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José Antonio

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Fronteiras da miséria

31/08/2018 às 09h18

Quantas vezes você já ultrapassou a soleira da porta de sua casa para ingressar no mundo de miséria em que vivem os pobres e miseráveis de sua cidade? Nós estamos alimentando todos os dias uma espécie de homens-bichos que se multiplicam nas periferias, escondidos nas brechas das vielas, cultivados na lama, se educando no mais absoluto, cruel e cego analfabetismo, alguns tirando diplomas de marginais, outros se tornando exímios vendedores de drogas e outros habilidosos ladrões.

Na cidade de Cajazeiras já existe uma escola para se aprender a roubar e a ser traficante de drogas, com aulas ao vivo e a cores. Os ladrões que já possuem maioridade estão colocando as nossas crianças e os nossos adolescentes na frente de ações criminosas e usufruem os produtos dos roubos e do tráfico. Se forem pegos em flagrante estes inofensivos meninos já estão devidamente instruídos para se declararem culpados dos crimes e no nosso país quem tem menos de 18 anos não vai para a cadeia e por estes rincões também não existem, felizmente, as FEBEM da vida.

E o mais grave é a atitude desapiedada dos próprios pais para com as suas filhas mulheres, que as “oferecem”, ainda em tenra idade, em holocausto, como as madalenas da vida, para o mundo do sexo, como se fossem formiguinhas que pudessem trazer algum tipo de “ajuda” para o seio da família. É um novo modelo econômico que surge para dar sustento à família, que o IBGE ainda não conseguiu captar nas suas famosas pesquisas.

Teria solução para tão graves problemas sociais? As autoridades e nós próprios precisamos fazer uma autocrítica da nossa incompetência, do nosso comodismo e da nossa cegueira. Nós ainda não conseguimos enxergar que com estas ações sociais empreendidas pelos governos no combate a tantas seqüelas sociais não têm perspectivas de sucesso. A cada dia contribuímos para aumentar o exército das formiguinhas devoradoras e estamos no centro deste formigueiro.

O exemplo mais forte destas mazelas é ampliação das favelas em diversas cidades deste imenso país, cujo problema, além de grandioso, é na minha visão insolúvel.

Solução? Volto a perguntar, existe? Volta a perguntar ainda: quantas vezes você já “perdeu seu tempo” para olhar o tamanho da pobreza da nossa periferia? Solução como? Só com muitos milhões de reais colocados nas mãos de uma “tirania esclarecida”, onde os agentes políticos deste país não pudessem tirar os seus 20% de comissão e que “os picaretas”, como citava Lula, não metessem a mão e com uma imensa vontade política e derrubando as barreiras imensas da burocracia se pudesse realizar uma verdadeira revolução na educação, com empregos, na construção de moradias, com crescimento econômico e com reformas radicais no sistema político e judiciário.

Voltando a década de sessenta, no município de Cajazeiras, a população rural era superior à urbana. A parcela da população urbana passou de 31,2% em 1940 para 67,6% em 1980. Nos dias atuais, dos seus 61 mil habitantes, pouco mais de 12 mil estão residindo na zona rural. Desde o ano de 1960 a população aumentou em quase 20 mil pessoas. A cidade cresceu vertiginosamente.

A rápida transição de município rural para o urbano teve impacto na infra-estrutura de serviços públicos e os mesmos serviços não puderam acompanhar o crescimento da população na cidade, como água, luz, esgotos, moradias e empregos. A população rural que migrou ficou mais pobre e com pontos de estrema miséria.

Todos os dias estamos colaborando na construção de novos marginais, ladrões, prostitutas, assaltantes, traficantes de drogas e assassinos. Basta presenciar o que acontece todos os dias, às dezoito horas, na cadeia pública da cidade, o número de presos albergados que são recolhidas ao presídio, também vem aumentando. Este é mais um triste retrato de nossa pobre cidade.

Quando passaremos a ter fronteiras de prosperidade no lugar das fronteiras de miséria que formam um cinturão sem fivela e sem buracos na nossa urbe?

Enquanto isto esta leva de pobres vê estarrecida a bandalheira que se instalou e tomou de conta do país, mas continua calada, mas até quando? Possivelmente estejamos construindo uma enorme bomba que vai um dia explodir em nossas mãos.

Em que direção deverá crescer nossa cidade?

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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