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Damião Fernandes

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Uma Tirania em Cajazeiras

11/06/2008 às 09h34

A política já está sendo e será um assunto bastante comentado nos últimos meses por conta do ano eleitoral. Mas o verdadeiro significado da palavra política sofreu alterações desde a existência do filósofo Aristóteles, o qual escreveu a obra homônima e que deve ser considerado o primeiro tratado sobre a natureza, as funções, as divisões do Estado e sobre as várias formas de governo, predominantemente no significado de arte ou ciência do governo.

A partir de então, foi utilizado o conceito sempre se referindo ao Estado ou a algo ligado a ele. A conseqüência é que os cidadãos não se acham enquadrados no meio político, o que deve se considerar um erro grave, pois todo o ser humano é um ser essencialmente político porque vive em sociedade e toma atitudes que afetarão não só a si próprio como aos que estão em volta.

O conceito de política desgastou-se também devido às más atitudes das pessoas eleitas para serem representantes do povo. E essa questão influenciou até a noção que se tinha de democracia.

Demo = povo, Cracia = poder: governo do povo. O regime criado no período helênico, que na etimologia significaria um governo popular, teve o início já marcado por uma distorção. Na época do seu surgimento só era considerado cidadão aqueles que tivessem certo poder aquisitivo e status social. A maior parte dos habitantes da Grécia não fazia parte desse grupo, mostrando-se que, na verdade, essa “democracia” estaria mais próxima de uma oligarquia (governo de poucos).

E na realidade é o que presenciamos muitas vezes em nossa cidade , a cidade que ensinou a Paraíba a Ler – é o que gostam de afirmar. Presenciamos uma prática política baseada em argumentações vazias e inúteis, em acusações estratégicas com o único objetivo de mudar o foco da discussão coerente, com propostas e planos de governo. Até por que, conversa séria é o que menos interessa a esses candidatos fanfarrões.

Em Cajazeiras, assim como acontecia na Grécia antiga, é dada uma grande relevância ao poder aquisitivo e ao status social, ou seja, à grande massa popular cabe sempre estar á margem das mais sérias e importantes decisões. O entendimento político tanto lá (Grécia) com aqui (Cajazeiras) ainda se apresenta preconceituosa, relativista, individualista e por que não dizer oportunista. O conceito de política em Aristóteles está muito além desses “pré-conceitos Cajazeirenses e Gregos"

Devido a tudo isso, o povo que deveria se importar com a qualidade moral do seu governo, está sem esperança e esquece que é ele – o povo – que tem o poder para eleger, escolher os seus representantes, aqueles que têm a obrigação de lutar pelas necessidades, pelos anseios da maioria e não “trabalhar” apenas para e pela minoria.

O filósofo Rousseau dizia que o Estado se formou da união de pessoas através de um contrato, um pacto social firmado pela maioria, na qual os integrantes abdicavam de uma parcela de sua liberdade individual para receberem em troca um outro tipo de liberdade, equivalente a primeira: a coletiva. Esse contrato visa o bem-estar social. E ainda é esse o papel do Estado atualmente, que deve fornecer o mínimo de condições possíveis para as pessoas. Ele deve dar gratuitamente educação, saúde, cultura e até mesmo moradia, como é previsto na Constituição Brasileira.

Infelizmente muitos políticos utilizam esses bens sociais na tentativa – e infelizmente conseguem – de comprar a consciência individual das pessoas, prometendo melhores condições educacionais, de saúde, de moradia, etc, etc, etc… Quando na verdade eles são obrigados por lei a oferecem isso á população. Percebemos que a teoria é diferente da prática e observa-se que há uma decadência do ensino e da saúde pública. As pessoas muitas vezes pagam por serviços que deveriam ser ofertados pelo responsável por zelar pelo bem-estar. 

Esse bem–estar do povo, é muitas vezes ignorado por causa da ambição dos seus representantes, os quais olvidam as necessidades dos que o elegeram e apenas almejam poder. Na época de Aristóteles, classificava-se o poder em paterno, despótico e político. Nesse último estariam em questão tanto os interesses dos governantes quanto os dos governados, todavia, numa forma corrupta de governo, existem somente os dos primeiros.

Nesta época de eleições, verifica-se bem a utilização do tipo de poder que é usado para induzir os eleitores a votarem em determinados candidatos que não apresentam nenhuma coerência ética entre aquilo que pensa e o que fala ou entre o que fala e o que faz. Constatamos a utilização de um poder com claro objetivo de alienar as pessoas, enganar. Há, até mesmo, a compra de votos, descaracterizando todo o legitimo significado de democracia e de política.

É preciso que a sociedade civil se conscientize do seu papel na formação de um governo justo e solidário. Defendo uma "Tirania da Consciência" não somente em Cajazeiras, mas em todos os lugares onde houver homens e mulheres que estejam dispostos a empenhar suas vidas por aquilo que acreditam, seus valores mais intimos e transcendentais. Tirania da Consciência. É urgente instaurarmos esse " Programa Político Interior", na sacralidade de nós mesmos, na sacralidade de nossa cosnciência.   

A Tirania da  Consciência faz mal á ignorância ética e moral diante de fatos corruptos e imorais. 
A Tirania da  Consciência faz mal a políticos corruptos que fazem da política um meio de enriquecimento rápido e ilícito.
A Tirania da Consciência faz mal ao voto de cabresto e a opressão ideológico-social.

Diga sim á Tirania da Consciência!

Para saber mais

DESPERTAR É PRECISO
”Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.”
(Vladimir V. Maiakovski, poeta russo)

Aristóteles. Ética a nicômaco: Poética. São Paulo: NOVA CULTURAL, 1991
Platão. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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