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Damião Fernandes

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O Homem e a Cidade

06/10/2012 às 16h03

O progresso ou o desenvolvimento de uma cidade não é medido apenas pela quantidade de prédios comercias ou residências construídos ou muito menos pelo acumulo de riquezas que suas atividades comerciais produzem. A cidade é o lugar simbólico da realização transcendente e metafísico do homem, por isso, ontologicamente, o "ser cidade" e o "ser humano" se encontram num mesma instância de adequação.

O desenvolvimento e progresso de uma cidade estão profundamente emaranhados num desenvolvimento e num progresso do homem. Eu me arriscaria a afirmar que jamais seria possível haver progresso de fato numa polís se junto não viesse um progresso da moralidade humana e humanidade do homem.
Quando o pensador francês Edgar Morim afirma que o individuo e a sociedade não são apenas inseparáveis, mas co-produtores um do outro […] qualquer concepção que se tenha do gênero humano não pode vir dissociado. O desenvolvimentos conjunto das autonomias individuais está intimamente ligado ao sentimento de pertença á espécie e a sociedade (MORIN, 2003. p.105).

Tentar evidenciar um crescimento urbano em detrimento de um crescimento humano é no mínimo simplismo cultural ou facismo politico. O homem e seu desenvolvimento moral estabelece-se numa sincronia estática ao desenvolvimento daquela cidade ou de qualquer outra modalidade de agrupamento social. O homem é o artífice da moralidade que o circunda.

Em uma definição sumária, sem firulas e rodeios filosofantes, pode-se afirmar que, para Aristóteles, o homem é um animal político na medida em que se realiza plenamente no âmbito da pólis. Segundo Aristóteles, a “cidade ou a sociedade política” é o “bem mais elevado” e por isso os homens se associam em células, da família ao pequeno burgo, e a reunião desses agrupamentos resulta na cidade e no Estado Todavia, esta rápida acepção carece de uma explicação detalhada, indispensável para uma melhor compreensão do termo. Até porque, bem sabemos, o autor de “Política”, “Ética a Nicômaco” e a " Magna Moralia” deixou-nos acima de tudo um legado de extremo rigor lógico que não pode ser jamais desconsiderado.

Por isso, quando uma cidade se auto define detentora de uma moralidade histórica herdada ou construída por seus ilustres antepassados, torna-se mister perguntar, a partir da construção valorativa dos seus cidadãos atuais, em que se expressa essa moralidade construída historicamente? Existe uma coerência teórico-prático na dia-a-dia dos cidadãos com relação a essa moralidade alardeada? Essa moralidade cultural e histórica é na verdade partilhada por quem? Que grupo a ostenta? Que tipo de moralidade é posta na seara das mentalidades? Que instrumentos ideológicos a disseminam e que preço o fazem?

A moralidade de uma cidade está intimamente ligada á uma prática moral dos habitantes de luma cidade. A construção moral do homem deve estar estreitamente expressa na moralidade da pólis. Definitivamente, não é possível a coexistência de uma cidade supostamente “terra de cultura e de uma moralidade ostentada” se o homem que a habita é inescrupuloso e amoral.

O homem e a cidade são seres de construções e coexistências morais lúcidas.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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