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Francisco Cartaxo

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A vila de Cajazeiras

10/06/2013 às 22h33

A Paraíba possui hoje 223 municípios num território pequeno, superfracionado em comparação com os vizinhos Ceará e Pernambuco, bem maiores em extensão e com número muito menor de municípios. No ocaso do Império, tínhamos apenas 40 municípios, com suas vilas ou cidades como sede urbana. Criado em 1863, Cajazeiras foi o 21º município paraibano e o 6º do sertão, considerado aqui o espaço situado entre a Serra de Santa Luzia e a divisa com o Ceará. Neste sertão, Sousa, Pombal, Piancó, Catolé do Rocha e Teixeira são vilas mais antigas do que Cajazeiras, enquanto as nossas vizinhas São João do Rio do Peixe (1881) e São José de Piranhas (1885), são também do tempo da Monarquia.

E antes de ser vila? Como povoação, às vésperas de tornar autônoma, Cajazeiras já exibia ares de vila. Além do colégio de ensino secundário do padre Rolim, tinha escolas de instrução primária, uma concorrida feira semanal, subdelegacia de polícia e comissariado de instrução pública, além de “uma capela com proporção de matriz, um cemitério decente e murado, em cujo recinto existe outra capela”, segundo registrou em 1854 o presidente João Capistrano Bandeira de Mello no Relatório à Assembleia Legislativa. A paróquia de Nossa Senhora da Piedade foi criada em 1859.

A independência de Cajazeiras, desmembrada do município de Sousa, teve origem formal em projeto de lei do deputado João Leite Ferreira Júnior, advogado, filho de poderoso chefe político liberal do vale do Piancó. Genro de Felizardo Toscano de Brito, que foi presidente da província e chefiou o Partido Liberal na Paraíba, durante muitos anos, João Leite herdou também o comando daquele partido na Paraíba. Lembro isso para realçar que nossa autonomia político-administrativa sofreu a influência dos liberais, então chefiados em Cajazeiras pelo Comandante Vital Rolim. A emancipação trouxe de imediato a chance de ter um representante legítimo de Cajazeiras na Assembleia Provincial, já no ano seguinte à criação do município, com a eleição do bacharel Antônio Joaquim do Couto Cartaxo para a legislatura de 1864/1865. Foi ele o primeiro deputado a representar Cajazeiras.

Antes dele, porém, um cajazeirense, o bacharel Manuel de Souza Rolim, (irmão do padre Rolim), fora deputado provincial, mas representando o município de Sousa. Como assim? Simples. Após sua formatura, em 1839, ele foi ser professor em São José da Lagoa Tapada, onde casou com uma jovem da família Sá, filiando-se ao Partido Conservador, cujo chefe em Sousa era o Comandante da Guarda Nacional, José Gomes de Sá Júnior. Logo depois de Couto Cartaxo, outro bacharel, Manuel Rolim de Alencar representou Cajazeiras na Assembleia Provincial (1866-1867), também ligado à facção liberal. Como se nota, essas conquistas decorreram da criação da vila/município de Cajazeiras em 23 de novembro de 1863, data muito mais significativa do que a transformação da vila em cidade.         

Com a criação do município, Cajazeiras instalou a câmara municipal que então desempenhava funções administrativas; passou a ser termo judicial, ocupado por um juiz municipal; sediou uma delegacia de polícia com três subdelegacias: uma na vila, outra em Santa Fé e a terceira em São José de Piranhas. Em 1875, criada a comarca, teve seu primeiro juiz de direito, Manuel da Fonseca Xavier de Andrade. Todas essas conquistas aconteceram antes da elevação de Cajazeiras à categoria de cidade, em 10 de julho de 1876, no curto período de 13 anos.

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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