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‘Não tenho como não pensar que não mandaram matar meu pai’, desabafa filho de Teori

A publicação foi feita logo após a divulgação das delações e apagada em seguida, mas foi copiada por internautas.

Por Priscila Belmont

19/05/2017 às 09h49

Na foto, Francisco Zavascki se emociona em missa de 30 dias em memória do ministro Teori Zavascki Foto: Jorge William / Agência O Globo

Francisco Zavascki, filho do ministro Teori morto em janeiro, publicou um desabafo em seu perfil no Facebook, na noite de quarta-feira, depois que foram divulgadas as delações do dono da JBS Joesley Batista. Em sua postagem, Francisco pediu o impeachment do presidente Michel Temer e escreveu que “não consegue pensar que não mandaram matar seu pai”. A publicação foi feita logo após a divulgação das delações e apagada em seguida, mas foi copiada por internautas.

Francisco escreveu ainda que as investigações da lava-jato chegaram muito próximas aos líderes do PMDB e que seu pai sabia o quanto “cada um estava afundado em um mar de corrupção”. O filho do ministro levantou mais uma vez dúvidas sobre a morte de seu pai ao se perguntar do que os membros do partido seriam capazes.

“Do que eles são capazes? Será que só pagar pelo silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está valendo? O pai sabia de tudo isso. (…) Não é por acaso que o pai estava tão aflito com o ano de 2017”, escreveu.

Segundo as informações reveladas pelo colunista Lauro Jardim do jornal O GLOBO, o presidente Michel Temer foi gravado pelo dono da JBS Joesley Batista, dando aval para o pagamento de propina ao deputado cassado Eduardo Cunha em troca do silêncio dele. Diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley.

Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”.

Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).

Veja a postagem de Francisco Zavascki na íntegra:

“O PMDB está no poder desde sempre e, como todos sabemos, estava com o PT aproveitando tudo de bom que o Governo pode dar… até que veio a Lava-Jato. A ordem sempre foi a de parar a Operação (isto está gravado nas palavras dos seus líderes). Todavia, ao que parece, até para isso o PT era incompetente e, ao que tenho notícia, de fato, o PT nunca tentou nada para barrar a Lava Jato (ao menos o pai sempre me disse que nunca tinham tentado nada com ele), o que sempre gerou fortes críticas de membros do PMDB. O problema é que as investigações começaram a ficar mais e mais perto e os líderes do PMDB viram como única saída, realmente, brecar a Operação a qualquer custo. Para isso, precisava do poder. Derrubaram a Dilma e assumiu o Temer. Do que eles são capazes? Será que só pagar pelo silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está valendo? O pai sabia de tudo isso. Sabia quanto cada um estava afundado nesse mar de corrupção. Não é por acaso que o pai estava tão aflito com o ano de 2017. Aflito ao ponto de considerar que havia consultado informalmente as Forças Armadas e que tinha obtido a resposta de que iriam sustentar o Supremo até o fim!Que gente sínica. Não tem coisa que me embrulha mais o estômago do que lembrar que, no dia do velório do meu pai, diante de tanta dor, ainda tive que cumprimentar os membros daquele que foi apelidado naquele mesmo dia de “cortejo dos delatados”. Impeachment já!Desculpem o desabafo, mas não tenho como não pensar que não mandaram matar o meu pai!”

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