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Luto: Morre a 1º mocinha de sucesso das novelas da TV Globo

Atriz morta nesta terça aos 80 anos estrelou 'Eu compro esta mulher' (1966). Ela também atuou no clássico 'Deus e o diabo na terra do sol'; leia perfil.

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21/10/2015 às 14h14

Yoná Magalhães na primeira temporada de Tapas e Beijos (Foto: Renato Rocha Miranda / TV GLOBO)

A atriz Yoná Magalhães, que morreu nesta terça-feira (20) no Rio aos 80 anos, fez parte do primeiro elenco da TV Globo, a partir de 1965, e é considerada a primeira mocinha de sucesso das novelas da emissora. Em 1966, formou ao lado de Carlos Aberto o principal casal romântico da época, em "Eu compro esta mulher".

“A audiência deu um pulo astronômico. Eu não sei bem esse mistério da dupla romântica, mas na época causava grande frisson", afirmou a atriz em entrevista ao Memória Globo em 2000. "A identificação era muito grande, porque aquela dupla continuava, então aquilo era de verdade."

Yoná atuou ainda no rádio, no teatro e no cinema, com destaque para o filme “Deus e o diabo na terra do sol” (1964), clássico do Cinema Novo dirigido por Glauber Rocha.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, trabalhou em novelas como "Saramandaia" (1966), "Roque Santeiro" (1985), "Tieta" (1989), "Meu bem, meu mal" (1990) e "A próxima vítima" (1995). Sua última novela foi "Sangue bom" (2013).

Em "Roque Santeiro", interpretou a carismática Matilde, dona da boate onde dançavam Ninon (Cláudia Raia) e Rosaly (Isis de Oliveira). O papel rendeu um convite para posar nua. "Eu falava: 'Pô, não podia também cantar um pouco? Eu danço um bocadinho…'. E aí começou aquela coisa: 'Ih, a Yoná, olha a Yoná está de malha, olha a perna!'", lembrou no mesmo depoimento ao Memória Globo.

"Enfim, aconteceu o nunca esperado por ninguém, nem por mim, que foi o convite da 'Playboy' para fotografar. Por causa da Matilde do Roque Santeiro, você vê? Foi uma coisa espantosa para as pessoas, mas eu já sabia que eu tinha perna há muito tempo."

Além das novelas, Yoná esteve nas minisséries "Grande sertão: Veredas" (1985), adaptação para a TV do clássico romance homônimo escrito por Guimarães Rosa, "Engraçadinha… Seus amores e seus pecados" (1995) e "Um só coração" (2004).

Fez ainda os seriados "Carga pesada" (2005) e "Tapas & Beijos" (2011), atuou em episódios do "Você decide" e "A vida como ela é" e nos humorísticos "Zorra total" e "Sob nova direção".

'Deus e o diabo…'
Yoná Magalhães Gonçalves nasceu em 7 de agosto de 1935, no Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio. Seu perfil no Memória Globo informa que ela iniciou a carreira para ajudar os pais.

"Eu tinha que ajudar de alguma maneira, não sabia muito como, queria continuar os meus estudos. Gostava de brincar de teatro, essas coisas que todo mundo faz. Então eu digo: 'Quem sabe não é por aí, né?'", comentou em entrevista. "Fui fazendo pequenas pontas, pequenos papéis, isso em meados da década de 1950, até que consegui um contrato com a Rádio Tupi."

Yoná começou fazendo telenovelas no rádio e depois esteve em novelas e no Grande Teatro da TV Tupi. Em seguida, viajou pelo Brasil estrelando peças de teatro. Durante a excursão, conheceu e se casou com o produtor Luis Augusto Mendes, com quem passou a morar na Bahia.

Em Salvador, participou do grupo de teatro A Barca e, na mesma época, rodou "Deus e o diabo na terra do sol" com Glauber Rocha. Sobre este trabalho, afirmou: "Eu não estava engajada em nada, eu não consegui perceber a grandeza daquela obra, não consegui perceber o significado. Também ninguém esperava que fosse o que foi".

Novelas
No mesmo ano em que o filme foi lançado, Yoná Magalhães retornou ao Rio e montrou sua própria companhia de teatro. Em 1965, chegou à TV Globo. Além de "Eu compro esta mulher", dentre suas primeiras novelas estiveram "O Sheik de Agadir" (1966), "A sombra de Rebecca" (1967), "O homem proibido" (1968), "A gata de vison" (1968/1969), ao lado de Tarcísio Meira, e "A ponte dos suspiros" (1969).

Em 1971, Yoná se transferiu, junto de Carlos Alberto, para a TV Tupi, de São Paulo. Na nova emissora, trabalhou em novelas como "Simplesmente Maria" e "Uma rosa com amor", vivendo um triângulo amoroso com Marília Pêra e Paulo Goulart. Já em "O semideus" (1973), contracenou com Tarcísio Meira, Glória Menezes e Francisco Cuoco.
Na Bandeirantes, fez as novelas "Cavalo amarelo" (1980), de Ivani Ribeiro, "Os imigrantes"  (1981), coescrita por Benedito Ruy Barbosa, e "Maçã do amor" (1983).
Nos anos 1980, alguns de seus outros sucessos foram "Roque Santeiro", de Dias Gomes e Aguinaldo Silva, "O outro" (1987), e "Tieta" (1989), em que fez a marcante Tonha, madrasta da protagonista (Betty Faria). Em "Meu bem, meu mal" (1990), Yoná interpretou Valentina, mulher que se envolve um rapaz bem mais novo vivido por Thales Pan Chacon.

Já nos anos 1990, vieram "Despedida de solteiro" (1992), "Anjo de mim" (1996), "Era uma vez…" (1998) e "Vila Madalena" (1998). Em "A próxima vítima" (1995), fez mais uma vez o papel da mulher mais velha, Carmela Ferreto, que tem um caso com um rapaz mais novo, papel de Lugui Palhares.
Mais recentemente, um dos trabalhos de maior sucesso de Yoná foi em "Senhora do destino" (2004). Na trama de Aguinaldo Silva, a atriz viveu Flaviana, sogra do bicheiro Giovanni Improtta (José Wilker). Em "Paraíso tropical" (2007), de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, ela foi a ex-vedete Virgínia, mulher de Belisário Cavalcanti (Hugo Carvana).

As últimas novelas de Yoná Magalhães foram "Negócio da China" (2008), de Miguel Falabella, "Cama de gato" (2009), de Thelma Guedes e Duca Rachid, e "Sangue bom" (2013).

G1

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