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José Antonio

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Os gritos de Cajazeiras

06/12/2015 às 16h14

Por José Antônio de Albuquerque

Ainda hoje ecoam pelas ruas de Cajazeiras os tiros de bacamartes dos sicários de Santa Fé, liderados por João Pires, do Partido Conservador que desejava tomar o poder dos Liberais, tendo a frente João do Couto Cartaxo, que tombou morto, crivado de balas no patamar da igreja Matriz. Nem com o derramamento de sangue de seus filhos a cidade se curvou diante à violência e deu seu grito de rebeldia e defesa.

Ainda hoje ecoam pelas ruas de Cajazeiras os tiros de fuzis do bando de Sabino Gomes quando tentou invadir e saquear a cidade, mas o seu povo uniu-se em defesa de seu patrimônio e com estratégias inteligentes não permitiu que o fato se consumasse. Novas mortes, mais derramamento de sangue, mas o grito de rebeldia e coragem de seu povo fez-na mais uma vez vitoriosa.

O trem já não fumegava pelas entranhas da Serra da Arara, vindo do Ceará, transportando cargas e pessoas, mas o seu povo e suas autoridades lutavam pela sua volta, mas numa madrugada, um carro de som acordava a cidade, com a voz rouca e forte de Itamar Lavor, anunciando e protestando contra a retirada dos trilhos e com eles os nossos sonhos do retorno da velha Maria fumaça. Desta vez o nosso grito não foi além de nossas fronteiras, perdemos o trem, mas até hoje não deixamos de gritar e de pedir o seu retorno.

As grandes conquistas e principalmente do ingresso na modernidade, da cidade de Cajazeiras, sempre foram precedidas de muitas lutas, de muitos gritos e até de rebeldias: foi assim para se construir o Açude Grande, para a chegada da energia elétrica de Paulo Afonso, com o abastecimento das águas vindos do Boqueirão de Piranhas, do sistema telefônico, do sinal de televisão.

Quem não se lembra da luta para a implantação do sistema de hemodiálise no HRC, que infelizmente só conquistada depois da perda irreparável do professor José Clementino? Com sua implantação muitas vidas foram salvas.
Nos dias atuais nossas lutas continuam, não cessaram, mas não precisamos mais de balas de bacamartes para alcançar a vitória, muito embora em determinados momentos seja necessário o vigor da palavra, a atitude forte e destemida e a coragem de contrapor os donos do poder.

O sonho do aeroporto ainda não morreu, mesmo que já tenha se consumido mais de 50 anos de sua interdição e mais 5.903 dias (mais de 16 anos) de uma promessa feita em praça pública por um governador. A cidade conhece que se não fora a ousadia e a determinação de seus filhos, iniciada com a doação do terreno, e as constantes cobranças, este sonho jamais seria realizado por vontade própria de nossos governantes. A luta continua e as pedreiras que existem no caminho do aeroporto um dia elas serão quebradas.

A cidade desta vez inicia uma nova luta: a construção do IML, equipamento importante do ponto vista humanitário e para o respaldo e legalidade perante a justiça quando ocorrem mortes por acidentes e atos criminosos, com objetivo de acelerar o processo de liberação dos corpos, que infelizmente, por inúmeras vezes têm ficado expostos ao relento, por horas, aguardando o seu transporte para o IML de Patos, ampliando ainda mais o sofrimento das famílias. 

Este vigoroso grito que a sociedade cajazeirense esta fazendo ecoar em todos os recantos da Paraíba é mais uma demonstração de fé, de luta, de destemor, de audácia e que será tão vibrante e vitorioso quanto o foi quando da construção do Laboratório de Anatomia, equipamento importante para que pudéssemos ganhar o Curso de Medicina.

Cajazeiras, um filho teu jamais foge da luta. Avante!

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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