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Brasil está entre os países onde mais se gasta para abastecer o carro

Brasileiro consome, em média, 2,59% da renda anual para comprar gasolina

Por Campelo Sousa

14/02/2017 às 15h13 • atualizado em 14/02/2017 às 10h15

Galão de gasolina (3,78 litros) é vendido por US$ 1,87 (R$ 5,83) em posto do Texas. Isso equivale a R$ 1,54 o litro (Foto: Getty Images)

Se você acha que tem gastado muito na hora de abastecer o carro, saiba que está certo. O Brasil é o 50º país (em um ranking com 61 nações) onde a gasolina mais consome a renda do cidadão. Isso porque aqui ganha-se pouco e paga-se, proporcionalmente, mais caro pelo combustível.

Levantamento organizado pela Bloomberg relaciona o preço do combustível e a renda média da população de cada país.

Os brasileiros têm renda diária média de R$ 82 — o equivalente a um salário mensal médio de R$ 2.460.

Sendo assim, quem abastece o carro gasta 4,6% do salário de um dia para comprar um litro de gasolina (R$ 3,76).

Quando se fala em poder de compra de um litro de combustível, o Brasil fica atrás de vizinhos como Colômbia (47º), Argentina (44º) e Chile (39º).

Na ponta do ranking estão Índia, Filipinas, Turquia, África do Sul, Romênia, Egito e Tailândia, países onde a população desembolsa, porporcionalmente, mais do que no Brasil.

Outro dado interessante destacado no estudo é que o brasileiro utiliza, em média, 205,79 litros de gasolina por ano — volume que consome 2,59% dos salários.

Já nos Estados Unidos, consome-se uma média anual quase sete vezes maior do que a brasileira (1.590 litros), mas os americanos gastam com combustível 1,86% da renda.

Os americanos usam apenas 0,43% do salário de um dia para comprar um litro de gasolina. Isso se deve tanto à renda mais elevada quanto ao valor menor do combustível.

Impostos e subsídios

Segundo a consultoria Global Petrol Prices, “as diferenças entre os preços da gasolina nos diferentes países devem-se a vários tipos de impostos e subsídios. Todos os países compram o petróleo nos mercados internacionais pelos mesmos preços, mas impõem diferentes impostos”.

Aqui no Brasil, a carga tributária é a grande vilã do consumidor. Segundo cálculos do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), 56% do preço da gasolina são impostos.

Incidem sobre o preço na bomba o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que é estadual, e também os federais Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), PIS/Pasep e Cofins.

Atualmente, a gasolina no Brasil está 18,6% mais cara do que a média mundial, segundo dados da Global Petrol Prices.

Considerando um brasileiro que ganha, em média, R$ 2.452 por mês, a Bloomberg calcula que ele gaste 2,59% do salário anual (R$ 29.433) com gasolina: R$ 762. Desse total, R$ 427 vão para o governo.

Por que o preço da gasolina não baixa no Brasil?

Em outubro, a Petrobras mudou a política de preços da gasolina e do diesel, em um alinhamento com o que já é praticado em boa parte do mundo.

O mesmo modelo é adotado nos Estados Unidos, onde o preço do barril de petróleo está diretamente relacionado às altas e baixas da gasolina.

Um levantamento feito pelo R7 com o preço médio da gasolina nos EUA em comparação com a cotação do petróleo mostra que as altas e baixas no valor do combustível foram quase que imediatas (confira quadro ao lado).

Nos EUA, a média de imposto sobre a gasolina é de 21,6%. Porém, há estados onde que chega a ser bem menor, como é o caso do Alasca (13,4%) e da Carolina do Sul (15,3%).

No Texas, os impostos representam 16,7% do preço da gasolina. Nem mesmo o estado com o maior percentual de tributos, a Pensilvânia (33,4%), chega perto do Brasil.

Por outro lado, países desenvolvidos, com exceção dos Estados Unidos, costumam ter uma carga tributária elevada sobre esse tipo de produto.

Em alguns casos, como nos países nórdicos (Noruega, Finlândia, Suécia e Dinamarca), o objetivo é desestimular o uso do automóvel particular.

Até mesmo em países onde o combustível é mais caro, como é o caso da Noruega, os consumidores gastam 0,94% da renda diária para comprar um litro de gasolina — vale lembrar que os noruegueses ganham, em média, R$ 622 por dia.

No Reino Unido, os impostos representam 71% do valor da gasolina, segundo levantamento da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O litro lá custa o equivalente a R$ 4,71.

A Noruega tem atualmente a gasolina mais cara do mundo (R$ 6 o litro), em que 63,3% são taxas.

A Global Petrol Prices destaca que “os países mais ricos têm preços mais altos e os mais pobres e os países produtores e exportadores de petróleo têm preços consideravelmente mais baixos. Os Estados Unidos representam uma exceção, pois são um país economicamente desenvolvido mas ao mesmo tempo têm preços da gasolina baixos”.

México

O México enfrentou no começo de janeiro uma onda de protestos depois que o governo decidiu acabar com as regulações no mercado de combustíveis. Em 2015, os impostos representavam 13,8% do preço total da gasolina mexicana.

O preço da gasolina naquele país saltou de R$ 2,25 (14,81 pesos) para R$ 2,70 (17,79 pesos) de um dia para o outro: alta de 20%.

A política era muito parecida com a adotada no Brasil até outubro do ano passado, em que o preço da gasolina era controlado pela União — em diversas ocasiões o governo segurou reajustes para conter a inflação e criou um problema futuro no caixa da Petrobras.

O resultado foi que por lá o preço subiu abruptamente e gerou revolta nas ruas.

O objetivo do presidente Enrique Peña Nieto é acabar com os subsídios e deixar que o mercado determine os preços dos combustíveis.

O país passa por uma delicada situação econômica somada à incerteza criada depois da eleição de Donald Trump.

R7

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