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A incerteza do petróleo no Sertão

Professor da UFCG garante existência, empresa diz que não.

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11/01/2010 às 16h04

Foi concluída na cidade de Campina Grande a primeira etapa dos estudos à procura de petróleo no Alto Sertão paraibano, que começou na segunda quinzena de fevereiro do ano passado, e estão sendo coordenados pela Petrobrás. Uma das empresas que vieram estudar a região a exemplo da americana Geokinetics, deixou no Alto Sertão um clima de incerteza sobre seu futuro enriquecedor, que há 15 dias parecia tão claro.

Sonhos

A empresa fez experiências em 15 comunidades na região da Bacia do Rio do Peixe, mais especificamente nos municípios de São João do Rio do Peixe, Santa Helena e Triunfo. Somente no município de Santa Helena, quase 400 trabalhadores fizeram mais de seis mil furos em uma área aproximada de 200 quilômetros quadrados. Sem saber o que irá acontecer daqui pra frente, empresários e comerciantes continuam otimistas e confiantes que a extração do “ouro negro” poderá realizar seus sonhos de prosperidade. Incertezas
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) os pesquisadores da empresa que realizava pesquisas em solo paraibano se dirigiram para Mossoró, no Rio Grande do Norte.

A gerente do posto de gasolina que serviu de base para os escritórios e laboratórios da Geokinetics em São João do Rio do Peixe, Mary Cely Estrela, contou que a única informação que tem da empresa é o endereço para onde remete as notas fiscais do posto. “A única coisa que disseram foi que, se eles voltarem, irão direto para a cidade de Santa Helena, que foi onde encontraram mais indícios do petróleo. Mas não deram nenhuma certeza”, ressaltou.

Possibilidades

De acordo com o assessor da Petrobras no Rio Grande do Norte e Ceará, Daniel Dantas, os pesquisadores estão finalizando a etapa de processamento dos dados sísmicos adquiridos na área. “A etapa posterior envolve a interpretação dos dados sísmicos processados, com o objetivo de investigar se existem condições de ocorrer possíveis acumulações de hidrocarbonetos, ou seja, de petróleo, e esta etapa terá uma duração aproximada de seis meses”, informou.

Daniel Dantas disse que no momento não existe previsão de retorno das equipes sísmicas na área de atuação da Petrobrás. “A etapa de aquisição sísmica já foi cumprida”, enfatizou, afirmando ainda que novas equipes poderão retornar à Paraíba para dar continuidade à pesquisa.

Professor da UFCG garante existência de petróleo

A existência de petróleo na região é assegurada pelo professor do curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Teófilo Moura Maciel. “Só não se sabe ainda qual a reserva de petróleo existente e a qualidade desse petróleo; se é uma quantidade satisfatória para a exploração e para a necessidade de uma grande empresa”, explicou. Segundo ele, a resposta para essas perguntas só estaria pronta em aproximadamente dois anos.

Aumento de preços

O dono de um dos maiores lotes de terra na comunidade de Pai Félix, município de Santa Helena, Manoel Pires de Souza, de 49 anos, contou que suas terras mais que triplicaram de preço em um ano. “Meu terreno tem 127 hectares e eu comprei por R$ 115 mil. Hoje ele já está valendo mais de R$ 350 mil. Eu acredito que tem muito petróleo ali, porque ele não ia investir tanto dinheiro pra vir tanta gente e depois não ter nada”, argumentou.

O assessor da Petrobrás Daniel Dantas esclareceu ainda não há confirmação de petróleo na região. “Estamos na fase inicial do processo exploratório e as indicações sobre possíveis reservas de petróleo só podem ser feitas após a perfuração dos poços. Caso ocorra uma descoberta na área, através do poço pioneiro, ainda ocorrerá uma etapa de delimitação da jazida para estimativa dos possíveis volumes de petróleo existentes”, ressaltou.

Articulação política foi importante para exploração
A articulação política foi também fundamental para assegurar a participação da Paraíba na 9ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizada em 2007. Na época, o Estado, que concorreu com duas bacias – a Pernambuco-Paraíba e a do Rio do Peixe – contou com o apoio do então senador José Maranhão e do empresário Roberto Cavalcanti. Mas desde os preparativos da 8ª Rodada de Licitação dos Blocos Exploratórios da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizada em 2006, Cavalcanti, hoje senador pelo PRB-PB, já defendia a inclusão da Paraíba nos negócios do setor petrolífero.

Apelos

Em agosto de 2006, quando Maranhão solicitou licença para concorrer ao governo da Paraíba, Roberto Cavalcanti assumiu sua vaga no Senado Federal e, buscou explicações, junto ao diretor geral da ANP, Haroldo Lima, sobre a ausência de duas áreas de petróleo da Paraíba (a do Rio do Peixe e a Pernambuco-Paraíba), na oitava rodada. Em pronunciamento no Senado, ele fez um apelo ao governo federal para que as bacias fossem incluídas na rodada.

Na época, a Agência Nacional de Petróleo havia encaminhado ao Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE) uma relação de bacias para a 8ª Rodada de Licitações de Blocos Exploratórios. Num primeiro momento, o CNPE aprovou a inclusão da bacia Pernambuco-Paraíba, mas, pouco antes da licitação, o Conselho retirou o bloco, além da Bacia de Campos, sem explicação de natureza técnica.

Após a ausência de 2006, os estados de Pernambuco e Paraíba foram incluídos na nona rodada, realizada no ano seguinte, juntamente com a Bacia do Rio do Peixe, no Alto Sertão da Paraíba. A articulação política de Roberto Cavalcanti foi decisiva também naquele ano para garantir participação das duas áreas na licitação da ANP.

Da Redação do Diário do Sertão
Com Jornal Correio

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