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Damião Fernandes

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Léo Abreu e o Magistério de Cajazeiras: O dito pelo não dito

30/01/2011 às 16h15

A palavra é um atributo identitário do homem. A palavra é aquilo que o distingue de todos os outros animais. Na vida do homem, o uso desta palavra sintaxicamente adequada ou inadequadamente colocada, nos fornece o título de seres racionais. Se bem que há entre nós, homens e/ou mulheres, que utilizadores da palavra, mas que, no entanto, se comportam como neófitos irracionais. Assim afirma o pensador Frances Jean Molière: “A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma as nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos.”

Porém nestes dias, as idéias de Jean Moliére e os sonhos do Magistério de Cajazeiras foram astutamente contrariados e por que não dizer, foram frustrados pelas palavras ditas e desditas do Professor e Médico Léo Abreu. As palavras ao serem pronunciadas carregam em si o poder de acontecimento, de realização. As palavras geram coisas, fatos ou boatos, dúvidas ou certezas, luz ou escuridão. As palavras, elas escrevem a história. Entre o Professor e Médico Leo Abreu – até então, prefeito Institucional de Cajazeiras – e o sofrido Magistério da terra do Professor-mestre Padre Rolim, mais um capítulo desta história foi escrito.

Desde outubro do ano passado, que ficou acordado entre o Professor/Prefeito Institucional e o SINFUNC – que representa a categoria do Magistério e dos demais servidores municipais – um aumento de 20% nos vencimentos dos professores para Janeiro de 2011. Palavra dita, palavra empenhada, Ofício enviado pelo poder público confirmando por escrito o que já havia sido estabelecido pelas palavras ditas por homens e mulheres de bem. Palavra dita, palavra comprida? Infelizmente, neste caso não.

Recentemente, ás portas de iniciar o ano letivo de 2011, o Professor e Médico Institucional desta pólis, envia um oficio a Presidenta do SINFUNC, Afirmando, esclarecendo e justificando o porquê da impossibilidade de cumprir com a palavra anteriormente empenhada naquela ocasião.

Léo Abreu contrariou o pensador francês Jean Moliére, quando este afirma que nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos. No caso do Prefeito Institucional, suas palavras ditas ao circularem pelas vias cerebrais, não encontraram aconchego, nem muito menos morada em seus pensamentos. Palavras, pensamento e ação não estabeleceram acordos entre si, neste caso.

Léo Abreu contrariou e desrespeitou os Profissionais da Educação do Magistério de Cajazeiras, quando deu o exemplo de que aquilo com o qual nos comprometemos hoje, pode ser esquecido amanhã. O Oficio que assinamos hoje, corroborando nossas palavras, pode ser rasgado amanhã. Contrariou e desrespeitou ainda, alunos, pais e a comunidade em geral, quando não respeitou e valorizou aqueles que são agentes construtores de novas consciências e de cidadãos engajados com a construção de uma sociedade mais humana e mais justa: Nós professores.

E por fim, o Prefeito Institucional contrariou e desrespeitou o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação do Município de Cajazeiras, quando neste está escrito que tem como finalidade em vista de uma educação gratuita e de qualidade: A valorização dos profissionais da educação municipal, também através de uma remuneração condigna dos profissionais em efetivo exercício no Sistema Municipal de Ensino de Cajazeiras.

Ao discorrer sobre tudo isso, lembro-me das palavras do filósofo, poeta e educador Rubem Alves, quando ele  do alto de sua cátedra afirma sobre a importância do ato de ver e sobre as palavras: “A educação é a arte do encantamento dos olhos. Educar é ensinar a ver. É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. […] As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.”

Que bom seria se os administradores públicos – inclusive o professor Léo Abreu – desejasse aprender a ver a educação e seus profissionais com outros olhos. Os olhos do amor, do respeito e da valorização. Pois o ato de ver é uma arte. O ato de ver está intrinsecamente ligado ao ato de falar, á arte das palavras. Fala bem quem tem uma boa visão acerca da educação e dos educadores. Pois do contrário, a arte do falar – ou de escrever e enviar ofícios – virá sempre acompanhado cpor uma incoerência e contradição: o dito pelo não dito.

“Continuo buscando, re-procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar e anunciar a novidade”. [Paulo Freire]

Para saber mais
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 17ed. São Paulo : Brasiliense, 1993.
 

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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