a situação dos funcionários,  uma vez que os mesmos ainda não têm o seu PCCR. 

É inexplicável as posições dos governantes quando o assunto são direitos trabalhistas da categoria, principalmente quando o eixo da situação são investimentos financeiros, nenhum benefício da classe foi dada de “mão beijada” tudo foi à custa de luta. Por outro lado, justificar a extrapolação da receita para o não pagamento da complementação do PISO é inconcebível. É inconcebível, porque todas as instituições educacionais do estado estão superlotadas de funcionários e professores  prestadores de serviço (não concursados) e muitos deles não têm nem o que fazer. E o mais agravante,  tornaram-se massa de manobra  e instrumento  do processo eleitoral, são demitidos sem justa causa e às vezes escola fica prejudicada sem a mão-de-obra desse(a) servidor(ra), professor(ra), nesta ótica “não há nada errado: está tudo”.

Não se entende também qual foi o critério para a punição dos grevistas uma vez que os descontos nos contracheques aconteceram inexplicavelmente  porque nem todos os grevistas tiveram redução dos seus salários. O que prevaleceu? Perseguição? Baseado em que regulamento se procede desta maneira? Será que foi a intenção de implantar a política do medo, do terror e com isso silenciar a voz daqueles que gritavam pelos seus direitos? Será que foi a tentativa de relembrar o movimento da Inconfidência Mineira no qual a ideia de intimidação prevaleceu para frustrar e enfraquecer o movimento? São meras coincidência, mas no dia 20 de abril de 2015 completavam exatamente 13 dias de greve talvez, quem sabe, foram os reflexos do terrorismo de um passado negro da História Brasileira.

Num país cujas leis da educação valorizam tanto a mesma, é preciso clamar a fim dos governantes olharem com bons olhos para a escola pública num todo e  considerar  os educadores e educadoras como  peça fundamental na preparação dos futuros  cidadãos, no entanto é contraditório   quando um grande número de professores e professoras encontram-se desmotivados, psicologicamente  abalados devido a ceifação dos seus direitos buscando forças para  dar continuidade no exercício do magistério após greve. Afinal, professores e professoras é gente. Gente que pensa e ajuda aos outros a pensarem, gente que luta, gente que precisa viver.

Professora Maria do Carmo de Santana
Cajazeiras, 20 de abril de 2015

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

Maria do Carmo

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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