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José Antonio

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Escravos do Estado

09/12/2016 às 14h25

Estamos vivenciando os últimos dias de cinco anos de seca, o maior período de estiagem das três últimas décadas. As esperanças se renovam que em 2017 teremos um ano de bom inverno. Num passado não tão distante o sofrimento dos sertanejos nordestinos era bem mais intenso e cruel, quase sem perspectivas de dias melhores, até que chegassem as chuvas. O fosso entre o sertão nordestino e o litoral, não há ponte, por maior que fosse não consegue unir a pobreza e a miséria com as áreas ricas destes brasis. Quanta desigualdade!

Quanta fome os sertanejos suportaram? Quantas crianças subnutridas escaparam de morrer de fome? A palavra mais forte e que ecoava nos sertões era “saque”. O comércio vivia sobressaltado, as autoridades acuadas e de mãos atadas, pouco ou quase nada faziam. Os recursos que saiam das mãos do governo federal, na sua maioria caiam quase na sua totalidade em mãos dos agentes políticos e para os “flagelados da seca”, um pouco da miséria que sobrava. Tem-se noticias que muitos enriqueceram à custa das verbas federais. A miséria do povo e a fome e o clamor em nada interessavam.

No passado uma seca desta magnitude não temos noção das suas conseqüências sociais, econômicas e políticas nos dias atuais não fora a presença do governo. Hoje, os impactos sociais são baixíssimos, mas aprofundou impiedosamente a dependência do sertanejo em relação ao Estado. O sertanejo viveria hoje sem a presença do estado? Sem os programas sociais?

Mais difícil do que por na mesa o alimento, neste momento, é matar a sede dos sertanejos. A questão da água tem sido a preocupação maior dos agentes públicos e das comunidades rurais e urbanas.

O Nordeste tem a capacidade de armazenar 39 bilhões de m³, mas só dispõe de 18% acumulado e na área mais castigada vivem 23 milhões dos 52 milhões de habitantes.

Na Região do alto Piranhas e a do Peixe, com mais de 200 mil habitantes, a situação de Cajazeiras é a que preocupa menos em função de ter dois mananciais a sua disposição: Engenheiro Ávidos que está com 5,2% de água armazenada (13 milhões de m³) e Lagoa de Arroz com 13,2% (10 milhões de m³), cuja adutora está em fase de conclusão.

Tem-se noticia de que o município de Cajazeiras teria perdido, desde o ano de 2014, investimentos na área industrial exatamente porque os donos do capital não viam perspectivas de seus negócios prosperarem em função da questão de escassez de água.

Os estudiosos do assunto analisam que seriam necessários dez anos de invernos regulares para encher o Açude Castanhão, no Ceará, construído entre 1999/2003, com capacidade de armazenar 6,7 bilhões de m³, mas em fevereiro de 2004 – um inverno “bíblico” o encheu em três semanas. Quase o mesmo fenômeno aconteceu com o Açude de Engenheiro Ávidos, no município de Cajazeiras, que numa única noite ele recebeu 20 milhões de m³ de água. É em função deste fato que os técnicos do DNOCS só vêm permitindo que ele armazene apenas 220 milhões de m³ e não os 255 milhões de m³ que é a sua capacidade.

Os sertanejos sonham com as águas do Rio São Francisco enchendo seus açudes e os leitos dos Rios Piranhas e Peixe. A partir da realização deste sonho, quem sabe podemos vê a transformação do Nordeste a partir de um novo modelo de desenvolvimento e a conseqüente libertação das mãos do Estado de todos os seus habitantes.

José Antonio

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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