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Damião Fernandes

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Cinismo em Cajazeiras

03/07/2008 às 16h05

Quem de nós em dado momento ou em algumas ocasiões já não ouviu a seguinte expressão: “Aquele homem é muito cínico” ou então: “Este político usa de um cinismo absurdo”. Estas e outras expressões são quase que habituais em nosso dia-a-dia. Mas o que significa dizer que tal pessoa é Cínico? Qual a origem desta expressão.? Existe uma significação positiva nesta expressão? É justamente o que procuraremos esclarecer de ora em diante.

Ninguém levou ao extremo os preceitos cínicos mais do que Diógenes de Sínope, nem Antístenes, o fundador. Nasceu em 400 a.C em meio a uma família abastada; seu pai, Iquésios, era banqueiro. Todavia, por ter sido acusado de adulterar a moeda, Diógenes foi mandado ao exílio. A partir daí, passou a viver modestamente.

Um tonel, no centro de Atenas, funcionava como sua morada. Seus únicos bens eram uma túnica, um cajado e um embornal de pão.

Entre inúmeras histórias sobre a vida deste fantástico pensador, existem duas que são bastante ilustrativas de seu modo de ser e pensar. Em pleno meio dia, era visto com uma lanterna acesa na mão exclamando: “Procuro um homem virtuoso”.

Vale ressaltar que esse homem há de possuir, entre outras qualidades, estas absolutamente imprescindínveis: bondade, ética, firmeza e coerência. Será que em cajazeiras ainda é possível encontrar-mos homens e mulheres com tais virtudes ou precisaríamos assim como Diógenes, sairmos “no pingo do meio dia" à procura? Acredito que, salvo algumas raríssimas exceções, é possível encontrar-los. E nesse fértil período político que se avizinha, dentre estes tantos que pleiteiam cargos públicos, encontraremos homens e mulheres virtuosos, de acordo com a concepção de Diógenes? Que tragam em seus programas de governo e em suas ações: a bondade, a ética, a firmeza e a coerência? neste caso, precisaremos fazer uso de nossa laterna para olharmos bem. 

Abramos os olhos, tomemos a lanterna da consciência e saíamos também em busca, se possível gritando em pleno meio dia: “Procuro um político virtuoso”

Outra história sobre o filósofo Diógenes: Certo dia, Alexandre da Macedônia, em visita à Grécia, resolveu procurar Diógenes. Encontrou-o numa planície tomando sol. O imperador e seu cavalo faziam sombra ao filósofo. Em dado momento, Alexandre propôs: “Pede-me o que quiseres”. A resposta veio rápida e direta: “Deixe-me o meu sol”

Quando Diógenes veio a falecer no ano de 323 a.C, construíram um túmulo sobre o qual ergueram uma coluna com um cão de mármore e as seguintes palavras: “ O próprio bronze envelhece com o tempo, mas tua glória Diógenes, nem toda a eternidade destruirá; pois apenas tu ensinaste aos mortais a lição da auto-suficiência na vida e a maneira mais fácil de viver.” 

O Cinismo foi uma corrente filosófica fundada por um discípulo de Sócrates, chamado Antístenes, e cujo maior nome foi Diógenes de Sínope, por volta de 400 a.C., que pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos. Afirmando que o cínico era aquele que tinha a sua vida pautada pela ética e pelo total desinteresse de si mesmo e um profundo interesse pela vida e pelos sofrimentos do outro. O outro era importante e digno por si mesmo. Infelismente, o termo passou à posteridade como adjetivação pejorativa de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio. 

O cinismo, enfim, enquanto postura filosófica tem algo a nos dizer hoje? Talvez, como estilo de vida radical, não. Adotar a “natureza como único paradigma, como se fosse um livro ético-politico”, não faz o menor sentido. Entretanto, certos valores defendidos pelos cínicos podem, sim, ser aplicados a nós, seres do século XXI.

Quisera ser realidade, que entre nós encontrássemos alguns Homens Cínicos que levam a sério o bem estar ético da sociedade, onde não prevaleçam os seus interesses pessoais em detrimento aos interesses da coletividade. Quisera ser realidade que na “cidade que ensinou a Paraíba a ler” encontrássemos ao menos ao meio dia, com o auxilio de nossas lâmpadas, homens bons e éticos. Políticos firmes e coerentes. Mas a Esperança é a chama que aquece a alma.

Procuremos insistentemente os homens cínicos desta cidade. Tomemos nossas lâmpadas…

Para saber mais 

REALE, Giovanni. História da filosofia antiga. São Paulo: Loyola, 1993. 5v.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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