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Por influência de Pastora, menina de oito anos é considerada ‘demônio’ e seria sacrificada. Veja depoimento chocante. VÍDEO!

Sob influência da suposta religiosa, mulher mantinha filha de apenas oito anos presa em cômodo em Ceilândia.

Por Diário do Sertão

11/08/2016 às 18h36 • atualizado em 11/08/2016 às 18h40

Brasília (DF), 09/08/2016 - Pastora que maltratava criança fala do assunto em sua igreja na Ceilândia - Foto, Michael Melo/Metrópoles

Sob influência da suposta religiosa, mulher mantinha filha de apenas oito anos presa em cômodo em Ceilândia. O Metrópolesesteve na igreja no momento em que a pastora pregava e falava sobre a criança. “Qualquer hora ela poderia pegar e matar, né?”, contou aos fiéis

O destino da criança trancada pela própria mãe em um quarto escuro em Ceilândia após uma pastora evangélica induzi-la a acreditar que a filha estava possuída pelo demônio poderia ter um desfecho trágico. Denúncias levadas ao Conselho Tutelar da região administrativa por uma testemunha dão conta de que a menina de 8 anos seria sacrificada. O ritual de exorcismo teria a participação da própria mãe e da pastora Jacivã Pereira dos Santos (foto de destaque), conhecida como Jaci, 44 anos, que prega na igreja Casa da Oração Pentecostal dos Escolhidos de Deus.

Ambas foram presas na última sexta-feira (5/8), quando a Polícia Militar resgatou a menina, que vivia trancada em um quarto escuro nos fundos do templo, em Ceilândia Norte. No entanto, a mulher e a suposta religiosa foram libertadas no domingo (7), após audiência de custódia na Justiça do DF.

O episódio provocou uma enxurrada de denúncias recebidas pelo Conselho Tutelar, e o caso pode ser ainda mais assustador. Segundo relatos de testemunhas, pelo menos quatro crianças foram abandonadas pelas mães — todas fiéis da igreja — por suposta influência de Jaci.

Jacivã teria convencido as mulheres de que os filhos delas estavam com o “demônio no corpo”. Por isso, precisavam se afastar das crianças. As fiéis seriam orientadas a se separar dos maridos e a cortar relações com todos os parentes, com a desculpa de que todos estariam “endemoniados”.

Na noite de terça-feira (9/8), o Metrópoles esteve na igreja em Ceilândia Norte e registrou parte do culto. Mesmo depois de passar 48 horas na cadeia, Jaci fez questão de contar aos fiéis que, de fato, a menina vítima de cárcere privado estava com o “demônio no corpo”, e que poderia se tornar uma ameaça a todos. “Qualquer hora ela poderia pegar e matar, né? Manifestar os demônios”, disse a pastora durante o culto. Quando percebeu que estava sendo gravada, ela fechou as portas do local.

Confira no vídeo abaixo:

A própria criança resgatada pela PM confirma que ficava sob cárcere e Jaci e a mãe diziam que ela estava possuída pelo diabo.

Veja vídeo!

A influência de Jaci
Jéssica (nome fictício) é parente de uma mulher que abandonou o filho, de apenas 6 meses, por acreditar que o menino estava possuído. Sob a condição de não ter a identidade revelada, ela conversou com oMetrópoles e contou que a familiar é uma empresária, dona de uma escola de educação infantil em Ceilândia. Ainda assim, foi influenciada por Jaci.

“Ela tem formação superior em pedagogia. Não se trata de uma pessoa humilde e sem instrução, mas teve a personalidade modificada por essa pastora. Ela foi convencida a largar o marido e a abandonar o filho de 11 anos com o pai. Por último, entregou o seu bebê de 6 meses para adoção simplesmente porque a pastora afirmou que todos estavam possuídos”, contou a mulher.

Segundo a denúncia, que foi encaminhada ao Conselho Tutelar, a intenção da pastora teria motivação financeira. O plano seria afastar parentes e garantir o pagamento do dízimo (doações à igreja), sem interferências. “Como essa minha parente é dona de uma escola e fatura um bom dinheiro, a pastora recebe cerca de R$ 2 mil por mês com o dízimo”, contou.

Ainda segundo essa testemunha, a fiel cortou relações com todos os parentes mais próximos e o bebê foi deixado em um abrigo do governo, aos cuidados da Vara da Infância e da Juventude (VIJ). “Tentamos ficar com a criança, todos da família queriam, mas ela disse que o bebê estava com o demônio e que deveria morrer. Estamos tentando reaver a guarda”, desabafou a familiar da frequentadora da igreja.

Mais um caso
Outra apuração conduzida pelo Conselho Tutelar envolve um casal de servidores públicos. A mulher foi convencida que o marido e o filho estariam sendo “comandados pelo demônio”. Ambos também frequentavam a igreja de Jaci. O modus operandi foi o mesmo dos demais casos. A fiel teria sido orientada pela pastora a abandonar todos os parentes, mas sem se esquecer das obrigações com o dízimo. A funcionária teria se separado do marido, e a criança ficou com o pai.

Após o culto da noite de terça (9), o Metrópoles tentou falar com Jacivã, mas ela se recusou a comentar as acusações. A empresária que deu o filho para a adoção e faz parte do grupo de fiéis da igreja também foi procurada na escola que administra, mas não foi localizada.

Pai quer a guarda
O pai da criança que foi mantida em cárcere privado entrou em contato com Conselho Tutelar. O homem não tinha contato com a menina havia cerca de dois anos e, agora, tentará lutar pela guarda da filha.

A menina permanece internada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) se recuperando de um quadro de grave desnutrição. Ainda não há previsão de alta. O pai chegou a visitá-la na unidade hospitalar. Em depoimento, ele disse que não sabia da tortura.

Um vídeo divulgado pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) mostrou o momento em que a menina foi encontrada pelos militares. As imagens revelam a negligência com que a criança era tratada. Estava magra, deitada no chão sem qualquer proteção e totalmente abandonada.

Assim que os conselheiros chegaram à residência, a mãe alegou que a filha estava no quarto porque era doente, não andava e tinha dificuldades para falar. “Levei ela no hospital várias vezes, a médica desconfia que ela também tenha gastrite”, disse a mãe. Fraca, a criança não conseguia se levantar do chão. Ela estava trancada em um quarto vazio, sem móveis e no escuro, por ao menos dois meses, suspeita a PM.

Fonte: METRÓPOLES

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