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Maria do Carmo

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Língua Portuguesa Brasileira – História e Pluralidades

03/11/2017 às 16h23

A Lei 11.310 de 12 de Junho de 2016, tornou oficial 5 de Novembro o “Dia Nacional da Língua Portuguesa”. Em homenagem  ao aniversário de nascimento de um grande ilustre brasileiro: Rui Barbosa nascido em 5 de Novembro de 1849. Para reflexão, uma das célebres frases criadas por Rui Barbosa: “Maior que a tristeza de não haver vencido  é a vergonha de não ter lutado”. E assim, começando pelo último fato histórico do idioma no Brasil se delineia a história e as diversidades dos falantes deste país.

A Língua Portuguesa Brasileira tem raízes no Português lusitano falado pelo colonizador  europeu que mesmo com a presença da civilização indígena que possuía a sua língua possibilitadora do processo de comunicação entre os mesmos; o homem branco na condição de detentor do poder, visto que as nações exploradoras se viam assim: impôs o seu idioma enterrando  o maior tesouro cultural dos primeiros habitantes do Brasil. Pelo que conta a história, antes mesmo do idioma português ser oficializado em Portugal já estava sendo imposto  em “Pindorama” primeiro nome atribuído pelos nativos ao Brasil.

Não obstante que, a Língua Portuguesa falada na Península Ibérica, teve origem no Latim Vulgar trazido pelos romanos no século III a.c com influências menores de outros idiomas. O Latim vulgar era falado pelas pessoas mais simples, digamos,  que não tinham um elevado grau de instrução e eram estas pessoas que trabalhavam no setor agrícola , base da colonização. Após a queda do Império Romano no século V d.c e as invasões germânicas (os Bárbaros), o português arcaico  se desenvolveu como um dialeto românico chamado de galego português   diferenciando das outras línguas românicas ibéricas e em 1290 foi decretado a língua oficial do reino de Portugal pelo rei D. Dinis. O português moderno aconteceu em 1516 e a normatização da língua foi iniciada em 1536 a criação das primeiras gramáticas cujos  autores      se destacam: Fernão de Oliveira e João de Barros.

A expansão marítima  contribuiu muito para o homem europeu viajar, explorar e impor a cultura portuguesa onde chegava, aqui no Brasil, os primeiros escritos em língua lusitana são as cartas escritas por Pero Vaz de Caminha as quais narravam ao rei D. Manoel o que era visto no Monte Pascoal, estas cartas são consideradas pela literatura a “Certidão de Nascimento do Brasil”. A expansão da Língua Portuguesa aconteceu também  além do Brasil (América do Sul), no continente europeu (Portugal  berço da respectiva língua), Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe (África), Goa e Timor Leste (Ásia).  Em 1990, através da CPLP (Comunidade dos países de Língua Portuguesa) firmou um Tratado Internacional com o objetivo de criar uma ortografia unificada. Em 31 de Dezembro de 2012 marca o término   do período do novo acordo Ortográfico e a oficialização do mesmo nos países que falam a Língua Portuguesa.

O dinamismo a língua falada no Brasil é  a soma de vocábulos do idioma português do colonizador, outro grupo de palavras de origem do Tupi-guarani língua dos primeiros habitantes do Brasil. Há uma grande presença do vocabulário africano com a vinda dos escravos, caracterizando assim as raízes do idioma no Brasil e também através dos compostos eruditos ou hibridismo  classificados em: a) helenismos: radicais gregos e prefixos gregos (demagogo,anfíbio); b)latinismos: radicais e prefixos latinos(ovíparo, advogado).

