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Sousa: a capital da energia solar da Paraíba

Existe em Sousa o Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (Cersa), um coletivo do qual fazem parte várias organizações, pesquisadores e colaboradores

Por Diário do Sertão com Abdias Duque

24/07/2018 às 16h53

Sousa e a energia solar

Energia solar é um termo que se refere à energia proveniente da luz e do calor do Sol. É utilizada por meio de diferentes tecnologias em constante evolução, como o aquecimento solar, a energia solar fotovoltaica, a energia heliotérmica, a arquitetura solar e a fotossíntese artificial. Na geração fotovoltaica, a energia luminosa é convertida diretamente em energia elétrica.

A energia solar está em crescimento no Brasil, tendo em vista que o país é um dos maiores níveis de radiação solar do mundo. É uma energia praticamente inesgotável, disponível diariamente, que requer pouca manutenção e que não polui nem causa impactos ambientais significativos. A região Nordeste apresenta os maiores índices de radiação solar do país, o que a torna um local de grande potencial para o sistema de energia solar. O Estado da Paraíba possui um potencial significativo para a geração de energia solar.

Uma região que apresenta potencialidade de energia renovável é o Sertão do Estado da Paraíba os estudos apontam para uma alta incidência de luz solar especificamente nas cidades (Coremas, Catolé do Rocha e Sousa), despertado o interesse de empresas para a instalação de usinas que utilizam o sol como fonte de produção de energia. O uso da luz solar para produzir eletricidade trata-se de uma fonte inesgotável e limpa, que não emite resíduo, não provoca desmatamento, alagamentos ou desvio de curso de rios, nem sinaliza para a possibilidade de vazamento de radiação, pois preserva o potencial da natureza para a produção de recursos renováveis.

Segundo Chigueru Tiba, professor e pesquisador do grupo de Fontes Alternativas de Energia (FAE) do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o noroeste da Paraíba é um dos melhores lugares do Brasil em relação à incidência dos raios solares. “Cidades como Sousa e Patos têm uma radiação média anual de 20 MJ/m². Em um mês como dezembro, por exemplo, quando tem muito sol, a Paraíba tem uma incidência de 24 MJ/m² ou 26 MJ/m²”, comenta. Megajoule (MJ) é uma unidade de medida de energia, também usada para aferir a incidência de radiação solar.

Existe em Sousa o Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (Cersa), um coletivo do qual fazem parte várias organizações, pesquisadores e colaboradores. Fundado em julho de 2014 fruto da inquietação de ativistas ambientais, pesquisadores, organizações não-governamentais, reunidos e com a consciência de que o semiárido brasileiro dispõe de um dos mais altos índices de insolação do planeta, o que significa uma privilegiada potencialidade de contribuir com a produção de energia elétrica e térmica solar.

O objetivo do Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (Cersa) é mostrar o grande potencial energético do semiárido. É possível aproveitar os raios solares para gerar energia nos telhados de casas e, escolas, hospitais e prédios, beneficiando as pessoas e o meio ambiente. A energia solar fotovoltaica torna-se realidade como uma alternativa energética renovável, limpa e sustentável para o desenvolvimento da matriz elétrica do Brasil. O Comitê mostra a importância da energia solar sob o ponto de vista, teórico, social, econômico, financeiro e ambiental. O Comitê tem como coordenador advogado e militante ecossocialista, César Nóbrega.
O professor e engenheiro eletricista, Walderan Trindade, explica que é possível sim colocar um sistema mais simples para captação de energia através de raios solares em qualquer casa. Segundo o professor, o investimento vai depender da quantidade de energia que é utilizada na casa, porque isso determina o tamanho do equipamento que será necessário.

Existem experiências exitosas de energia solar em Sousa em escolas, igrejas, empresas e cemitérios, hotéis e residências. Foi implantado um sistema de poço artesiano movido por energia solar no bairro Guanabara/Boa Vista para consumo da população local e para a limpeza do cemitério São João Batista em Sousa.

A inciativa “Igreja Solar” do Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (CERSA) instalou o sistema fotovoltaico de 40 kWp em Sousa, na Paróquia de Santana. O projeto Semiárido Solar está presente neste empreendimento e foi o doador de um conjunto de equipamentos solares somando 5 kWp . Os outros 35 kW foram adquiridos com recursos próprios.Dois sistemas independentes foram instalados. O primeiro com 126 módulos de 325 Wp totalizando 40,95 kWp, com uma produção mensal estimada de 6.000 kWh. Dois inversores de 20 kW cada um da marca Refusol completou a instalação. Este sistema foi adquirido pela própria paróquia.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professora Dione Diniz Oliveira Dias no Núcleo Habitacional II, Sousa-PB é a primeira escola estadual da Paraíba a inaugurar um sistema solar fotovoltaico interligado à rede elétrica. O projeto foi realizado em parceria com o Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (Cersa), o Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, Misereor (entidade da Igreja Católica na Alemanha) e Cáritas Brasileira.

“Em Sousa existem hoje cerca de cem sistemas instalados. No Hotel Vò Ita, Posto Chabocão, Cemitério Parque Jardim da Paz, Farmácia Santo Antônio, Indústria de Sabão Novo Reino, Industria e Comercio de Sorvetes Flor de Lis Ltda, Pio Supermercado, Super Félix e residências”, informa o coordenador do Cersa, César Nóbrega.

De acordo com o jornalista, Mário Osava correspondente no Brasil da agência de notícias Inter Press Service (IPS) e membro de conselhos ou assembleia de sócios de várias organizações não governamentais, como o Ibase, o Instituto Fazer Brasil e a Agência de Notícias dos Direitos da Criança (ANDI), a cidade de Sousa já se destaca neste seguimento e já pode ser considerada uma espécie de capital da energia solar por conta das iniciativas pioneiras que vem sendo desenvolvidas na região “a gente já pode chamar Sousa de capital, porque proporcionalmente o que já existe aqui de energia solar, é mais do que existe nas capitais que tem populações de milhões, enquanto aqui é de apenas 80 mil pessoas” ressaltou Mário Osava.

O jornalista chama atenção para uma realidade que já acontece em Sousa, no que diz respeito à existência de cinco empresas que executam e montam projetos com instalação de várias placas “fotovoltaicas” em vários estabelecimentos da cidade “aqui já há projetos que demonstram a eficiência da energia solar e as transformações que isso pode provocar”, disse Mário Osava.

Para que a questão energética se torne sustentável, é imperioso que seus problemas sejam discutidos de forma ampla, incluindo não somente a gestão, o desenvolvimento e a adoção de inovações tecnológicas, mas também promovendo mudanças quanto ao comportamento da sociedade.

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