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Após “dormir pobre e acordar rico”, Douglas volta da seleção com moral

Desfalque lamentado por Jorginho, volante se reapresenta nesta terça. Em entrevista, cita força para agarrar chance, elogia Micale e revela amizade com atletas cariocas

Por Campelo Sousa

18/10/2016 às 13h39 • atualizado em 18/10/2016 às 08h43

Jorginho poderá contar novamente com Douglas (Foto: Carlos Gregório Jr. / Vasco.com.br)

Douglas não conseguia dormir direito na véspera da partida contra o Vila Nova, em 30 de agosto. Seria sua primeira chance como titular no time profissional do Vasco. Mais do que isso: para o garoto criado na comunidade da Nova Holanda, na Zona Norte do Rio de Janeiro, era a oportunidade de mudar de vida. A metáfora em sua cabeça era clara.

– Por eu não ser o nome mais badalado da base, eu vinha trabalhando pelas beiradas, forte. Quando tivesse a oportunidade, que fosse a primeira e única, para não perdê-la. Na noite antes do jogo eu pensava: “Amanhã é o dia de dormir pobre e acordar rico.” Era a minha chance e tinha que aproveitar ao máximo possível para continuar – contou Douglas ao GloboEsporte.com, enquanto estava com a seleção brasileira sub-20.

Desfalque lamentado
De nome pouco badalado na base, Douglas virou titular absoluto do Vasco. Tanto que, no período em que vestiu pela primeira vez a camisa amarela do Brasil, teve ausência lamentada pelo técnico Jorginho em São Januário. Ele se reapresenta nesta terça-feira, após ser titular em dois dos três jogos do Quadrangular de Seleções conquistado pela equipe de Rogério Micale no Chile.

Foi a primeira viagem internacional de Douglas. Mais um sinal de que a vida do garoto mudou desde aquele jogo contra o Vila Nova, em que o time perdeu, mas o volante fez um belo gol de fora da área. As coisas melhoraram: ele renovou contrato, recebeu aumento salarial e está prestes a sair da Nova Holanda.

Durante a experiência na seleção sub-20, Douglas ficou impressionado com o trabalho de Rogério Micale. A recíproca foi verdadeira: o treinador campeão olímpico utilizou o garoto como titular nos duelos com Equador e Chile.

– Foi uma experiência muito boa. Espero ter deixado boa impressão. Foi um prazer imenso ter trabalhado com ele (Micale). É muito inteligente, tem um trabalho bem diferente, que eu não imaginava. Por isso ele foi campeão olímpico. Aprendi muitas coisas, mesmo com pouco tempo.

Entre as coisas que Douglas aprendeu, está a catimba sul-americana. O garoto de 18 anos viveu na pele a rivalidade com as seleções estrangeiras. Contra o Chile, no empate em 1 a 1 que definiu o título brasileiro, teve de lidar com a provocação de um jogador adversário.

– Os caras são catimbeiros. Os chilenos tentaram me cuspir. Não tinha passado por isso ainda. A rivalidade é muito forte por causa dos estilo da seleção.

Ao conviver com outros jogadores brasileiros, a situação foi oposta. Douglas conhecia, por ter enfrentando, atletas de outros times cariocas. E foi justamente com os flamenguistas Lucas Paquetá e Felipe Vizeu e o botafoguense Mateus Fernandes, além do lateral Marlon, do Criciúma, com quem ele travou maior amizade.

– A molecada aqui é zoeira (risos). Quando é para ser sério nos treinos e trabalhos, todo mundo é sério. Fora isso, tudo é na brincadeira. Eu conhecia a galera do Rio, me entrosei rápido.

Sem relaxar
No retorno ao Vasco, Douglas vai encontrar um ambiente mais pesado. Após a derrota para o CRB em São Januário, o elenco teve de trabalhar de forma integral na segunda-feira, e a programação ao longo da semana será informada diariamente. O próximo desafio é contra o Paraná, em Cariacica, no sábado.

Apesar do novo status no clube, o volante não quer diminuir o ritmo. Entre as lições que aprendeu na seleção, está a de não relaxar – afinal, em 2017, há as disputas do Sul-Americano e do Mundial sub-20, além dos compromissos pelo Vasco. E ele quer estar lá, para manter a rápida ascensão no futebol.

– A primeira coisa que acontece é os jogadores darem uma relaxada quando voltam para os clubes. Não quero isso para mim, quero continuar trabalhando forte, agradando a torcida, o professor Jorginho. É um momento difícil que estamos passando, mas vamos tentar voltar e trabalhar firme O grupo é bom, e vamos sair dessa.

Com Douglas, o Vasco volta a treinar nesta terça-feira, às 17h (de Brasília), em São Januário. O time é o vice-líder da Série B, com 54 pontos, quatro a menos que o primeiro colocado, Atlético-GO, a sete rodadas do fim da competição.

GE

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