Morte de surfista divergem médicos. Parada cardíaca pode ter sido causada por ingestão de droga
Médicos divergem sobre fato de derivados de cocaína ingeridos pelo surfista terem sido a causa secundária da morte
A família do surfista Andy Irons publicou na madrugada desta quinta-feira um comunicado explicando os resultados dos exames toxicológicos feitos no corpo do surfista, encontrado morto no dia 2 de novembro, em um hotel em Dallas. Segundo o laudo, há duas causas para a morte: a principal é parada cardíaca provocada por um bloqueio de uma artéria; a secundária, ingestão aguda de drogas. O médico do laboratório responsável pela autópsia, Nizam Peerwani, porém, e o médico contratado pela família para rever os resultados, Vincent Di Maio, divergem quanto ao fato de o uso de drogas ter sido a causa da morte do tricampeão mundial. Segundo Di Maio, os níveis de substâncias, entre elas metanfetamina, não teriam influência.
– Este é um caso muito simples. Irons morreu de um ataque cardíaco devido a um forte foco coronário ou seja, arteriosclerose grave, "o endurecimento das artérias". A artéria dele tinha estreitamento de 70% a 80%. Este estreitamento é muito grave. Uma placa dessa gravidade, localizada na artéria coronária descendente anterior, é comumente associada a morte súbita – disse Di Maio.
O médico explica que a idade do surfista – 32 anos – é o incomum do caso, já que as mortes relacionadas a arteriosclerose costumam acontecer somente depois dos 40 anos. A família disse que Andy tinha uma tia de 77 anos e um avô de 55 que morreram de problemas cardíacos. A esposa de Andy, Lyndie, disse que, no ano passado, ele se queixou de dores no peito e, analisado na Austrália, ouviu do médico que tinha um coração equivalente ao de uma pessoa de 50 anos de idade.
– Em cerca de 25% da população, o primeiro sintoma de arteriosclerose é a morte súbita. Não há outros fatores que contribuem para a morte – explicou Di Maio.
Os exames comprovaram que Andy usou drogas na véspera da morte. Ele estava em Porto Rico para a disputa de uma etapa do Circuito Mundial, mas, com febre, desistiu, pela primeira na carreira, de uma competição. Lá mesmo, recebeu uma hidratação intravenosa e foi aconselhado a procurar tratamento especializado. Apesar da recomendação, deixou o hospital dizendo: "Só quero ir para casa".
O surfista deixou Porto Rico e foi a uma festa em Miami, durante uma escala antes de pegar um voo de volta a Dallas, de onde seguiria para o Havaí. De acordo com o laudo, a quantidade de substâncias no sangue do surfista indica que ele usou cocaína 30 horas antes da morte.
A família explica que Andy tomava medicamentos prescritos para ajudar no tratamento de ansiedade e insônia (Xanax e Zolpidem), problemas diagnosticados quando ele tinha 18 anos. Foi, segundo os familiares, quando o havaiano começou a alterar momentos de alegria e depressão. Sem levar a sério a seriedade dos medicamentos, passou a se automedicar e, algumas vezes a ingerir drogas.
– Não somos médicos, então não temos outra opção a não ser aceitar que dois respeitados patologias divergiram quanto à causa secundária da morte – diz a família, no comunicado.
A necropsia descartou a suspeita de dengue e não cita a doença. A família, no entanto, diz que as condições do surfista contribuíram para a morte, adicionando ainda mais estresse ao coração, já comprometido.
– O Andy desafiou as probabilidades tantas vezes que deve ter achado que entrar em um avião, estando desidratado e transtornado de febre, e que encontrar amigos em Miami não eram nada demais. Ele tinha personalidade, isso fez dele um surfista e um campeão. Com outros que não ligam para o perigo, Andy parecia se sentir à prova de balas, como se nada pudesse derrubá-lo. Mas viajar doente e com uma doença cardíaca não diagnosticada, nem mesmo Andy conseguiu superar.
A família pede que todos se lembrem de Andy por sua paixão pelo surfe, por seu talento e devoção à família e aos amigos. E pede também privacidade e contribuições para a Surfrider Foundation, fundação de Andy apoiava.
GLOBOESPORTE.COM
Leia mais notícias no www.diarioesportivo.com.br, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário