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Magrão sofre com Palmeiras e diz que quase já agrediu torcedor na rua ao ouvir ¨Série B¨

Magrão foi um dos líderes do Palmeiras no acesso da Série B

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16/10/2012 às 09h32

Magrão chegou ao Palmeiras em 2000, com 21 anos, e se tornou um dos xodós da torcida pelo estilo raçudo com que atuava em campo e pelo espírito de liderança demonstrado já tão jovem. Passou cinco anos no clube do Parque Antarctica, com uma única interrupção: jogou o Brasileiro de 2002 pelo São Caetano, emprestado, ao ser dispensado pelo então técnico palmeirense Vanderlei Luxemburgo.

Viu, de longe, o clube que detinha seus direitos federativos ser rebaixado para a Série B. Mas isso, segundo ele, era o motivo para voltar ao clube alviverde. Fez discursos inflamados na época ao dizer que aquela era a hora de se mostrar palmeirense e voltar para “roer o osso”.  Ganhou a Série B em 2003 e ficou até 2005. Passou a ser o principal ídolo do time, ao lado do goleiro Marcos.

Mas Magrão perdeu crédito com muitos dos palmeirenses ao jogar no arquirrival Corinthians, em 2006. Agora, há quatro anos no futebol árabe, onde defende atualmente o Dubai Club, o meio-campista, hoje com 33 anos, diz que está sofrendo com a má fase do time alviverde no Brasileiro. Conta que acompanha de longe o drama do time contra o rebaixamento e se explica sobre sua passagem pelo arquirrival. Diz que só jogou lá porque o Palmeiras não o quis quando se ofereceu. E que ainda quer voltar a jogar no clube verde.

“Minha passagem pelo Corinthians acabou dando uma balançada na relação que eu tinha com o torcedor do Palmeiras. Se eu falar que eu nunca sonho a voltar jogar no Palmeiras e reconquistar o que eu tinha, estaria mentindo. Eu tenho essa intenção, só não sei se terei tempo de fazer isso. Muita coisa que eu fiz e falei no Corinthians era porque estava revoltado porque queria ter voltado pro Palmeiras. Por algumas pessoas de lá de dentro fui barrado de voltar, uns falaram que foi o Tite que não quis, mas depois, quando joguei com ele no Inter, conversamos e ele disse que nunca cogitaram minha volta”, falou.

  • Magrão após dente quebrado em jogo contra o São Caetano, em 2004, ao levar cotovelada de Zé Carlos

“A diretoria me passou na época que o Tite não tinha interesse. Eu procurei pessoalmente o Palmeiras pra tentar voltar. Muitas coisas que eu falei,  me arrependo. Falei algumas coisas que podem ter magoado o torcedor. Minha família era realmente corintiana, por isso joguei lá. Mas tomei cotovelada e joguei com dente quebrado pelo Palmeiras. Joguei segunda divisão. Tudo que tenho e que conquistei é o Palmeiras que me proporcionou. Tenho essa gratidão e seria um sonho se tivesse uma oportunidade de voltar; só não sei se vou ter tempo pra isso”, continuou.

Magrão, que também realça sua identificação com o Internacional, não joga a toalha e diz acreditar em uma reação palmeirense. Reforça sua intenção de um dia voltar ao clube caso haja oportunidade. E diz que jogar uma Série B novamente nem seria problema.

“O dia que precisar, se falar que tem uma oportunidade, não tem como falar não. Por tudo que representa o Palmeiras, não depende se for  pra jogar Libertadores ou Série B. Tenho uma ligação e história que não tem como apagar. Fiquei triste quando vi o Marcos parando. Subimos aquele ano da Série B. Mas acho que o Palmeiras pode ainda não cair. Falta muita coisa.”

Magrão foi um dos líderes do Palmeiras no acesso da Série B. No jogo em que o time carimbou a volta à Série A, em uma vitória por 2 a 1 sobre o Sport, em Pernambuco, o volante gesticulava muito na roda feita pelos jogadores após o jogo para comemorar. Lembra que falou que depois daquele dia todo mundo ali seria olhado como jogador de Série A. Foi um desabafo para alguns sapos que todos os atletas tiverem que engolir em 2003.

O jogador conta que seu filho era alvo de piadas na escola e que chegou a quase se desentender com um torcedor rival que o provocou em um restaurante fast-food. “Ninguém queria jogar no Palmeiras. Lembro que meu filho era pequeno e a gente não conseguia sair na rua, que enchiam o saco. Uma vez, em um McDonald´s, falaram ´segunda divisão´ e eu quase fui pra cima do cara. Fui até lá pra querer brigar e discuti. Eu era um cara mais novo aquela época, muita coisa que fazia antes não faço mais hoje. Mas tudo isso criou uma coisa muito forte”, falou.

“Até na escola zuavam meu filho, diziam ´seu pai joga na segunda divisão´ Eu prometi pra ele que isso iria passar. Ali, naquela roda, eu falei pra eles que todo mundo ia estar esperando a gente em São Paulo como pessoas da primeira divisão. A gente acabava se ofendendo. Foi muito difícil”, continuou.

Depois de Corinthians e Palmeiras. Magrão ainda jogou no Internacional por dois anos e venceu dois Campeonatos Gaúchos e uma Copa Sul-Americana. Se identificou com Porto Alegre e até comprou uma casa na cidade. “´É um clube que tenho muito carinho também, e que ganhei títulos.”

Magrão tem contrato com seu clube até o meio do ano que vem. Evita traçar planos de quando voltar ou parar de jogar. Diz estar muito bem adaptado ao país árabe e que a idade em nada atrapalhará sua condição física para poder jogar novamente no Brasil.

“Eu sempre tive a minha parte física como algo forte. Sempre corri muito. Fisicamente não mudou nada. Se você ver os jogos e números do time, eu sou o que mais corre. Fisicamente não atrapalha. Aqui você não tem lesão muscular, não joga toda hora. Faz musculação e vai fortalecimento e inteiro para os jogos.”

UOL

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