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Raquel Alexandre

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O cinema e o comportamento feminino em Cajazeiras nos anos 1920

27/04/2015 às 21h16

Os cinemas fizeram parte da cidade de Cajazeiras no início do século XX, sendo uma das poucas opções de lazer entre as décadas de 1920 e 1930, fruto dos avanços tecnológicos motivados pelo crescimento das atividades comerciais e aumento demográfico da zona urbana. 

A telona se transformou numa forma das moças poderem “namorar” ou “paquerar” sem as vistas dos pais, numa época em que tais formas de sociabilidades eram bem complicadas e difíceis, como Souza (2009, p.78) destaca:

O certo é que o cinema motivou as atitudes dos namorados, pois as cenas de amor e ternura dos filmes e, o próprio ambiente escuro das salas exibidoras, favorecia a troca de afeições entre os espectadores, criando um cenário ideal para os casais realizarem seus encontros secretos e sonhos amorosos.

Entretanto, as moças, na companhia ou não de namorados, sempre deveriam estar acompanhadas de um adulto que pertencesse à sua família, ou seja, nunca estavam desacompanhadas.

Ao chegar à cidade de Cajazeiras nos anos 1920 o cinema causou um grande encantamento por parte da juventude que esperava ansiosamente a hora de assistir a „fita de cinema? como era chamado o filme. Entre os anos 1920-1930, os principais cinemas da cidade, o Cinema Paraíso depois chamado de Cinema Moderno e o Cine Teatro Éden, eram vistos como a principal diversão das moças e rapazes da época que além de irem ao cinema para se divertir, iriam namorar ou paquerar, evidentemente.

“O reflexo daqueles filmes de Tom Mix, Buck Jones, Pola Negri e Douglas Fairbanks, fazia com que nós adolescentes, imitássemos estes artistas em nossas brincadeiras, nos pátios dos colégios e nos matagais próximos” (COSTA, 1986, p. 70). Na Terra do Padre Rolim muitos filmes foram vistos como motivos de escândalo ou rejeição, pois os pais das moças solteiras as proibiam de assistir às fitas, devido eles concordarem que havia conteúdo impróprio para as donzelas.

Souza (2009) destaca ainda que as escritoras da Revista Era Nova, uma revista feminina que circulava na capital João Pessoa, de 15 de fevereiro de 1922, condenavam as moças que se utilizavam do cinema para namorar, o que era um desrespeito à sociedade que adotava o respeito à moral e aos bons costumes. Além do namoro e da paquera, o cinema era também um ponto de encontro entre pessoas amigas que se encontravam a fim de colocar os assuntos em dias e discutir os problemas ocorridos à sua volta, a exemplo dos acontecimentos sociais da cidade.

Afinal, o cinema como uma das mais importantes conquistas materiais republicanas causou inúmeras mudanças no comportamento de homens e mulheres, que pensaram em reviver as histórias e passaram a se enquadrar nos padrões de beleza dos galãs e divas da sétima arte.

Gostaria que em Cajazeiras pudéssemos viver os velhos tempos do cinema. Uma cidade ainda pacata no que diz respeito à opções de lazer, o cinema seria uma ótima opção. Afinal, nas grandes cidades continua em alta e porque não trazer para a nossa amada cidade do Padre Rolim? Sonho com esses dias…

Bibliografia:

SOUZA, Lincon César Medeiros. Cinematographo: A imagem da modernidade e das práticas socioculturais na cidade de Campina Grande –1900-1940. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande, 2009.

COSTA, Antonio de Assis. A(s) Cajazeiras que eu vi e onde vivi (memórias). Gráfica Progresso, João Pessoa, 1986.

Raquel Alexandre

Raquel Alexandre

É redatora do Portal Diário do Sertão e Formada em História pela UFCG de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Raquel Alexandre

É redatora do Portal Diário do Sertão e Formada em História pela UFCG de Cajazeiras.

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