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Técnico afirma: "Barragem de Engenheiro Ávidos corre risco de arrombamento"

O Engenheiro de Minas Nível Máster, Francisco Antônio Braga Rolim, afirma que boqueirão de piranhas corre sérios riscos de arrombamento.

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16/03/2009 às 23h57

O Ministério Público Federal em Sousa, através de uma audiência ministerial que contou a presença com engenheiros do próprio MP e do Dnocs, membros da comissão gestora do Açude Engenheiro Ávidos e São Gonçalo e ainda do Vereador Daniel Pinto Gadelha, solicitou ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), inspeção no açude de Engenheiros Ávidos localizado em Cajazeiras.

Há preocupação em saber se o açude pode ter estrutura comprometida pelo excesso do volume de água. O pedido foi feito pela procuradora da República Lívia Maria de Sousa, que recebeu denúncia de que o excesso de água das recentes chuvas estaria comprometendo a capacidade de armazenamento. Esse assunto mais uma vez em tantos anos vira polêmica, chamando atenção das pessoas e dividindo opiniões: afinal há ou não risco de rompimento da barragem de Engenheiro Ávidos?

O Engenheiro de Minas Nível Máster, Francisco Antônio Braga Rolim, popularmente conhecido como Catonho, com comprovada experiência no assunto, afirma que boqueirão de piranhas corre sérios riscos de arrobamento.

Catonho afirma que mesmo o DNOCS não tendo no seu quadro profissionais especializados em geotectonismos, geotecnia e mecânica das rochas (e com sensibilidade aguçada para "sentir" os sintomas), seus técnicos tem a experiência de saber quando uma barragem está sendo solicitada além do que sua capacidade de segurança permite. Nesse caso de Ávidos, eles não sabem e não enxergam o porquê os sinais de fragilidade da barragem são emitidos.

Ao não permitir que a barragem de Engenheiro Ávidos atinja sua capacidade plena, todos os anos o estado da Paraíba perde um volume de água suficiente para abastecer a população de todo o sertão do estado, além da população da cidade de Campina Grande, somente considerando a diferença de volume entre o máximo e o que é permitido! Deve ser esclarecido o fato de que toda barragem é projetada com fator de segurança elevado, portanto, o volume dágua a ser armazenado em uma barragem deve ultrapassar com grande margem de segurança o que foi projetado.

Dessa forma, a barragem em discussão poderia atingir com plena segurança o volume de 300 milhões de metros cúbicos e sua estrutura permanecer estável, porém, todos sabemos que isso não ocorre. Pelo contrário, ao atingir cerca de 70 % do volume de projeto (o volume de projeto é de 255 milhões de metros cúbicos), já há incertezas da segurança dessa barragem, e grande parte da população entra em estado de temor com um possível arrombamento.

Risco

O engenheiro de Minas, garantiu que os riscos de arrombamento da barragem são visiveis, e dois principais motivos, são tido como principais:

Primeiro, porque a Barragem foi construída em ambiente geológico que sofreu uma forte perturbação tectônica, de magnitude tão elevada que causou o rompimento e o afastamento da cadeia de montanha, e formou o atual boqueirão e a drenagem regional. Por força desse tectonismo, grande parte das rochas ficaram fraturadas (em forma de grandes blocos). Portanto, são blocos de rochas necrosadas que, quando há o acúmulo de grandes volumes de água por um tempo longo, tendem a sofrer deslizamentos e/ou escorregamentos, e obviamente transmitem à barragem, fragilizando-a, já que a mesma constitui-se em uma simples (e pequena) extensão ou segmento da cadeia de montanhas, onde esta cadeia de montanhas tem o completo domínio e é muito mais resistente do que a barragem. Os sinais (ou sintomas) da fragilidade da barragem são as contínuas e recorrentes rachaduras, crateras e buracos que subitamente e inadvertidamente ocorrem.

Portanto, devido ao forte tectonismo ocorrido, o mesmo é verdadeiro responsável pelos abalos na barragem.
Segundo, porque, devido ao tectonismo, e ao ambiente geológico instabilizado, o projeto da barragem deveria ter dado maior atenção ao fator geotectônico em raio de 10 quilômetros, além de estudos geotécnicos e de mecânica de rochas para profundidades de cerca de 50 metros, adaptado para receber os esforços provenientes do substrato geológico (a exemplo das construções no Japão). Infelizmente a barragem não tem essa concepção, e quem projetou não identificou o problema.

Catonho esclarece que além da incapacidade técnica de enxergar e entender o que está ocorrendo no ambiente geológico perturbado onde a barragem foi construída, ele acredita que também está havendo arrogância e falta de humildade, por parte dos responsaveis o que leva ao excesso de confiança. Só que nenhum deles atesta em documento assumindo a responsabilidade.

Perigo
Porque, caso ocorra colapso na barragem, seguramente será em período chuvoso, quando as terras e todos os corpos dágua já estarão completamente encharcados e, como o nível dágua da barragem encontra-se a 100 metros mais alto do que as ruas da cidade de Sousa, além de que o volume de água acumulado é grande, portanto, a catástrofe será de proporções gigantescas, e a população sofrerá as consequências pelas milhares de vidas ceifadas e perda do patrimônio.

O engehneiro ainda afirmou que os recursos na ordem de 2 milhões não são suficientes para se fazer uma reforma na parede da barragem. Segundo Catonho, precisa ser feito urgentemente estudos técnicos especializados visando o diagnóstico e a comprovação científica do que está causando as rachaduras na barragem para que se possa futuramente, aplicar a solução.

Da Redação do Diário do Sertão
Com Jackson Queiroga

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