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Após cirurgia no coração, colunista do Diário do Sertão recebe homenagem de jornalista

Reencontro de Gildemar Pontes e Linaldo Guedes em JP rendeu a crônica 'Coração Valente' em homenagem ao professor e poeta 'cajazeirado'

Por Jocivan Pinheiro

25/03/2017 às 13h13 • atualizado em 25/03/2017 às 13h18

Gildemar fazendo uma das coisas que mais ama

Os leitores do portal Diário do Sertão e os telenautas da TV Diário do Sertão devem estar sentindo falta de um dos nossos colunistas mais polêmicos e queridos. A ausência do professor e escritor Carlos Gildemar Pontes há alguns meses se dá por motivos de saúde. Gildemar precisou passar por uma cirurgia cardíaca em João Pessoa e lá permanece se recuperando.

Reduto de grandes personalidades cajazeirenses, a capital de todos os paraibanos proporcionou o reencontro de dois grandes poetas: Gildemar e o jornalista Linaldo Guedes, que é natural de Cajazeiras e radicado em João Pessoa. Esse reencontro rendeu uma crônica de Linaldo em homenagem a Gildemar, que você passar a ler a partir de agora:

Poeta cajazeirense Linaldo Guedes

CORAÇÃO VALENTE

Linaldo Guedes – Poeta e Jornalista

O que há de comum entre o título do filme estrelado por Mel Gibson e todos os que adotaram politicamente este apelido, incluindo aí personalidades políticas que, em suas práticas, demonstraram o verdadeiro brio de lutadores de causas comuns? Lembro-me da alcunha em Heloísa Helena, Gildemar Pontes, ops! Este é poeta, e Dilma, na última eleição. Os três fizeram suas campanhas empunhando hinos, embalando militantes com canções que auferiam, ao mesmo tempo, sonho, liberdade e bravura.

Eis o por quê, para um jornalista, de que as coisas não saem do nada. Quero naturalmente explicar que não tenho partido e sim simpatias. São três figuras atuantes em suas áreas e não irei aqui discorrer sobre política, mas sobre o coração valente, este órgão que carregamos e que sempre nos leva para as lutas, para as glórias e para as profundezas, quando somos dominados por paixões e atropelados por amores ou pela vida desregrada que levaram a saúde de escritores, artistas, músicos ou simplesmente de adoradores da noite. O coração abate silenciosamente.

Assim soube da cirurgia cardíaca do meu amigo, poeta, Carlos Gildemar Pontes. Como tenho muitos amigos que ostentam no peito aquela cicatriz comprida, fico pensando se já não é hora de fazer o check up do último check up.

Nosso poeta se recupera em João Pessoa, talvez o melhor lugar para alguém oxigenar um coração renovado. Pelo que soube dele, fez a cirurgia aqui mesmo, na Filipéia, na Clínica Dom Rodrigo, uma referência em coisas de coração e afins.

Perguntei ao poeta as obviedades que se perguntam:

E aí…?

Pois é, poeta, um negócio que a medicina criou, aperfeiçoou e faz com tanta desenvoltura, que deixou para Deus apenas as orações dos mais próximos.

E o…?

Rapaz, você sai da UTI com aquele povo todo em cima, dizendo que foi tudo bem, já terminou a cirurgia e agora o senhor vai ficar novo. Por isso da vontade de perguntar tudo de novo. E como foi?

Mas poeta…?

A gente entra paciente cardíaco e sai tuberculoso. É uma tosse tão dolorida, que a gente pensa que tudo vai despregar. Aí eles vêm e dizem que é tudo normal, foi por causa do dreno no pulmão e a compressão do pulmão que agora quer se expandir.

E como é que fica a poesia?

Pausa para tosse… Deformada. Aliás, toda poesia é uma aberração que nos assombra e depois a gente dá-lhe umas boas calibradas para ela ir assombrar os outros.

Risos

Que cena ficou marcada em tudo isso?

Aquele relógio à minha frente, na UTI, sumia e voltava de cinco em cinco minutos. A sensação que temos é que o tempo não passa. Nós somos muito frágeis mesmo. Do meu lado, um paciente veio a óbito. Foi uma confusão de reanimação e de gente borbulhando palavras, risos, comentários estúpidos… Como somos frágeis! No outro dia, chegam a nós e dizem: está na hora do remedinho, Seu Carlos. E eu querendo correr sem ter forças sequer para arrancar um monte de fios, sondas e drenos desta minha carcaça cinquetenária, doida pra usar o motor novo.

E assim foi o papo com o poeta de coração valente. Saúde poeta! Ouvi dizer que vinho é um excelente tônico para o coração, brindemos!

DIÁRIO DO SERTÃO

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