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Fantástico da Globo destaca facilidade com que quadrilhas compram explosivos no Sertão

A matéria foi exibida nesse domingo (17), e mostra a facilidade que as quadrilhas têm para comprar os explosivos em obras no Sertão da Paraíba.

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19/02/2013 às 15h58

Durante um mês, o Fantástico da Rede Globo seguiu os passos das quadrilhas que compram dinamite para explodir caixas eletrônicos. A matéria foi exibida nesse domingo (17), e mostra a facilidade que as quadrilhas têm para comprar os explosivos em obras no Sertão da Paraíba.

A cena é impressionante, e ocorre em quase todo o Brasil. Para entrar na agência bancária que está fechada, bandidos usam um machado ou um pé de cabra. Qualquer pessoa que esteja por perto pode virar refém, até mesmo policiais.

Dentro da agência, os criminosos golpeiam os caixas eletrônicos. O que eles querem é abrir espaço pra colocar dinamite dentro das máquinas.

As explosões destroem não só os caixas, mas a agência toda. Colocam em risco prédios vizinhos e aterrorizam cidades inteiras.

Quase sempre são municípios onde os poucos policiais não têm equipamentos para enfrentar as quadrilhas fortemente armadas, como conta um PM que não quer ser identificado: “Estava sozinho com uma pistola somente, e eles estavam em torno de oito armados com fuzil de grosso calibre”.

Os bandidos também atacam os cofres de pedágios, empresas e até prefeituras. A guerra começa com o comércio clandestino e o roubo de explosivos.

Na Paraíba
Os bandidos também buscam explosivos em pedreiras, garimpos e obras. Em uma região mineradora no interior da Paraíba, um garimpeiro oferece uma grande quantidade de explosivos.

– Aquela quantidade que o senhor tem lá é 25 quilos?
– 25 quilos.
– Esses 25, o senhor faz por quanto?
– R$ 260
– E o senhor acha que isso dá para cem explosões?
– Nessa faixa.

Com o único banco destruído, as vendas no comércio de lagoa seca despencaram, como diz um lojista que não quer ser identificado: “O comércio teve uma queda de 80%, está praticamente parado”.
Em outra cidade paraibana, o ataque aconteceu na agência, que fica ao lado da Câmara de Vereadores e em frente ao fórum.

Os bandidos entraram no banco de madrugada. A explosão foi tão forte que destruiu até o telhado da agência e abriu rachaduras no prédio vizinho.

“A explosão parecia que era dentro de casa. Parecia que tinha derrubado a casa”, conta uma moradora.
“O pessoal sentiu um medo muito forte. Teve gente que pensou que era o fim do mundo, estavam dizendo que o mundo ia acabar”, diz outro morador.

Ousadia  
No início deste mês, uma quadrilha usou um homem-bomba para roubar dinheiro de um carro-forte na capital paraibana. Segundo a polícia, os bandidos invadiram a casa de um motorista da empresa proprietária do carro-forte. Tomaram a família como refém. Em seguida, prenderam explosivos no corpo dele e fotografaram tudo.

Ele saiu sozinho para trabalhar, levando um telefone celular dado pelos bandidos. Enquanto a família estava em poder da quadrilha, ele foi obrigado a informar pelo telefone quando haveria o transporte de uma grande quantidade de dinheiro. O bando atacou, explodindo o carro-forte. Levou R$ 650 mil e libertou os reféns e o motorista.

Medidas dos bancos
Para inibir esses assaltos, o mecanismo de segurança mais comum é o dispositivo que mancha as notas quando o caixa é estourado, mas os bandidos descobriram como lavar as cédulas. “Na primeira leva de tinta, eles conseguiam lavar a tinta. Então os bancos já estão no quarto tipo de tinta, e esse tipo de tinta que é usado agora não se consegue lavar, porque ele entranha na nota”, explica o presidente da Federação Brasileira de Bancos, Murilo Portugal.

Outras tecnologias estão sendo testadas, como a bomba que solta fumaça na agência quando os caixas são atacados. A ideia é dificultar a visão dos bandidos, que assim desistiriam do assalto.

“Alguns bancos estão testando essa bomba de fumaça, e nós ainda não temos uma opinião final sobre isso. Nós devemos atacar as causas desse problema, que é o acesso fácil aos explosivos, é o excesso de bandidos na rua”, diz o especialista.

Fiscalização
Pela lei, cabe ao Exército fiscalizar a fabricação, o comércio e o uso de explosivos. No ano passado, segundo o Exército, pouco mais da metade das 1.070 empresas que têm autorização para usar explosivos foi fiscalizada.

“Em 2012 foram realizadas 450 vistorias em empresas diferentes, 450 vistoriadas em todo o Brasil. Vistorias aonde o fiscal vai no depósito, vistorias para verificar indícios de irregularidades, vistorias realizadas para concessão, para revalidação: se a gente somar tudo isso, vai dar mais de 50%”, diz Achiles Santos Jacinto Filho, assessor da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Comando do Exército.

Ainda segundo o Exército, no ano passado foram registrados 60 casos de extravio de explosivos. Só nesta semana houve pelo menos três episódios de roubo em diferentes regiões do Brasil.

Fora do Brasil
No Paraguai, o repórter Giovani Grizotti negocia com um vendedor clandestino em Ciudad del Este. O vendedor explica que a quantidade depende do tipo de assalto:

– Tem umas que já vêm preparadas para estourar uma casa ou ônibus. Tem umas que já vêm preparadas para caixa eletrônico. R$ 500 reais com o pavio.

Na mesma cidade paraguaia, outro vendedor diz que consegue dinamite porque o irmão trabalha em uma pedreira, conhecida como ‘cantera’:
– Quanto sai?
– Esse está caro, meu irmão: US$ 150 dólares cada uma.
– Cada banana?
– Sim. Você não vai conseguir em qualquer lugar. Eu tenho meu irmão que trabalha na ‘cantera’.

Veja vídeo da Globo

DIÁRIO DO SERTÃO com Fantástico da Globo

 

 

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