Maranhão, debates e Pasárgada

“Maranhão desmarca entrevista na TV Master e gera novo mal estar.”
(Parlamentopb – 29.06.10)

“ZÉ DISSE QUE IA E TERMINOU NÃO FONDO AO CONEXÃO” (Blogodotiaolucena – 29.06.10)

“Maranhão desmarca entrevista na TV Master para atender compromissos mais importantes.”(O Fuxiqueiro – 29.06.10)

Ora meus amigos, só mesmo quem não conhece a fundo o governador Maranhão como Luiz Torres (âncora), Luis Flávio, Gilvan Freire, Walter Santos e Bernardo Filho (debatedores), poderiam acreditar em sua presença à entrevista no programa Conexão Master, nesta última segunda-feira (28). Cadê que Gutemberg Cardoso surpreendeu-se. Ao contrário, postou-se como quem já sabia de tudo. Afinal, conviva permanente da Granja Santana e do Palácio da Redenção nestes últimos tempos, Cardoso conhece a prática de Maranhão.

Prática que, aliás, não é nova, como nada nele é novo! Não ir a debates para os quais foi previamente convidado mesmo tendo confirmado, é usual na política arcaica de Zé Maranhão. Ele não é homem de debate e pronto.

Isso ficou claro em campanhas passadas, e em episódios como a greve de fome dos professores da UEPB, a greve dos PM´s com tanques de guerra do Exército na Praça João Pessoa, entre outros. Nada de debate. Debate coisa nenhuma. É imposição e ponto final, no melhor estilo Barão de Araruna!

Vocês imaginem se o asco a debater já é longevo, como sua própria trajetória, por que Maranhão iria ao tal debate do Conexão quando existem questões irrespondíveis por parte do governo como contratação desenfreada de cargos em comissão nesta época eleitoral; em contrapartida a não contratação dos concursados do serviço público estadual; da greve de mais de um ano na Defensoria Púlbica da Paraíba; da total insegurança pública no Estado, entre outros temas dos quais Maranhão quer distância como o diabo da cruz?

Zé só vai mesmo ao horário eleitoral. E vai porque lá não há debate. Lá há monólogo e apresentação de filmes e fotos que mostram uma Paraíba que exporta frutas, que transpõe águas, que investe no agave, que gera emprego renda aos paraibanos…, enfim, uma Paraíba que mais parece Pasárgada de Manoel Bandeira:

“Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher que eu quero / Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada / Vou-me embora pra Pasárgada / Aqui eu não sou feliz / Lá a existência é uma aventura / De tal modo inconseqüente / Que Joana a Louca de Espanha / Rainha e falsa demente / Vem a ser contraparente / Da nora que nunca tive

E como farei ginástica / Andarei de bicicleta / Montarei em burro brabo /
Subirei no pau-de-sebo / Tomarei banhos de mar! / E quando estiver cansado /
Deito na beira do rio / Mando chamar a mãe-dágua / Pra me contar as histórias /
Que no tempo de eu menino / Rosa vinha me contar / Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo / É outra civilização / Tem um processo seguro / De impedir a concepção / Tem telefone automático / Tem alcalóide à vontade / Tem prostitutas bonitas / Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste / Mas triste de não ter jeito / Quando de noite me der / Vontade de me matar / – Lá sou amigo do rei – / Terei a mulher que eu quero / Na cama que escolherei / Vou-me embora pra Pasárgada.”

Zé Maranhão nunca foi, não iria e não vai a debate algum em que esteja presente a Paraíba real.

Se for num debate em Pasárgada, quem sabe!

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Fernando Caldeira

Jornalista profissional em diversas emissoras de rádio e jornais da Paraíba, atualmente é articulista do Gazeta do Alto Piranhas (Cajazeiras), produtor e apresentador do programa Trem das Onze, apresentado aos domingos pela Rádio Alto Piranhas, colunista dos portais diariodosertão, politicapb, obeabadosertao, canalnoite, e mantém na internet o portal www.fernandocaldeira.com.br

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