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Ejaculação feminina: tudo o que você precisa saber sobre o tema

Será que mulheres podem ejacular? Ejaculação é o mesmo que lubrificação? Ginecologistas tiram todas as dúvidas sobre o assunto

Por Priscila Belmont

16/07/2017 às 11h54

Algumas mulheres conseguem ejacular estimulando a região das glândulas de Skene, próxima ao clitóris

O que você sabe sobre ejaculação feminina? Provavelmente você já ouviu falar que algumas mulheres conseguem e outras não, que o líquido se parece com urina ou até mesmo que ela não existe, mas esqueça tudo isso! O assunto é um daqueles poucos falados e que apresentam uma série de mitos e tabus envolvidos.

Em uma conversa com o Delas a ginecologista Kelly Alessandra desmentiu mitos e tirou várias dúvidas sobre o tema. “A ejaculação feminina realmente existe”, declara. E ao contrário do que se fala, todas as mulheres conseguem ejacular.

Mas, calma, não é tão simples assim! Para isso, é preciso conhecer muito bem seu corpo e saber exatamente quais áreas estimular. E pode ser que nem assim você consiga. Não existe fórmula ou receita pronta para conseguir ejacular.

Descomplicando

Apesar de se afirmar que todas as mulheres conseguem ejacular, o tema ainda é algo bastante controverso. Bárbara Murayama, ginecologista e coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, também em entrevista ao Delas, explica que, apesar da infinidade de estudos acerca do tema, não há um consenso na literatura médica sobre a ejaculação feminina e se esse é mesmo o termo correto para o fenômeno.

De acordo com Bárbara, a incerteza sobre a ejaculação feminina está na comparação com o fenômeno masculino. A ginecologista explica que nos homens, a ejaculação está relacionada com a resolução com ato sexual e a liberação do esperma. Ou seja, acontece, então, com o orgasmo – o ápice do prazer sexual. No entanto, não é bem assim com o corpo feminino.

“Na mulher, a ejaculação nada mais é do que a saída de secreção de algumas glândulas da região da vulva”, diz a ginecologista. Essas glândulas, que estão localizadas na vulva e próximas ao canal da uretra, acumulam secreções que podem ou não ser liberadas com a contração do corpo durante o ato sexual.

Muitas mulheres acreditam que a ejaculação é consequência de um orgasmo mais intenso e se frustram por acharem que não conseguem atingir o ápice de prazer. No entanto, não é preciso se preocupar. “Não há nenhuma relação direta entre a intensidade do prazer e a presença de ejaculação”, compara Kelly Alessandra.

Ou seja, mesmo que essa secreção seja liberada com a contração que o corpo faz durante a relação sexual, a ejaculação feminina não está ligada ao orgasmo e ao prazer que a mulher sente durante o sexo. Você pode ter o melhor orgasmo de sua vida e não ejacular ou, então, ejacular, mas não sentir tanto prazer quanto você já sentiu em outras relações.

Bárbara explica que a confusão com o prazer e a ocorrência do fenômeno acontece porque as glândulas de Skene estão localizadas logo acima da uretra e abaixo do clitóris. Por conta disso, quando você toca essa área, que é extremamente sensível, consequentemente você está estimulando a região do clitóris – área com diversas terminações nervosas. Por isso, pode sentir o prazer aumentar.

“É importante dizer que estimular a região (das glândulas de Skene) não vai aumentar o prazer – ter a liberação ou não de secreção não aumenta o prazer. O que vai mudar é o fato do clitóris estar ali”, explica Bárbara.

Além disso, também é comum confundir a lubrificação natural da vagina com o líquido da ejaculação. “A lubrificação vaginal é uma resposta a estímulos sexuais que prepara a mulher para o ato sexual , ocorre antes do orgasmo e é produzida pelas glândulas de Bartholin”, explica Kelly. Ela ainda comenta que a ejaculação, por sua vez, acontece somente durante o clímax sexual e é liberada pelo canal da uretra.

