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Damião Fernandes

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A Revolução dos Bichos

11/07/2009 às 01h35

Por Damião Fernandes

Parece não ser a toa que este  beléssimo romance alegórico – A Revolução dos Bichos –  de George Orwell, tenha sido escolhido pela revista Time como um dos 100 melhores da Lingua Inglesa e foi o 31° na lista dos melhores romances do século  XX. 

A revolução acontece na Granja do Solar, que mais tarde virá a se tornar Granja dos Bichos. Major, um porco de doze anos, sonhara como todos os bichos poderiam sair da escravatura imposta pelos humanos, seus donos, para serem livres. Diz ele que tem que se fazer uma revolução e ser posta em prática o Animalismo, uma analogia ao Comunismo.

Onde todos os bichos irão trabalhar para si próprios e que não precisariam serem escravos nunca mais dos seres humanos. Major morre, Bola-de-Neve e Napoleão, dois porcos que ficaram por cuidar das idéias do Major, põem em prática a idéia do Animalismo:

“Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
Nenhum animal usará roupas.
Nenhum animal dormirá em cama.
Nenhum animal beberá álcool.
Nenhum animal matará outro animal.
Todos os animais são iguais.”

Certo dia, os donos da Granja ficaram sem alimentar os animais e estes se revoltaram e tentaram invadir o depósito onde os alimentos se encontravam. Mas Jones e seus ajudantes viram a invasão dos animais e saíram a chicoteá-los. Os animais foram à luta e quando eles menos esperavam conseguiram colocar os donos, Jones e sua mulher, para fora da Granja do Solar.

Começa então uma nova vida para os bichos. Todos irão para o campo trabalhar, o trabalho será dividido igualmente, e o fruto deste trabalho também. Os porcos, os únicos que sabiam ler e eram tidos como os animais inteligentes da Granja, ficaram responsáveis pela organização da nova comunidade. Tudo vai correndo bem.

A Granja do Solar tivera seu nome mudado para Granja dos Bichos e fora até fabricada uma bandeira verde com um chifre e uma ferradura no centro da bandeira, tendo este símbolo como símbolo do Animalismo. Vejam que até na bandeira Geroge Ornwell faz alusão ao Comunismo. 

Intrigas virão entre Bola-de-Neve e Napoleão, este por sua vez irá expulsar Bola-de-Neve da Granja por não aceitar as idéias de Napoleão. Aos poucos a escravidão vai ressurgindo. Só que agora os animais não trabalham mais para os humanos e sim para os porcos. Antes os animais que tinha aversão aos seres humanos vão transformando-se iguais a eles. Vai surgindo uma desigualdade social na Granja, onde os cachorros e porcos serão, digamos, um nova burguesia e os demais bichos seus escravos. 

Na verdade, os mandamentos que foram criados pelos porcos, os sete, aos poucos vão sendo modificados por ordens de Napoleão. Vai sendo feita também uma certa lavagem cerebral nos bichos. Tendo-se em vista que estes animais não possuem memórias muito boas como as dos porcos, estes inventam inúmeras histórias. Por exemplo, que fora herói da luta pela revolução fora Bola-de-Neve, mas aos poucos, os porcos fazem com que Bola-de-Neve seja visto como traidor dos animais.

A Revolução dos Bichos é de uma extrema crítica, que fique claro, não às idéias do Comunismo, mas ao totalitarismo que fora posto em prática por Stálin. Tanto é tamanha crítica a URSS, que temos Major como Lênin, Bola-de-Neve como Trotsky e Napoleão como Stálin. Quem conhece um pouco sobre a revolução ocorrida na URSS irá ficar de queixo caído de como Geroge Ornwell faz com que uma revolução feita pelos homens seja igualmente possível ser feita por seus bichos.

Na minha opinião, o final do livro é uma coisa esplendorosa, que nos mostra que é inútil querer mudar o mundo, as estruturas, as situação, sem antes nos empenhar-mos em mudar o homem. Não adianta mudar o sistema político ou econômico, mudar as políticas, quando na verdade é o homem e sua mentalidade que deve ser modificada. Ou então cairemos no mesmo erro dos bichos da fazenda do Sr. Jones: Aqueles que antes eram oprimidos passaram a ser opressores, os que antes eram humilhados, passaram a ser “humilhadores”. Aqueles que anteriormente criticavam as práticas injustas, estando no poder, se tornam os protagonistas da opressão. 

Este livro, apresenta-se como leitura obrigatória para aqueles "eternos donos ou acionistas de uma Granja Solar Legislativa " que acreditam que o poder é bastante em si mesmo ou que ele – o poder – auto se explica. É convidativo à alguns homens e mulheres públicos de nossa cidade que antes eram bichos oprimidos e humilhados e hoje se impostam como Bichos autoritários e despóticos. 

Em cajazeiras percebemos que muitas coisas mudam, mas a impressão que temos é que os bichos continuam os mesmos. 

Para Saber Mais
ORWELL,G. A Revolução dos Bichos. 49ª Edição. São Paulo: Editora Globo.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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