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Gildemar Pontes

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A hipocrisia é uma espécie de ironia?

11/10/2017 às 10h40

Outdoor de Bolsonaro em Cajazeiras

Acho que o bom debate sempre é importante para que cresçamos como povo e como nação. Em momentos de extrema crise, podemos ver o grau de maturidade da sociedade e a sua coerência na proposta de soluções. Ou, ao contrário, a disseminação de hipócritas, aproveitadores e bajuladores, quase todos incompetentes para se estabelecerem como pessoas propositivas, embarcam na onda que estiver na moda.

E o Brasil parece viver de escândalos como modo de revelar os trezentos anos de falta de Educação na Colônia. Iremos pagar caro pela falta de instrução do povo, mais ainda. pela falta de amadurecimento das ideias geradas em nosso meio. Pensamos o pensamento do outro, geralmente de fora, e que representa a dominação disfarçada em cooperação.

As revoltas ocorridas ao longo da história não serviram para direcionar o povo, pois o povo se via entre uma elite no poder e outra que queria tomar o poder. Isso vem se arrastando até os dias atuais com repercussões trágicas sobre a vida do brasileiro. Sucessão de generais subservientes ao modelo militar predatório americano, satisfeitos com migalhas de poder se espalharam aqui, no Chile e no Paraguai para evitar um comunismo primitivo, adaptado a um modelo híbrido, porque, como disse antes, falta Educação de base até para ser comunista. Então, as tentativas de estabelecer um socialismo moreno, como queria Brizola, possibilitaram a construção dos Cieps no Rio de Janeiro que incluiu milhares de jovens na escola de tempo integral. Mas isso não é socialismo coisa nenhuma, é apenas um modo de incluir o país ao lado dos países civilizados que adotaram esse modelo e produziram, através dele, a capacidade de serem potências nas áreas da ciência, do esporte e da cultura. Talvez, por isso, a Globo atacou tão ostensivamente Brizola, porque a submissão à degeneração ética poderia ter na escola o seu grande enfrentamento.

Hoje, cada vez mais distante do socialismo, vemos o Brasil imergir num atoleiro onde as trevas da estupidez e da falta de conhecimento atacam como vírus as pessoas mais fracas de conteúdo, mais frágeis nas convicções, mais pobres de valores difundidos na escola pelo livro e pela atuação de professores, técnicos, alunos e pais, integrados para o crescimento dos saberes.

Falar em Filosofia, Sociologia, Física, Matemática… para algumas pessoas, é praticamente uma forma de agressão. O livro passou a ser um instrumento ausente nas casas, escondidos nas escolas, mofados nas bibliotecas. Sem eles, no convívio dos homens e mulheres de todas as profissões, surgem papagaios a repetir falsas enquetes de internet, discursos moralistas de hipócritas e uma violência gratuita a todos os que pensam e agem diferentes. Mesmo quando as diferenças sempre fizeram as riquezas das relações entre povos e nações.

Ver jovens defendendo o extermínio de pessoas, baseados num discurso cruel e demagógico de um hipócrita candidato a presidente da república, e de profissionais que deveriam pensar na ordem pública, a partir de uma noção clara do que seja público como dever do Estado, envolvidos numa caça insana pela intolerância mais do que pela racionalidade, é de apavorar qualquer um que tenha um mínimo de civilidade.

Agora, o mais incrível, e aí vem a razão do título deste artigo, é que os apoiadores deste aventureiro chamado Messias Bolsonaro, nas suas cidades, apoiam os bandidos mais canalhas que existem na política. Em alguns casos, como em Cajazeiras, políticos condenados dezenas de vezes são idolatrados pelos bolsomistos. Quanta ironia! Quanta hipocrisia! Como ficarão os bajuladores de bandidos locais, diante do autointitulado caçador de bandido nacional? É possível ser conivente com a corrupção aqui e querer acabar com ela em Brasília?

Vejamos as cenas do próximo capítulo desta novela mexicana, com enredo americano e protagonizada por seguidores de modismos.

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

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