Bárbara também explica que, além das glândulas de Bartholin, que ficam acima da uretra, existem outras regiões do corpo que produzem secreções que contribuem para a lubrificação. “Também temos a secreção produzida pelo colo do útero e a própria mucosa vaginal. É um conjunto de glândulas que produzem secreções para lubrificar as mulheres quando estão excitadas”, diz.

Quando a ejaculação acontece

A ejaculação acontece quando as glândulas de Skene, também conhecidas como parauretrais e que ficam na parte lateral da uretra, são estimuladas, liberando um líquido. “O líquido expelido é transparente, fluído e não apresenta cheiro”, descreve Kelly. Muitas mulheres ejaculam, mas confundem isso com urina pela textura. Mas não é nada disso. Também não é preciso sentir nenhum tipo de vergonha ou receio se sentir esse líquido na hora do sexo.

Para algumas mulheres o líquido expelido é como um jato de água que molha toda a cama. Para outras, a experiência é intensa, mas não chega a esse ponto. É importante sempre lembrar: ejacular ou não é algo muito particular da experiência de cada mulher.

A intensidade pode variar de mulher para mulher e nem sempre acontecer em todo o orgasmo. Para facilitar que a ejaculação feminina, é possível estimular alguns pontos do corpo. “Pode-se estimular a região da uretra que fica próxima às glândulas parauretrais”, orienta a ginecologista.

Como as glândulas estão próximas ao clitóris, estimular a região pode ser algo muito prazeroso. Para isso, você pode massagear a área com a ponta dos dedos fazendo formato de círculo e explorando toda a região. Brinquedinhos sexuais também são bem vindos, mas sempre com muito cuidado para não se machucar!

Mas afinal, é ejaculação ou urina?

Existe uma série de estudos para identificar se o líquido expelido pelas mulheres é urina ou a secreção chamada de ejaculação. Porém, mesmo com tantos testes e pesquisas, é muito difícil se definir. Principalmente quando a urina é clarinha, quase incolor, e não apresenta cheiro forte – assim como a ejaculação.

De acordo com Bárbara, dificilmente as mulheres perdem urina durante a contração do corpo na relação sexual. No entanto, quando o orgasmo é atingido e o corpo relaxa pode haver perda urina, por isso há a confusão entre as substâncias.

“Algumas mulheres que conhecem muito bem o próprio corpo conseguem saber diferenciar, mas não é algo que simplesmente pela característica do líquido nós vamos conseguir definir”, diz a ginecologista.

Não consigo ejacular, e agora?

Não se preocupe! Como explicamos anteriormente, a ejaculação não é um fator determinante para o prazer. Não conseguir ejacular não significa que a relação foi ruim ou que você não estimulou seu corpo da forma correta. Expelir ou não essa secreção é apenas um detalhe.

Pode ter certeza, passar todo aquele momento se esforçando muito para ejacular e corresponder uma expectativa só vai fazer com que você não aproveite a relação ou a masturbação. Afinal, preocupação não combinada nem um pouco com prazer. “A ejaculação é uma das coisas menos importantes no ato sexual”, diz Bárbara.

Não deixe que a ejaculação feminina se torne mais uma preocupação para a relação sexual. A ginecologista aconselha encarar o fato como um inventivo para conhecer mais o próprio corpo e explorar novas áreas em busca de mais prazer.

Autoconhecimento

Tocar o próprio corpo é extremamente importante para se conhecer e descobrir quais são as suas preferências e limites na hora do sexo. Muitas mulheres conseguem atingir o orgasmo e ejacular justamente porque conhecem os detalhes do corpo e sabem exatamente onde deve ser estimulado.

Bárbara aconselha as mulheres a se tocarem – sejam sozinhas ou na companhia de um parceiro/parceira – e explorarem a região do clitóris para descobrir o que pode acontecer. “É importante não se decepcionar se houver ou não orgasmo, e se houver ou não a ejaculação feminina”, diz.

Delas – iG

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