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Damião Fernandes

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O Terceiro Segredo de Fátima!

25/05/2012 às 07h27

Aproxima-se, no horizonte do tempo, a data memorável dos cem anos (1917-2017) das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Será, sem dúvida, um Ano jubilar, como o requer a importância do acontecimento. Desde logo nos surge uma primeira interrogação: que quer dizer celebrar o centenário das Aparições?

No dia 26 de junho deste ano foi revelado, com a devida autorização do Papa, o falado terceiro Segredo de Fátima, que tanta curiosidade, medo, às vezes pavor, despertava no povo. Na verdade houve muita fantasia prejudicial às pessoas. Nas suas três partes o Segredo nada tem de previsões sobre o fim do mundo, e nem catástrofes ou flagelos.

Com a revelação do Segredo, feita através da Sagrada Congregação da Fé, com uma interpretação feita, a pedido do Papa, pelo cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da citada Congregação, viu-se que se trata de uma visão do século XX, século este impregnado de mártires do comunismo, do nazismo e de outras forças inimigas da Igreja e de Deus. Milhões morreram pela fé.

Antes de tudo é preciso lembrar que esta visão, não é artigo de fé obrigatório à crença dos católicos, embora a Igreja reconheça a sua autenticidade, especialmente no apelo que faz à oração, `a conversão e à penitência.Na entrevista que D. Tarcísio Bertone, Secretário da Congregação da Doutrina da Fé, teve com a Irmã Lúcia, por ordem do Papa, em 27 de abril deste ano, no Carmelo de Coimbra, onde vive a Irmã, esta, lúcida e calma, concordou com a interpretação do Segredo, segundo a qual a terceira parte do Segredo de Fátima consiste numa visão profética, comparável às da história sagrada.

Ela reafirmou a sua convicção de que a visão de Fátima se refere sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os cristãos, e descreve os duros sofrimentos das milhões de vítimas do século XX. Irmã Lúcia confirmou que a principal personagem do Segredo era o Papa, e recordou como os pastorinhos tinham pena dele.

Com relação ao “Bispo vestido de branco” (o Papa) que é ferido de morte e cai por terra, a Irmã concordou plenamente com a afirmação do Papa João Paulo II: “Foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala e o Santo Padre deteve-se no limiar da morte” (Meditação com os Bispos italianos na Policlínica Gemelli, 13 de maio de 1994).

É interessante destacar o que diz a Irmã Lúcia: “Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa.” A ela foi dada a visão, não a interpretação. Mais uma vez vemos aí a importância da Igreja e do Papa. E a Irmã concordou com a interpretação dada pela Igreja.

Na interpretação do Segredo, já bastante publicado e conhecido, feita pelo Cardeal Ratzinger, alguns pontos merecem ser destacados:

1 – A palavra chave da primeira e segunda parte do Segredo, é “salvar as almas”; a palavra chave da terceira parte é “Penitência, penitência, penitência”. O cardeal lembra que a Irmã Lúcia lhe disse que o objetivo de todas as aparições era fazer crescer cada vez mais a fé, a esperança e a caridade.

2 – A visão do anjo com a espada de fogo representa o perigo da destruição da humanidade por ela mesma, através da guerra e outras formas; o brilho da Mãe de Deus aparece como a força capaz de vencer as forças da terrível destruição.

3 – O sentido da visão não é mostrar um filme sobre o futuro, mas uma forma de orientar a liberdade humana a buscar o bem. Há que se evitar, portanto, as interpretações fatalistas do Segredo, como se tudo já fosse traçado para acontecer, sem respeitar a liberdade dos homens. O futuro é visto como que num espelho, de maneira simbólica.

4 – Três sinais aparecem: uma montanha alta; uma grande cidade meio em ruínas e uma grande cruz de troncos toscos. A montanha e a cidade são o lugar da história humana, de convivência, mas de luta; como uma subida árdua onde o homem destrói, com as próprias mãos, o que ele mesmo construiu (cidade em ruínas). No alto da montanha está a Cruz, meta e orientação da história humana, sinal da miséria humana e promessa de salvação.
A visão mostra o caminho da Igreja como uma Via Sacra, ladeado de violência, destruição e morte, mas de esperança.

5 – Destaca o cardeal que o fato do Papa não ter não ter morrido no atentado de 13/5/81, significa que não existe um destino imutável (na visão o Papa aparece morto), e se a Mão de Nossa Senhora guiou a bala para que não o matasse, é porque a força da oração e da penitência é maior do que as balas, e a fé é mais poderosa do que os exércitos. Tudo pode ser mudado pela oração e conversão!

6 – Por fim a visão mostra os anjos que recolhem da cruz o sangue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O sangue de Cristo e o dos mártires são vistos juntos, a significar que o nosso sofrimento completa a salvação do mundo (Cl 1, 24). O sangue dos mártires é semente de novos cristãos, como dizia Tertuliano. E assim, o terceiro segredo termina com uma forte mensagem de esperança: nenhum sofrimento é vivido em vão, se é acolhido na fé. É de todo o sofrimento e de todo o sangue derramado pela Igreja no século XX, que brotarão as forças de um novo cristianismo no século XXI. Haverá uma forte purificação e um renovamento que já se faz sentir no coração da Igreja. É a eficácia salvífica que brota do sangue de Cristo misturado ao dos seus mártires.

7 – Os acontecimentos a que se refere o Segredo já são do passado; fica o permanente apelo à oração e à penitência para a salvação das almas. O cardeal termina dizendo que a certeza de Nossa Senhora, de que por fim “o meu Imaculado Coração triunfará”, significa que um coração voltado inteiramente para Deus, é mais forte do que as pistolas ou as outras armas de fogo. A mensagem do terceiro segredo é uma mensagem de confiança no Cristo que venceu o mundo (cf Jo 16, 33).
 

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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