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Lula e Dilma controlavam arrecadação de propinas, diz delator

Delcidio do Amaral confirmou que Dilma e Lula também também tentaram frear a Operação Lava-Jato

Por Campelo Sousa

16/09/2016 às 08h39

Delcídio complica Lula e Dilma (Foto: VEJA.com/VEJA/VEJA)

Delcídio do Amaral conhece como poucos as raízes do petrolão. Ex-líder do governo petista no Senado, ele acompanhou de perto as indicações políticas para as diretorias da Petrobras, tinha um bom trânsito no Palácio do Planalto e mantinha uma relação íntima de amizade com os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Com base em sua experiência política, no último dia 31 de agosto, Delcidio prestou um novo depoimento à força-tarefa da Operação Lava-Jato para explicar o papel de Lula no maior escândalo de corrupção da história do país.

O ex-senador contou aos procuradores que a arrecadação de propinas na estatal ganhou maior intensidade a partir de 2005 – e foi administrada pela alta cúpula do PT. “Nesse início de governo um grupo muito pequeno tinha controle ou ação sobre o processo de arrecadação. No caso do PT era principalmente o tesoureiro, o Delubio Soares, o presidente do PT, José Genoino, o próprio presidente Lula e a Ministra de Minas e Energia Dilma”, disse Delcidio.

De acordo com o ex-parlamentar, após o mensalão, Lula decidiu consolidar uma base de aliados para o seu governo. Com isso, entregou duas diretorias da Petrobras nas mãos do PMDB e do PP. O primeiro partido recebeu a área internacional da estatal, enquanto o segundo ficou com a de abastecimento. “Na formação do governo Lula o loteamento de cargos servia para alinhar a máquina política e arrecadar propinas”, afirmou Delcidio. “O projeto era de consolidação do poder, ampliação e retorno, com base na arrecadação de propina”, disse o ex-senador.

Questionado sobre a participação de Lula no esquema do petrolão, Delcidio afirmou que “sem dúvida nenhuma ele (o ex-presidente) possuía conhecimento do esquema ilícito”. “A Petrobras no governo do presidente Lula tinha atenção especial, com envolvimento direto do presidente Lula”, disse o ex-parlamentar. Sobre o envolvimento da ex-presidente Dilma, Delcidio afirmou que “não sabe dizer se Dilma sabia da total amplitude do que estava por trás das indicações para os diretores e presidentes da Petrobras, mas presume que sim”.

O ex-senador ainda relatou que no final de 2014, após as prisões dos empreiteiros na Lava-Jato, Lula e Dilma discordaram sobre os rumos das investigações do petrolão. De um lado, o ex-presidente achava que deveria ser criado um comitê de crise no Planalto e no Congresso. Do outro, a sua sucessora pensava que o escândalo não chegaria à soleira da sua porta. “Quando Dilma resolve tomar uma atitude já não havia mais tempo”, contou Delcidio.

A atitude tomada por Dilma, segundo o ex-senador, foi nomear Marcelo Navarro como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar tirar os empresários da prisão em Curitiba. Já Lula se reuniu em seu instituto, em São Paulo, com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Edison Lobão (PMDB-MA) e Delcidio para discutir formas de frear a Lava-Jato. Por causa dessas ações, denunciadas na delação de Delcidio, os dois ex-presidentes estão sendo investigados por obstrução da Justiça.

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