header top bar

Damião Fernandes

section content

Voto de protesto é burrice

12/09/2014 às 17h50

Por definição, voto de protesto é aquela atitude de indignação com a realidade político-social atual. Pelo voto de protesto revela-se o desencanto e a frustação com a politica e/ou os políticos profissionais que usam dessa ferramenta para efetuarem seus projetos individualistas. Representa ainda, uma profunda desilusão em perceber que mais uma vez o povo será ludibriado por aqueles candidatos que turisticamente somente dão as caras de quatro em quatro anos. A negociata com estes é feita à revelia da sociedade.

O voto de protesto, por compressão do senso comum, representa aquela preferência por candidatos com jeito exótico, brincalhão ou com um traço apelativo, distantes das qualidades necessárias para o exercício de qualquer função publica, tais como: a competência, a experiência, a liderança e a moralidade. Escolher por esta modalidade de voto é, dizem alguns, ir na contramão do que está posto.  O voto de protesto tem aparência de atitude livre e democrática, pois no final das contas é o povo quem está escolhendo livremente e escolhe sempre os “excluídos do povo”, “os humilhados do povo”, “um homem simples como a gente” ou ainda aquele “ilustre sapateiro” ou quem sabe, um palhaço brincalhão.

A lógica desse tipo de expediente social é assim: É verdade que ele é incompetente com as palavras, nem mesmo seu nome sabe escrever, não conhece o mínimo do mínimo da história local, seu senso de moralidade é questionável, seus antecedentes não são tão ilibados assim, mas o que importa é que é a grande “massa da população” sofrida e humilhada quem está escolhendo “esse homem bom” em detrimento de todos os outros “homens maus”. O voto de protesto nos dá a falsa certeza de que a justiça está sendo restabelecida em nossa cidade; de que estamos contribuindo com o voto consciente que sempre visa o bem do cidadão e da coletividade e não projetos maquiavelicamente produzidos. O voto de protesto é o poder consciente-soberano do povo que se efetua. Grande engano.

Com o voto de protesto, reivindica-se a mudança, mas os instrumentos que se apresentam são tão insuficientes e ilógicos, quanto são as posturas dos candidatos aventureiros que outrara criticava-se. Voto de protesto é burrice. Pois somente solidifica o modelo de sociedade e de cidadão que beneficiam àqueles que se alimentam da ignorância humana. Um voto de protesto dado a um candidato que já se apresenta visivelmente incapacitado e incompetente para assumir um cargo público é concordar com a lógica do “quanto pior, melhor” ou ainda do famoso jargão popular “se não posso com o inimigo, me junto a ele”. Voto de protesto é burrice, pois efetivamente não caracteriza socialmente mudança nenhuma. Pelo contrario, caracteriza mesmo é a incapacidade de um povo de pensar. Pensar livremente, sem manipulações ideológicas partidárias. Pensar não a partir do seu umbigo, mas sempre a partir do que é o melhor para a sociedade.

Será que o melhor para a sociedade de Cajazeiras seria o voto de protesto em Gobira? Efetivamente, o que isso muda? Em que a coletividade se beneficia com isso? Perguntar não ofende.

A quem mesmo interessa esse “voto de protesto” no candidato Gobira? Que tipo de “povo” está de fato na construção intelectual desse movimento político? Que ideologias estão por trás dessa tentativa de alienar o povo do real e coerente processo democrático eleitoral em nossa cidade e região? O protesto pelo protesto sem apresentação de horizontes práticos e racionais de mudança é uma incoerência dupla. Pois, usar do imaginário coletivo do povo, manipular suas indignações e desilusões e não apresentar um projeto possível de efetivação é inútil, infértil, obsoleto e moralmente criminoso.

Em suma, o voto de protesto é uma burrice temporal e circunstancial, mas que tem consequências duradouras e penosas tanto para o cidadão que vota quanto para a sociedade que espera. Muitas vezes, a burrice não tem fronteiras intelectuais, ou seja, é bem possível que muitos acadêmicos e/ou intelectuais, que levantando essa bandeira, acreditem que estejam lutando pela instauração de um novo homem lúcido, consciente e cidadão; quando na verdade estão alimentando o preconceito contra a política e a desqualificação moral de todo homem envolvido nela. No fundo, o voto de protesto, defende é uma maior deterioração moral da politica. A lógica é: “se já está ruim, vamos piorar”. Se já não temos homens de integridade psíquica ou moral na política, coloquemos mais alguns sem esses atributos por lá”.

Voto de protesto é burrice, pois ao invés de defender a virtude, a moralidade e o conhecimento; promove no fim das contas é o vício, a ignorância e a alienação.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: