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Damião Fernandes

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Voto de Cabresto em Cajazeiras?

09/08/2008 às 11h21

Em todas as culturas, o homem sempre cria mecanismos de controle e organização, claro que dependendo de quais os reais benefícios ou malefícios que estes mecanismos possam trazer á sociedade e ao indivíduo é que poderemos emitir algum juízo de valor sobre tais mecanismos. Evidente que o nosso intuíto não é de fazer-mos uma análise histórica sobre todos os instrumentos de dominação criado pelo homem. Antes, tentaremos uma reflexão política sobre um desses instrumentos que dominou parte da História do nosso país.  acredito que ainda persiste esta prática em muitos recantos.

Um destes instrumentos de controle e “organização” que nos referimos é o tão desconhecido voto de cabresto. Que nada mais é se não um sistema tradicional de controle de poder político através do abuso de autoridade, compra de votos. É um mecanismo muito recorrente nos rincões mais pobres do Brasil como característica do coronelismo. Onde os eleitores votavam sempre nos candidatos por eles indicados, em geral através de troca de favores fundados na relação de compadrio. 

Assim, os votos despejados nos candidatos dos coronéis ficaram conhecidos como "votos de cabresto”. Porém, quando a vontade dos coronéis não era atendida, eles a impunham com seus bandos armados – os jagunços -, que garantiam a eleição de seus candidatos pela violência. A importância do coronel media-se, portanto, por sua capacidade de controlar o maior número de votos, dando-lhe prestígio fora de seu domínio local. Dessa forma, conseguia obter favores dos governantes estaduais ou federais, o que, por sua vez, lhe dava condições para preservar o seu domínio. 

É importante frisar-mos que o voto de cabresto e o coronelismo é uma via de mão dupla, ou seja, um deles é o simboliza a autoridade ditatórial – o Coronel – e o outro sombolizava o uso e o abuso desta mesma autoridade – o controle do voto: o voto de cabresto. 

Diante de uma campanha eleitoral para prefeitos e vereadores que hora presenciamos em Cajazeiras, torna-se importante perguntar(Até por que, perguntar não ofende): será que a cidade que “ensinou a Paraíba a Ler”, já foi capaz de ensinar aos seus eleitores a votar conscientemente e não procurar fazer do seu voto um objeto de compra e venda? A cidade que “ensinou a Paraíba a Ler”, já teve a preocupação de ensinar aos mais diversos candidatos ( não somente deste campanha mas de tantas outras) que disputavam um cargo público a LER, COMPREENDER e OBEDECER ás mais diversar Leis Eleitorais que procuram tornar a campanha um pouco mais justa, ética e coerente? 

A pergunta que não quer calar: será possível existir na “cidade quem ensinou a Paraíba a Ler”, o voto de cabresto como uma forma de controle da consciência do povo mais pobre e a compra de voto destes? Será? Será que o voto de cabresto é a cartilha pela qual os nossos candidatos ao Executivo fazem suas lições de casa regularmente? E os nossos candidatos ao Legislativo? Será que comungam da mesma “proposta político-pedagógica”? Essas são perguntas que talvez somente os nossos netos ou bisnetos responderão… ou quem sabe pode ser aquele eleitor consciente, que testemunhando algum ato ilítico, possa ele denunciar à Justiça Eleitoral e esclarer a certeza de nossas dúvidas ou as dúvidas de nossas certezas. 

Até por que no sistema político e eleitoral brasileiro e por extenção cajazeirense, há novos mecanismos de pressão que são usados. Por exemplo, anotar as secções em que os eleitores de uma determinada família ou localidade votam, para depois conferir se a votação do candidato correspondeu ao que se esperava dos eleitores. Embora não seja possível se determinar "quem" votou em "quem" por este método, ele é eficaz entre a população mais pobre como instrumento de pressão psicológica. 

“ A cidade que ensinou a Paraíba a Ler”. Como existem pessoas em nossa cidade que se vangloriam deste “bordão” e não percebem que isso é na verdade um grande sofisma, um bonito jogo de palavras e uma grande pretensão nossa – digo nossa, pois sou Cajazeirense também. “A cidade que ensinou a Paraíba a Ler” deveria mesmo era ensinar a Cajazeiras votar consciente e dizer um basta a estes mecanismos de dominação psicosocial e imoral em nossa cidade. 

Viva ao voto Consciente e Livre! 

Para saber mais
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio, 1936.
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto. Rio de Janeiro, Forense, 1948.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

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Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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