A evolução da língua acontece através dos neologismos (internauta, deletar, blogueiro) e ainda palavra-valise (Showmício, Flaflu),  além dos estrangeirismos ou (empréstimos linguísticos) de palavras do idioma francês como também, as  contribuições do inglês norte-americano (personal trainer, making-of) e o aportuguesamento de palavras estrangeiras que se incorporam ao idioma como (xampu,futebol, abajur,boate); os neologismos semânticos (tira – policial, figura –gravura ou pessoa) constituindo  uma numa língua brasileira  com um conjunto de  vocábulo  de um riquíssimo léxico   e um vasto campo de significação.

É importante salientar que no Brasil todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da mesma devido aos diversos fatores: a) Os regionalismos: se caracterizam pela diferença de falares de uma região para outra isto pode ocorrer na pronúncia ou no significado das palavras; b) fatores culturais: o grau de escolarização  de uma pessoa define a forma de falar diferente daquela que não teve acesso à escola; c) fator contextual diz respeito ao modo de falar de acordo com a situação: muitos termos utilizado na conversa não podem fazer parte de um discurso de solenidade de formatura; d)fator natural: a linguagem infantil apresenta formas diferentes da linguagem adulta.

As variedades linguísticas  no Brasil também se dá em decorrência dos dois níveis de fala existente no país. Conforme a Linguística (Ciência que estuda a linguagem), uma das dimensões existe no português que se aproxima da norma-padrão aquela caracterizada  como uma espécie de lei que normatiza o uso da língua falada ou escrita é  uma variedade de prestígio social conhecida como norma culta falada por pessoas escolarizadas, nesta modalidade estão incluídas as chamadas línguas técnicas restritas ao vocabulário das profissões:(engenharia, químicos, biólogos, linguista e outras). A outra dimensão são as formas faladas por pessoas de pouca instrução com situação escolar menos prestigiada que frequentemente são vítimas do preconceito linguístico este variedade linguística é denominada variedade popular ou coloquial.

Na língua popular estão presentes “as gírias” palavras ou expressões que servem para marcar a identidade de um determinado grupo social, às vezes ultrapassam fronteiras desse grupo e passam a ser usadas por boa parte da população. Quando ligada a uma profissão a gíria é chamada de “jargão”: “aplicar o drible da vaca”, “dar um chocolate”   são exemplos de jargão futebolístico muito usado pelos torcedores. Ou também as gírias podem desaparecer rapidamente  se atualmente se diz “é dez” para elogiar; “prafrentex” (em desuso) era usado para algo avançado.

Para alguns estudiosos da língua, “a gíria” não é a linguagem popular, mas um estilo que integra a linguagem popular, uma vez que nem todas as pessoas que se exprimem através da linguagem popular usam gíria. Uma pessoa  pertencente a um grupo social da periferia de uma cidade  pode utiliza termos da própria língua portuguesa com significações criadas e entendida perfeitamente pelo próprio grupo o qual está inserido. É o resultado da capacidade  e criatividade de um povo atribuindo às palavras ou expressões giriáticas o rico universo semântico (significação) construído pelo povo que se comunica  entre si mesmo vivendo à margem das classes dominantes e muitas vezes discriminados  pelas mesmas por se expressarem de maneira diferente da linguagem culta.  São falantes de um mesmo país chamado Brasil.

Mediante os conceitos linguísticos todas as variedades são legítimas e funcionam permitindo não só às pessoas interagirem como também  produzindo cultura e arte. Muito embora os  diferentes sotaques  sejam motivos para o preconceito linguístico entre aqueles que utilizam a norma culta sobrepondo àqueles que desconhecem a mesma dentro do próprio país. Por outro lado, o preconceito linguístico  também acontece partindo dos falantes   de Portugal em relação ao Brasil quando fortalece a ideia de que  “o brasileiro não sabe português e só em Portugal se fala bem português”(Marcos Bagno).“O brasileiro sabe o seu português, o português do Brasil enquanto os portugueses de Portugal sabem o português deles. Nenhum dos dois é mais certo ou mais errado, mais feio ou mais bonito; são apenas diferente um do outro” (Marcos Bagno).

Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras – Novembro de 2017

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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