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Caso de transmissão do zika pelo sexo gera novas perguntas. Veja aqui!

As recentes descobertas sobre a presença do zika vírus em estado ativo em saliva e urina, deixa ainda grandes dúvidas

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09/02/2016 às 10h55

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O caso registrado no Texas de contágio por via sexual do vírus zika, que acreditava-se que era transmitido essencialmente através de mosquitos, levanta novas dúvidas sobre a propagação da doença e as medidas preventivas.

AFP: Se a transmissão por via sexual ficar confirmada, pode contribuir para a propagação da zika?

Resposta: A comunidade científica acredita por unanimidade que o impacto seria marginal, sendo, de qualquer forma, o mosquito o principal vetor.

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"Embora este anúncio sugira que o vírus pode ser transmitido por via sexual, não muda nada quanto ao fato de que o zika se propaga nas Américas essencialmente através das picadas de mosquitos", comenta Jonathan Ball, professor de virologia molecular da Universidade britânica de Nottingham. Ele considera que a transmissão entre humanos é um fato incomum.

"O modo de transmissão do zika ocorre principalmente – para não dizer quase exclusivamente – através de um mosquito. Em nossa opinião, (o contágio sexual) não é um fator de transmissão importante em termos de saúde pública", confirma Jean-François Delfraissy, diretor do instituto de imunologia, inflamação, infectologia e microbiologia do instituto francês Inserm.

"Este modo de transmissão parece ser suficientemente raro (comparado à transmissão através do mosquito) para ter um impacto na propagação da epidemia", adverte Matthew Baylis, professor da universidade britânica de Liverpool.

AFP: Existem antecedentes de transmissão por via sexual?

R: "Em 2008, um cientista americano que estava viajando pelo Senegal se infectou com o zika. Ao voltar para casa, ao que parece contagiou sua esposa através de uma relação sexual", explica o doutor Ed Wright, da universidade britânica de Westminster.

Um segundo caso foi detectado em 2015 "com uma evidência de zika no sêmen de um paciente da Polinésia, onde a epidemia ocorreu no fim de 2013/início de 2014", acrescentou Delfraissy.

AFP: Quais medidas são necessárias?

R: "Com exceção das grávidas, o zika não é grave. O fato de existir uma contaminação do zika por via sexual ou através de um mosquito não muda nada", observa Delfraissy. "O centro de nossa ação é a grávida. É preciso protegê-la a qualquer custo através de todas as medidas de precaução e prevenção possíveis", disse. Suspeita-se que o zika provoce microcefalias nos fetos e malformações graves.

Assim como seus colegas, Delfraissy destaca que deve ser recomendada a utilização de preservativos nas relações sexuais de mulheres grávidas nos países afetados pelo vírus.

"É preciso garantir que todos os homens dos países afetados (pela epidemia) e os viajantes do sexo masculino que voltam destes países utilizem preservativos, especialmente se apresentarem sintomas suscetíveis de ser associados ao zika vírus, como febre, erupções cutâneas ou conjuntivite", afirma Nathalie MacDermott, do Imperial College de Londres.

AFP: Quais dúvidas surgem entre a comunidade científica?

R: "Na medida em que são estabelecidos outros casos de transmissão por via sexual há alguns anos, este novo caso ressalta a necessidade de realizar mais pesquisas sobre o zika, sua presença no sêmen e a duração da mesma após a infecção", comenta MacDermott.

"Se considerarmos que temos mais de um milhão de casos potenciais de zika causados por uma transmissão através dos mosquitos, contra uns poucos casos de transmissão sexual, os riscos adicionais parecem pequenos. Mas é precisamente a esta pergunta que os pesquisadores devem tentar responder", acrescenta Wright.

"Qual é o risco de transmissão por via sexual? Já que a maioria destas infecções são assintomáticas, existe transmissão a partir de pessoas que não apresentam sintomas? Todas estas perguntas colocam em evidência nossa ignorância acerca do vírus e a necessidade urgente de uma resposta e uma investigação coordenadas", estima Peter Horby, do centro de medicina tropical da Universidade de Oxford.

Fonte: Revista Exame

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