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Damião Fernandes

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Crônica: Minha experiência em Madri

09/09/2011 às 17h45

Uma experiência profunda e marcante. É assim como defino o que vivemos em Madri entre os dias 16 a 21 de Agosto. Grande foram as expectativas construídas sobre tudo aquilo que íamos viver junto com centenas de milhares de Jovens de todo o mundo. Particularmente meu coração desejava que estes dias fossem não somente turísticos, mas sobretudo proféticos. E assim aconteceu. Eu poderia, escrever aqui, sobre vários momentos – na verdade, todos os acontecimentos foram igualmente intensos e epifânicos – Mas, particularmente, a experiência da Vigília em Cuatro Vientos foi singular.

Era o dia 20 de agosto, o sábado da vigília tão esperado por centenas de milhares de Jovens. O nosso ônibus sai do hotel onde estávamos hospedados somente a partir das 15h:30 – saímos tarde demais – pois pela televisão local, assistíamos as pessoas desde as 9h00 já se dirigindo para o aeródromo Cuatro Vientos. Estávamos todos tranquilos, pois acreditávamos que nossos lugares estariam todos garantidos por causa de nossas credencias. Ledo engano, Pois assim como nós, Milhares de outros jovens de todo o mundo, também gostariam de estar em Cuatro Vientos para ouvir o Papa.

E lá íamos nós. No ônibus durante o trajeto, todos cantando, conversando, sorrindo, era “boa tarde família pra cá, boa tarde família pra lá”. Nem imaginávamos a fantástica experiência que todos nós iríamos viver. Pronto. Chegamos ao lugar onde os ônibus deveriam estacionar e nós deveríamos fazer o restante do trajeto a pé. Caminhamos muito. Caminhamos o suficiente pra que num certo trajeto pegássemos as reservas de água que tínhamos e começássemos a jogar sobre nossas cabeças, tudo por causa do calor de 40º e o cansaço. Estávamos extenuados. Mas prosseguíamos com alegria e perseverança semelhante o povo do Egito: estávamos alí construindo, comunitariamente, o nosso “êxodo pessoal” em busca da terra prometida.

Quando chegamos ao imenso aeródromo, nossos olhos se maravilharam e ficamos estupefatos com o lugar – enormemente colorido, devidos á variedade de bandeiras de todas as cores e um gigantesco mar de pessoas. Qual não foi nossa surpresa: Aquele gigantesco mar de Jovens, estavam todos do lado de fora do lugar oficial. Os Portões já estavam “cerrados”, fechados. Como dizia Santa Terezinha: “tudo é graça”. Começava alí para todos nós a vivência da graça dolorosa, ou seja, tivemos que permanecer durante toda a vigília do lado de fora, sentados ou deitados sobre nossos “colchonetes ou sacos de dormir” no chão, a mercê dos “Cuatro Vientos” e o que estava acontecendo lá dentro víamos apenas por telões. Como dizia Dom Helder Câmara: “É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca”. Lá estávamos, persistindo na Graça para não desistir.

Enquanto esperávamos que o Papa chegasse ao aeródromo de Cuatro Vientos, algum de nós procurava ocupar-se para não pensar muito no incômodo da acomodação. Alguns deitavam em seus colchonetes pra descansar ou simplesmente ficavam conversando com os amigos, outros se juntavam a outros e iam caminhar. Eu, permaneci por quase trinta minutos em pé, profundamente admirado vendo aquela multidão de jovens. E comecei a pensar: Meu Deus, será que no dia do Sermão da Montanha, tinha tanta gente assim? Naquela época não havia microfone, data show, telão, estruturas de som… etc. Como será que aquela Multidão conseguia escutar a Pregação de Jesus? Eu estava extasiado. Observando cheguei à seguinte constatação: Como a Igreja Católica Apostólica Romana, na força e na pessoa de Cristo, ali representada pelo Papa Bento XVI, tem um extraordinário poder de convocar, de reunir e de fazer comunidade. Eu continuava extasiado…

Porém, eis que de repente, começa a se formar um forte temporal. O céu todo é coberto por nuvens escuras e concentradas e ventos impetuosos, fortes o suficientes pra balançar e desestabilizar tudo o que encontrava pela frente: estrutura de som, telões, bandeiras, barracas, tudo, absolutamente tudo era alcançado por esse vento. Até hoje há controvérsias dentro do grupo de peregrinos de Cajazeiras, se o que aqueles ventos fortes conseguiram derrubar, se foi uma estrutura de placa com o dizer “Bienvenidos” ou se foi um dos telões. Até hoje não chegamos a um acordo.

