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José Antonio

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Chuva de Bala em Mossoró X Cajazeiras

10/09/2018 às 08h25

A cidade de Mossoró, encravada no Oeste Potiguar, distante 252 quilômetros de Cajazeiras, foi no passado, no auge da produção de Algodão no Sertão da Paraíba, um dos mais importantes fornecedores de mercadorias para esta nossa região, transportadas em lombos de burros. Ia o algodão, voltava principalmente o sal e outros mantimentos e teve como maior símbolo deste negócio o homem mais rico da cidade, o Coronel Peba, pai de um único filho, Dr. Zuca Peba, herdeiro de um grande patrimônio, em terras e imóveis e foi casado com uma bela moça potiguar.

A história de Mossoró se confunde com a luta pela liberdade. Quatro fatos marcantes são celebrados pelo povo como um dos maiores patrimônios da cidade, com a marca do pioneirismo: Mossoró libertou os escravos cinco anos antes da Lei Áurea; e a cidade teve ainda na figura da professora Celina Guimarães, a primeira mulher a votar em toda a América Latina; foi palco do famoso Motim das Mulheres, em protesto à Guerra do Paraguai e o bando de Lampião foi vencido pelo povo, em uma batalha memorável e histórica.

Este ano, completou 91 anos da resistência ao ataque do Bando de Lampião.

Era o ano de 1927. Por onde passava, o temido bando de Lampião saqueava e aterrorizava a população de várias cidades do sertão nordestino. E isto se repetiu até chegar a Mossoró e foi nesta cidade que Lampião sofreu a sua primeira derrota. E os mossoroenses entraram para a história como heróis.

A resistência aconteceu no Adro da Capela de São Vicente, no centro da cidade. Esta data memorável é sempre comemorada no mês de junho, que encanta e emociona o público, fato que integra o consciente coletivo da população e é uma marca da luta pela liberdade, do povo mossoroense, cujo palco, no adro da Capela de São Vicente, com 510 metros quadrados, cinco camarins, três torres para filmagem é um espetáculo de muito realismo e fortes emoções.

“Chuva de Bala” envolveu este ano 80 atores e bailarinos, dez músicos e dez soldados do Tiro de Guerra, além de aderecistas, sonoplastas e engenheiro de som. É uma adaptação do texto original do poeta e escritor potiguar Tarcísio Gurgel e anualmente os organizadores têm a tarefa de contar em um musical a resistência dos mossoroenses e de como o prefeito Rodolfo Fernandes e mais 200 moradores impediram que a cidade potiguar, em 13 de junho de 1927, há 91 anos não fosse invadida.

Tenho dito a alguns amigos que a “chuva de bala” de Mossoró poderia nos ensinar como fazer a nossa “chuva de bala” tendo como fonte o Carcará de Ivan Bichara, fato que mereceu uma iniciativa do piranhense Irapuan Sobral, que tem na mente um projeto até mais grandioso do que o de Mossoró.

João Augusto, filho de Ivan Bichara, que recentemente esteve em Cajazeiras, para participar das homenagens ao seu pai, também está projetando e executando um projeto áudio-visual sobre este histórico evento da invasão do cangaceiro Sabino Gomes a Cajazeiras.

Eu também tenho dito a alguns amigos que se este episódio tivesse acontecido nos Estados Unidos já teriam sido feito mais de uma dezena de filmes, a exemplo dos faroestes americanos.

Ubiratan de Assis, secretário de cultura de Cajazeiras, tem sido muito sensível a estas questões que envolvem todos os aspectos culturais da cidade, quem sabe, ele se empolgue com este projeto e transforme a nossa “chuva de bala” num belíssimo espetáculo.

Acho que seria possível reunir as idéias de Irapuan Sobral com as de João Augusto e de outras pessoas envolvidas com teatro e espetáculos de rua e abríssemos uma discussão em torno deste assunto, não tenho dúvida que o resultado seria muito bom.

Mas nós não temos apenas uma “chuva de bala”, temos logo duas e a outra foi o Morticínio Eleitoral de 18 de agosto de 1876, já teatralizado pelo escritor Otacílio Dantas Cartaxo, onde ele narra a Morte de João do Couto Cartaxo, crivado de balas de bacamarte, no patamar da Igreja Matriz de Nossa de Fátima, considerado o Mártir da Histórica Política de Cajazeiras, ao defender os ideais do Partido Liberal, no dia da eleição, que elegeria os novos mandatários da cidade, num confronto com membros do Partido Conservador.

São apenas idéias e sugestões que se concretizadas poderá colocar a cidade de Cajazeiras num importante patamar da História Cultural do Brasil, a exemplo do que já ocorre em Mossoró, que atrai milhares de turistas todos os anos para ver um deslumbrante espetáculo, que representa o que há de mais sublime da alma do povo daquela cidade.

Cajazeiras tem, deve e pode realizar grandes eventos culturais e resgatar a sua bela e encantadora história.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

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