A volta do temor inflacionário

Por Alexandre Costa – O estouro do IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, indicador econômico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mede a inflação oficial do Brasil, apontando uma inflação de 1,31%, sua maior alta em 22 anos para o mês de fevereiro, ficando 1,15% acima da taxa de janeiro que foi de 0,16%, escancarou de vez o temor que todo consumidor já antevia: a volta da inflação com escalada do descontrole de preços no Brasil.
Estes números, embora possam transparecer que sejam fruto de uma conjuntura econômica momentânea, mas são extremamente preocupantes para aqueles que testemunharam o nefasto período hiperinflacionário que atravessamos antes da criação Plano Real.
O ano era 1994, o presidente era Itamar Franco, a inflação em junho desse ano chegou a quase 47%, vivíamos a era da hiperinflação, do overnight e das ORTN-Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional e da onda incontida e desenfreada da remarcação de preços onde um mesmo produto aumentava várias vezes num mesmo dia, um caos econômico que deixou a economia em frangalhos.
Passamos por duras penas para atingirmos a nossa estabilidade econômica: sobrevivemos a sete planos econômicos desde 1986 (Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão, Collor e Collor II e Real) convivendo com cinco moedas (Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro, Cruzeiro Real e Real) antes do Real, uma zorra econômica que confirma uma velha máxima que empreender no Brasil não é tarefa para amadores.
Com a taxa anualizada de fevereiro, a inflação brasileira ultrapassou os 5,0%, bem acima do teto da média, que é de 4,5%, indicador que compromete seriamente a estabilidade econômica que começa agora a apresentar rachaduras com sérios riscos de embarcarmos numa espiral inflacionaria que tem como causa básica o descontrole das contas públicas.
Descontrole este, fruto de uma frenética obsessão do Governo Federal em aumentar impostos a todo custo fazendo caixa para manter a maquina pública funcionando sem apresentar, concomitantemente, uma proposta de enxugar gastos e reduzindo despesas para organizar as contas públicas, sinalizando claramente para o mercado o descompromisso total de o governo promover equilíbrio fiscal.
Diagnosticada pelo Banco Central como inflação de demanda que impõe o controle pela alta das taxas de juros para desaquecer a economia, na outra ponta o governo atua exatamente ao contrário implementando programas populistas de estímulo ao consumo agravando o quadro sem nenhuma perspectiva de estabilizar a inflação.
Um governo fraco, de baixa popularidade, refém do Congresso, nem sequer conseguiu aprovar o orçamento de 2025, hoje não reúne as condições para estancar e reverter a escalada inflacionária que avança célere para destruir a estabilidade econômica, um dos maiores valores da sociedade brasileira, e agora nos devolve o imposto inflacionário o mais injusto e perverso do mundo.
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