O fato é que, eu nunca tinha visto nem sentido ventos tão fortes. Imediatamente, lembrei-me da passagem bíblica no Livro do profeta Ezequiel: “E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor DEUS: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. E eu dizia comigo mesmo: É o vento do Espirito! Onde está a Igreja aí está o Espirito. E de acordo com as escrituras, o Espírito do Senhor é como um “sopro” ou “vento”, porque Ele não pode ser visto nem detido, mas se move por todo o mundo.

Por quase dez minutos, a celebração foi interrompida. As vestes do Santo Padre eram sacudidas “praqui e pra colá”, enquanto que o solidéu do Papa foi arremessado a um lugar um pouco distante. O vento era indiscriminadamente impetuoso com todos. O sacerdote que sempre está ao lado do Papa nas Celebrações e o auxilia, aproxima-se um pouco do seu ouvido e sussurra-lhe algo que é impossível de ouvi-lo. Mas foi possível ouvir a resposta quase que inaudível de Bento XVI: Não, vamos esperar aqui! Então entendemos: o Papa estava sendo convidado á se retirar por um instante, enquanto aquele temporal se aquietava. Mas o Papa a exemplo da Igreja de Cristo, permaneceu de pé mesmo diante da forte ventania. Ela – a Igreja de Cristo – é sinal perene da Mística presença de Cristo no mundo.

E o Papa permanecia ali…E a igreja permanecia ali, firme como a Pedra sobre a qual foi fundada.

Passado uns dez a quinze minutos, o vento e a chuva cessam e fica agora a expectativa para saber, quais serão as primeiras palavras que Papa dirigiria aos jovens, depois dessa ventania. Inclusive essa foi a pergunta que fiz á minha esposa. Instala-se a expectativa…

Ao retomar a presidência da Celebração, assim reinicia o Santo Padre: Meus queridos Jovens amigos! – A multidão de jovens começa a aplaudir e a gritar: “Essa é a Juventude do Papa”! Seguidamente continuam a cantar e a gritar: “Essa é a Juventude do Papa”! Que alegria viver convosco essa aventura, continuou Bento XVI. Não vos deixeis intimidar pelo barulho das tribulações! Queridos amigos, que nenhuma dificuldade vos paralise: Não tenhais medo do mundo, nem do futuro, nem da vossa fraqueza. O Senhor concedeu-vos viver neste momento da história, repleto de grandes possibilidades e oportunidades, para que, graças à vossa fé, continue a ressoar o nome de Cristo em toda a terra.

Nesse momento, meus olhos já estavam imersos em lágrimas, pela profunda experiência que minha vida estava fazendo: Contemplar que Deus nunca desistiu e jamais desistirá do homem. Onde houver um coração humano com sede de encontra-lo, Deus por meio do seu Filho a este se inclinará quantas vezes for preciso para levanta-lo, para ama-lo. Esta experiência que vivi, não há tempo que apague, nem vento por mais forte que seja que extinga! Buscar a Deus vale a pena! E sempre valerá!

Dedico esta Crônica a todos aqueles que viveram esta e muitas outras experiências comigo e eu com eles. Cada um com suas particularidades tornaram-se especial aqui dentro.

Olá famíliaaaaaaaaa! rsrsrsrs
Filipe Gonçalves Macedo, Luiziane Gomes Rolim, Maria Regina dos Santos, Cleomar de Fátima Evangelista, Enéas Gonçalves Neto, Dom José Gonzales Alonso, Pe. Francisco César Pamplona Pinheiro, Maria Clésia Monteiro de Oliveira, Leonor Moura, Avani de Assis Ferreira, Viviana, Magna de Sousa, João Paulo de Oliveira Silva, Iarley Pereira de Sousa, Olindina Coutinho Melo, Emiliana Estrela de Oliveira, José Vandervan, Pe. Dácio José do Nascimento, Pe. Walter Fernandes Anacleto, Mateus Feitosa, Jéssica Oliveira, Pe. Erivânio de Sousa Assis, Thiago Fernandes de Sousa, Valeska Ferreira de Vasconcelos, Joéliton Rolim Lira, Pe. Paulo Diniz Ferreira, Pe. Jackson de Sá Mendes, Lucenildo Lima do Nascimento, Dalmir Cornélio da Silva, Graciela da Silva Lima, Patrícia Lucenilda Ferreira da Silva, Pe. Francisco César P. Retrão, Pedro Henrique de Macêdo, João Helder Júnior, Pe. Francisco Batista de Sousa NETO, Liliana Henriques Vicente, Anastácio Cassimiro dos Santos Júnior, Isaías Vieira.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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