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“Baleia Azul” pode ser gatilho para depressão; saiba reconhecer os sintomas

Estreitar a relação e se atentar ao comportamento dos filhos em um contexto geral são algumas formas de se identificar transtornos psicológicos

Por Campelo Sousa

26/04/2017 às 08h53

Isolamento, baixa autoestima, irritabilidade, insônia e baixo desempenho escolar são alguns dos sintomas da doença (Foto: shutterstock)

A série lançada recentemente pela Netflix “13 Reasons Why” e o desafio da “Baleia Azul”, que sugere que jovens e adolescentes cometam o suicídio, reascende a preocupação de pais e educadores sobre casos de depressão e transtornos psicológicos . Enquanto a série apresenta um enredo ficcional, o desafio mostra na realidade a história de jovens que deram fim à vida por conta de um “jogo”.

“É um incentivo ao suicídio que atingirá jovens e crianças que apresentam propensões a se matarem, como nos casos de depressão , ansiedade e outros quadros psiquiatricos”, comenta a neuropsicóloga e mestre em psicologia do desenvolvimento Deborah Moss sobre o desafio da “Baleia Azul”.

Por que os jovens buscam conteúdos destrutivos? Como identificar se seu filho está se isolando na internet e precisa de ajuda? A psicóloga explica que a busca por conteúdos destrutivos na internet é consequência de um quadro emocional da criança ou do jovem. Muitas vezes, a web apresenta-se como uma forma de refúgio para aqueles estão enfrentando uma fase difícil.

Comportamento off-line
Para Deborah, antes de se preocupar com o conteúdo acessado na internet é importante perceber o comportamento dos filhos no mundo real. “Eles parecem estar bem? Aparentam estar tristes, irritados ou agressivos de modo constante? Preferem ficar mais no mundo virtual?”, questiona.

A psicóloga recomenda mostrar interesse pela vida dos filhos e procurar olhar para eles como um todo. “Verifique tudo que os cerca: escola, amigos, vida social e relações familiares. Em algum destes aspectos os pais poderão ter pistas do seu estado”, orienta. Deborah explica que os jovens podem pedir ajuda de forma indireta e, por isso, é essencial estar atento para os hábitos e comportamento deles.

Sintomas
A psicóloga explica que nem sempre os sintomas da depressão aparecem de forma nítida e são facilmente identificados. “Muitos podem ser confundidos com aspectos da idade”, alerta. Deborah recomenda observar o comportamento geral a criança e do adolescente, atentando-se a mudanças repentinas de humor e a intensidade que isso acontece.

De modo geral, os principais sintomas da doença são: baixo desempenho escolar, pouca capacidade para se divertir, sonolência ou insônia, mudança no padrão alimentar, fadiga excessiva, queixas físicas, irritabilidade, sentimentos de culpa, baixa autoestima, sentimentos depressivos, ideias e atos suicida, choro, agitação, agressividade.

Provavelmente atos como automutilação serão escondidos. Por isso, observe se a criança ou jovem está usando roupas de manga longa e moletons mesmo em dias quentes.

Caso você perceba algum sintoma citado anteriormente, o primeiro passo é buscar ajuda de profissionais especializados, como psicólogos e psiquiatras. Neste momento, seu filho precisará de todo o suporte e apoio necessário para se curar.

Cuidados
De acordo com Deborah, negar o uso da internet não é a melhor solução. Afinal, a rede oferece vários pontos positivos e proibir nunca é a saída ideal para nada. No entanto, é importante estabelecer limites e supervisionar o uso de aparelhos eletrônicos. Para isso, procure saber o que o jovem está acessando, o que e com quem está jogando, e se aceitou convites de desconhecidos.

No início pode até parecer invasão de privacidade, mas é uma atitude essencial quando se trata do cuidado de crianças. Como ainda não são completamente cientes e preparadas para lidar com situações não esperadas na rede, elas podem entrar em contato com estranhos e se envolver em “brincadeiras” perigosas como o desafio da “Baleia Azul”.

O diálogo frequente também é algo essencial para evitar que crianças e jovens se envolvam em atividades destrutivas na internet. Pergunte sobre as novidades da escola, dos amigos e procure sempre saber como seu filho está se sentindo diante de determinadas situações. Com essa conversa diária, o canal da comunicação fica sempre aberto e eles passam a perceber que a família é um ponto de segurança e confiança.
Além disso, proponha mais momentos em família e outras atividades prazerosas na vida desse jovem. “O mundo virtual deve fazer parte de uma das ocupações do seu filho, mas não deve ser tudo na vida deve”, orienta Deborah.

Alternativas positivas
Na hora de propor atividades em família para estreitar a relação pais e filhos, é importante tirá-los da zona de conforto, mas também é possível buscar alternativas de entretenimento na própria internet. Desta forma, com conteúdos positivos e divertidos, os pais conseguem uma aproximação com os filhos sem distanciá-los do ambiente que eles se sentem seguros.

Pensando na ideia de criar e propagar mensagens boas na rede, dois amigos criaram o desafio da “ Baleia Rosa ”. A brincadeira consiste em desafiar os participantes a realizar uma série de atividades positivas. Para concluir o desafio, as pessoas devem postar o resultado nas redes sociais com as hashtags #eusoubaleiarosa #espalhebaleiarosa.

Para divulgar o desafio, foi criada uma página nas redes sociais, que soma mais de 250mil seguidores, e um site que disponibiliza uma lista com estabelecimentos que oferecem atendimento psicológico gratuito.

“Precisávamos mostrar que a internet pode ser uma ferramenta para espalhar o bem, na mesma proporção e até maior do que o contrário”, diz uma das criadoras do desafio, que prefere não ser identificada.

As atividades propostas pelos criadores da página são uma forma de levar felicidade às pessoas e relembrar que todos são capazes de fazer o bem. “Acreditamos que é importante parar e observar que o real valor da vida e a felicidade, estão nas pequenas coisas.”

Apresentar atividades como estas pode ser uma forma de distanciar conteúdos destrutivos e até reascender a autoestima e bem estar de crianças e adolescentes com depressão. A criadora do desafio conta que muitas pessoas retornam com comentários positivos e agradecem a diferença que a “Baleia Rosa” está fazendo no dia a dia delas.

IG

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