header top bar

Maria do Carmo

section content

Ditadura e antipatriotismo

12/05/2025 às 16h08

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Por Maria do Carmo – A tônica do momento é o julgamento dos que praticaram os atos de vandalismos às instituições federais no dia 8 de março de 2023. Diante do desrespeito à Democracia, muitos ficam perdidos no labirinto das controvérsias com o falso moralismo se dizendo “patriota”, no entanto, alimentavam o sonho da volta da Ditadura. Na contramão os entendimentos de várias mentalidades na comparação aos que praticaram tresloucadas atitudes aos que foram presos na época da Ditadura Militar: contextos bem diferentes e bastante contraditórios.

A primeira trata-se ações impensadas dos seguidores de um ex-presidente confuso com os resultados da sua própria vitória em 2018, a insanidade contaminou muita gente que entrou na paranoia de infringir o Estado Democrático de Direito. Na segunda premissa está um passado cruel de quem que enfrentou a repressão militar na qual muitos brasileiros e brasileiras sofreram prisões, torturas, mortes e outros sobreviveram com traumas psicológicos até hoje: tudo por amor uma Pátria Democrática. São duas realidades distintas em relação à anistia concedida aos presos políticos do período da Ditadura, que difere dos presos golpistas que tinham o objetivo de enfraquecer a Democracia do Brasil.

A História relata os tempos tenebrosos da Ditadura Militar no Brasil entre 1964 a 1985, conforme o artigo do Site Brasil Escola, um período marcado pela repressão militar sem se falar nas lástimas em relação à política partidária e à economia (inflação, dívida externa etc). Os Atos Institucionais no seu bojo oficializavam as arbitrariedades do governo em nome da “Segurança Nacional” eram Decretos que reforçavam os poderes do executivo com os aparatos da repressão à censura, sequestro, torturas, execuções, ataques à bomba, expurgos, cassações e desaparecimento de cadáveres. Era uma sociedade aterrorizada sem liberdade e desprotegida do governo cujo objetivo era perseguir e punir a quem se posicionasse contrário ao mesmo.

Os Atos Institucionais tornavam legal na Ditadura o que hoje é ilegal na democracia. O terrorismo do AI-1 oficializava as prisões indiscriminadas em navios, estádios de futebol e expurgos de pessoas do serviço público entre estas dezenas de juízes outras perderam direitos políticos, militares foram colocados na reserva, a Liga Camponesa e a UNE sofreram com a repressão governamental. O direito da população de escolher seu representante foi retirado pelo AI-2 e o bipartidarismo foi estabelecido pelo AI-3. A repressão militar foi ampliada com o AI-5 no qual o Presidente do Brasil teria o direito de fechar o Congresso, o governo podia intervir nos Estados e municípios, estes suportes jurídicos possibilitavam aos militares a praticarem repressão contra aos opositores do regime sendo vistos como subversivos.

Na época os militares do Brasil tinha carta branca do governo para realizar várias formas de  torturas: a)o pau de arara onde pessoas eram amarradas em barras de ferros entre os pulsos e joelhos  sofrendo choques elétricos ou afogamentos; b)choques elétricos, fios ligados ao corpo  da pessoa e até nas partes íntimas; c) geladeira em que a vítima era colocada em uma sala com temperatura baixíssima e era emitido som estridente; d) torturas com palmatórias em locais como as nádegas até ficar em carne viva; e) uso de animais em que as vítimas eram colocadas juntos de animais selvagens e perigosos como cobras ;f) afogamentos cuja vítima no pau de arara onde sua cabeça era introduzida na água sufocando bocas e narinas e sessões de choques.

Entre as vítimas destas injustiças e crueldades estavam além de homens, mulheres também, crianças segundo o artigo, uma vítima inocente foi encaminhada para o Departamento de Ordem Pública e Social quando tinha um ano e oito meses, foi torturado na frente de seus pais em 1974, um de seus dentes foi quebrado, levou choques elétricos, cresceu com problemas emocionais e cometeu suicídio em 2013 em consequência dos transtornos emocionais adquiridos na sua fase infantil. Mulheres sofreram torturas com palmatória, choque elétrico nos seios e vagina, houve vítima de estupro uma dela foi exilada e cometeu suicídio.  O mesmo   artigo relata que Stuart Angel foi amarrado pela boca no cano de escapamento de um jipe e arrastado pela base aérea do Galeão.

Neste cenário escuro da repressão militar, existiram os casos não registrados pela História estes aconteceram silenciosamente em outros pontos do país ou fora do mesmo em que pessoas ficaram paraplégicas e outras sequelas emocionais para o resto da vida. Neste canário estavam pessoas na linha de frente dos movimentos Frente Ampla, Movimento Operário e os que não participavam de nenhum movimento popular, ou seja, simples trabalhadores e estudantes sofreram perseguições, torturas e foram assassinadas nos tempos de chumbo iniciado com o golpe de 1964.  São relatos da realidade cruel e desumana da Ditadura Militar no Brasil contra aqueles que se posicionavam contra às arbitrariedades do governo e manifestavam resistência no enfrentamento a opressão provocada pelo mesmo.

Vivemos uma nova era, a da Democracia que se iniciou em 1985 com a eleição de Tancredo Neves começando a encerrar com este período macabro no Brasil sendo consolidado com as eleições diretas para presidente do país em 1989. A anistia concedida aos presos políticos da ditadura militar, se trata de certa forma à liberdade às pessoas de consciência política as quais lutavam pela Democracia e consequentemente se posicionavam contra um governo ditador cujo regime castrava os direitos civis e político da população de forma radical, centralizadora, perseguidora e repressora.

Os atos criminosos de depredação do 8 de janeiro de 2023 representa a controvérsia, ou seja, uma leva de pessoas lesadas em proferir a ditadura, uma espécie de sandice estava presente nos apoiadores disseminando o ódio de um ex-presidente que fazia uso da desinformação dos mesmos para fragilizar e promover o desiquilíbrio entre os três poderes. É fundamental ler a História e conhecer o que de fato aconteceu na era antidemocrática afinal, constitui uma forma de ressignificar a importância da Democracia e de realmente ser um verdadeiro patriota.

Avançar no sentido do discernimento de que quem provoca a baderna e depreda o patrimônio público deve ser punido dentro dos trâmites legais da lei. Ao mesmo tempo ter a maturidade no sentido de não se deixar levar pela  emoção de satisfazer o inconformismo de quem almejava aplicar um golpe para saciar sua frustração de derrota nas urnas.

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 08 de maio de 2025


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: