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Filha de sertanejos do Vale do Piancó dá um show no Rio de Janeiro cantando enredo de escola de Samba

Lucy é filha de Zé Badu e Maria José, casal de músicos e empresários itaporanguenses. Ela é bisneta do sanfoneiro Dedé do Cantinho (já falecido)

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03/01/2015 às 12h18

‘É o amor. A receita da alegria. Sentimento e magia. A razão do meu cantar. É o amoooor…” A quem imaginava, cheio de preconceito, que dupla sertaneja jamais daria samba, a resposta veio em forma de prêmio. A Imperatriz Leopoldinense, que contará a saga de Zezé di Camargo e Luciano, tem, de acordo com o júri do DIA, o melhor samba de enredo do Carnaval 2016, tendo como ponto alto a participação da paraibana Lucy Alves e seu acordeom de ouro na abertura, seguido de perto pelo Salgueiro, que cantará a ‘Ópera dos Malandros’ na Sapucaí.

Lucy é filha de Zé Badu e Maria José, casal de músicos e empresários itaporanguenses. Ela, que nasceu e mora João Pessoa, é bisneta do sanfoneiro Dedé do Cantinho (já falecido), de quem herdou o talento para a música.

?Baluarte da escola de Ramos, Zé Katimba, autor do samba ao lado de Adriano Ganso, Jorge do Finge, Moisés Santiago e Aldir Senna, se emocionou com o resultado. “Fazer samba e conquistar o público aos 83 anos é uma coisa que não tem preço. Ainda mais uma obra como esta, que conta a história de vida destes dois meninos que sofreram com tanto preconceito ao longo da vida”, disse Zé Katimba.

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Compositores: Zé Katimba, Adriano Ganso, Jorge Do Finge, Moisés Santiago E Aldir Senna

Intérpretes: Marquinho Art’samba / Participação Especial: Lucy Alves E Zezé Di Camargo E Luciano

Chora Cavaco, Ponteia Viola
Pega A Sanfona, Meu Irmão, Chegou A Hora
Sou Brasileiro, Caipira Pirapora
Sagrada Lida, Vida Sertaneja
Guardo As Lembranças Lá Do Meu Torrão
O Galo Canta Anuncia Novo Dia
Abre A Porteira Do Meu Coração
Minhas Andanças Marejadas De Saudade
Semeiam Sonhos… Felicidade
Ouvir A Orquestra Espantar, Vibrar Numa Só Voz
Dançar No Vento… Os Girassóis
No Amanhã Hei De Colher, O Que Hoje For Plantar
Visão Que O Tempo Não Desfaz
Dourada Serra Que Reluz No Meu Goiás
Minha Terra…
Sou Som Do Serrado Brejeiro
Onde A Lua Inocente Vagueia
Berrante, Peão, Vaquejada
Tocando A Boiada
A Estrela Que Clareia
Sou Matuta, Ribeira, Caipira
Não Desgoste De Mim Quem Não Viu… Ô
Paixão Derramada Na Rima
O Encanto Da Menina
Um Pedaço Feliz Do Brasil
Festa… Tem Cavalhada E Romaria
Risos… Os Mascarados Vêm Brincar
Na Fé Que Une E Faz O Povo Acreditar
Que Um Grande Sonho Pode Se Alcançar
A Esperança Do Pai… Brilhou
Nos Filhos Que O Brasil… Consagrou
Talento E Arte, Vitória E Superação
Que Um Anjo Caipira Abençoou
Se Toda História Tem Início, Meio E Fim
A Nossa Começou Assim
É O Amor…
A Receita Da Alegria
Sentimento E Magia
A Razão Do Meu Cantar
É O Amor…
Minha Escola Na Avenida
A Paixão Da Minha Vida
Verde É Minha Raiz
Imperatriz

No Carnaval 2016, a Marquês de Sapucaí será invadida pela música sertaneja. Em concorrida coletiva de imprensa em um hotel da Barra da Tijuca, a Imperatriz Leopoldinense apresentou seu tema em homenagem à dupla Zezé Di Camargo e Luciano. Com o enredo “É o amor… que mexe com minha cabeça e me deixa assim… Do sonho de um caipira nascem os filhos do Brasil”, desenvolvido pelo carnavalesco Cahê Rodrigues, a verde e branca, oito vezes campeã do Carnaval, promete investir em um desfile voltado para a emoção.

Empolgados, os homenageados demonstram que já estão totalmente envolvidos no clima carnavalesco. E não descartam nem a participação no CD de sambas-enredo do carnaval carioca.  “Os sambas-enredos não tocam mais nas rádios como antigamente. Se for possível, queremos gravar o samba da Imperatriz para que todo o Brasil saiba cantar”, afirmou Zezé.

A intenção do carnavalesco é trazer, em alegorias e fantasias, uma mensagem de amor. “No enredo do último Carnaval, afirmamos que nada é maior que o amor. Esse enredo seguirá na mesma linha. Ainda não tenho o roteiro montado, mas quero fazer um desfile baseado na emoção, que toque o coração de todos os brasileiros como o filme ‘Dois Filhos de Francisco’  conseguiu”, explica Cahê.

Emoção que certamente já contagiou a dupla. “Eu já estou arrepiado desde já, imagina na hora do desfile e da apuração. Para mim é uma honra imensa estar presente na Meca do Samba, no maior espetáculo da Terra, recebendo uma homenagem que poucas pessoas receberam em vida. Me lembro de ter visto os desfiles pela TV, quando jovem em Goiânia,e nunca imaginava que poderia estar no meio desse show. É inacreditável receber uma homenagem dessas no Rio de Janeiro e saber que vou atravessar aquela avenida tendo a nossa história sendo contada”, diz Zezé.

Os sambas-enredos não tocam mais nas rádios como antigamente. Se for possível, queremos gravar o samba da Imperatriz para que todo o Brasil saiba cantarZezé Di Camargo, após ser escolhido como enredo da Imperatriz Leopoldinense

Luciano lembrou do pai, Francisco, que está internado, mas que já manifestou desejo de participar do desfile. “Quando liguei para ele para contar, ele me disse: ‘Filho, estarei vivo para desfilar com vocês”‘. Bem humorado, brincou com o fato de ser noveleiro e se sentir dentro de um folhetim: “Vou desfilar de Comendador [em referência ao personagem José Alfredo, vivido por Alexandre Nero na novela ‘Império’]. Já tenho até a mesma rainha de bateria, a Cris Vianna”.

Conhecida pelo estilo rebuscado e histórico de enredos, sedimentado durante a presença da carnavalesca Rosa Magalhães, a escola do bairro de Ramos aposta, mais uma vez, em um tema estranho ao meio carnavalesco. Em 2014, a agremiação fez um enredo em homenagem ao ex-jogador Zico. O carnavalesco Cahê Rodrigues não se mostra preocupado. “É sempre um desafio para um carnavalesco criar um enredo. Quando divulgamos o Zico em 2014, foi um barulho danado porque todos acharam que iríamos levar a escola toda fantasiada de Flamengo e não foi nada disso. O desafio é sempre sair do lugar comum. Além da história da família Camargo, temos todo um universo lindo para mostrar, que é o sertanejo”.

Cahê não teme ser discriminado por escolher uma dupla sertaneja como enredo. “Não vejo isso sob a ótica do preconceito, é questão de gosto musical. O Rio é diferente de São Paulo, tem uma raiz de samba muito forte. Mesmo assim, na minha família, tem pessoas que adoram sertanejo. No domingo, em uma feijoada na quadra, o grupo de pagode cantou ‘É o amor’ e todos gostaram. Acho que é a hora de quebrar essa barreira.” Zezé Di Camargo fez coro: “São dois gêneros genuinamente brasileiros. É o que temos de mais verdadeiro na nossa cultura”.

A dupla promete dedicação total ao projeto da Imperatriz Leopoldinense. Além de participar da gravação do CD, já acena com a possibilidade de incluir integrantes da escola em seus shows e promete ser presença constante na quadra da escola. “Ramos é onde tem o piscinão? Tô lá!”, brincou Zezé.

DIÁRIO DO SERTÃO com Polêmica Paraíba

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