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José Antonio

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O futuro da periferia no governo de Zé

17/10/2016 às 09h47

No dia 1º de janeiro de 2017 o município de Cajazeiras terá um novo prefeito, um cidadão com experiência na vida pública no campo legislativo, agora com um desafio diferente: administrar uma prefeitura. Toda nova administração vem carregada de esperanças.

Não sei até que ponto o novo gestor conhece o município que vai administrar e para onde a cidade deve crescer. Transparência e honestidade foram os principais pontos do seu plano de governo. Que outros itens mereceriam prioridades?

Durante a campanha, como candidato a vice-prefeito derrotado, tive a oportunidade de entrar em centenas de lares, na zona urbana e rural, e conversar demoradamente com seus habitantes e nesta caminhada pude constatar que a miséria e a fome ainda campeiam em muitos destes lares, o que justificaria as oito mil famílias incluídas no programa federal “Bolsa Família”, que recebem mensalmente R$1.435.000,00. Segundo o programa estes recursos se destinam às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza.

Sabia que havia miséria e fome, mas não na dimensão que eu vi. As mazelas sociais são mais profundas do que imaginamos ao constatarmos que dezenas de jovens mulheres, com caras e falas de crianças, já se tornarem mães de um, dois e três filhos, entre quatorze e dezessete anos. Com que objetivos? Todas elas afirmaram: “para receber o abono natalidade e poder ingressar no programa Bolsa Família”.

Que perspectiva de vida tem estas jovens mães de famílias? Dentre elas, a maioria, para cada filho, um pai diferente, também muito jovem e desempregado, semi-alfabetizado e na sua maioria viciado em drogas. Diante deste cenário vi o quanto eu era desinformado desta triste realidade e se antes faltaram assistência social e orientação sexual, agora o problema se agrava ainda mais: faltam creches e programas com dimensões sociais capazes de reduzir futuros homens e mulheres à margem  da sociedade.

Vi lágrimas cobrindo a face de muitas mães, provocadas pelo sofrimento de ter filho e filhas atrás das grades de um presídio como traficante de drogas e ladrões. Vi famílias completamente desestruturadas, desamparadas e dilaceradas por ter em seu seio um filho dominado pelos traficantes. Foram cenas que calaram profundamente no íntimo de minha alma, inesquecíveis, marcadas a ferro e fogo

Vi famílias morando num cubículo, sem banheiro sanitário, fazendo as suas necessidades em saco plástico e jogando fora num terreno baldio. Vi crianças brincando ao lado de esgotos a céu aberto e tendo que conviver com uma fedentina insuportável. O governo do estado tem uma obra de esgotamento sanitário para a Zona Norte que se arrasta há anos e não se tem idéia de quando será concluída.

Vi o quanto o desemprego fazem as famílias se tornarem indefesas, sofridas, angustiadas e terem que conviver com o corte de água e luz e com o aluguel atrasado e isto provoca um mal social incalculável na estrutura da família, porque os pais migram para o corte de cana, para catar laranjas e para grandes centros onde possam trabalhar como serventes da construção civil, deixando mulheres “viúvas” de maridos “vivos” e os filhos sem a figura paterna no seio da família.

Vi mães prisioneiras, prisioneiras de filhos, que desde o nascimento vivem num leito de uma cama, talvez por falta de uma gestação não acompanhada. Faltava brilho nos olhos, mas sobrava amor no coração de cada mãe.

Quando ouvi o futuro prefeito afirmar que teremos um grande carnaval e um Xamegão maior ainda, com recursos públicos (?) doeu-me a alma, mas com a esperança de que se ele fizesse uma caminhada pela periferia da cidade, com certeza mudaria de plano.

José Antonio

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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