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Damião Fernandes

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Intolerância Religiosa: “EU NÃO SOU CHARLIE”

19/01/2015 às 18h26

Eu nunca me considerei um sujeito antidemocrático ou intelorenate á ideias ou opiniões divergentes. Sempre fui e sou defensor do bom debate, daquele saudável embate de princípios. Sou daqueles que acreditam que cada homem e mulher livres possuem o sagrado direito de se expressarem sobre qualquer assunto, desde que ajam com a responsabilidade do respeito ás ideias divergentes e contraditórias. Até aqui, acredito que esteja claro que a liberdade não é livre de responsabilidade. Liberdade e responsabilidade é uma via de mão dupla que guiará minhas escolhas e minhas ações.

Nunca se falou tanto em liberdade e erguido tão alta a bandeira da defesa da liberdade de expressão quanto estes dias. Acredito que somente na França 1798 quando antigos ideais da tradição e da hierarquia de monarcas, aristocratas e da Igreja foram abruptamente derrubados pelos novos princípios de Liberté, Égalitè, Fraternitè. Em nome da famosa liberdade de expressão, existe na França e em toda a Europa um projeto de intolerância étnico-religioso contra o mundo Islâmico sob a máscara da liberdade de expressão. O que é no mínimo contraditório. Mas o mundo está cheio de contradições.

Pois bem, o Jornal “Charlie Hebdo” é apenas mais uma peça neste grande quebra-cabeça. Um tipo de islamofobia vem ocorrendo na França como em grande parte da Europa. O que é Islamofobia? Pode-se defini-la como um sentimento de ódio, preconceito ou hostilidade contra o Islamismo – histórico   étnico, cultural e religioso. Na sua forma mais extrema, atribui aos mulçumanos uma posição excepcional entre todas as outras civilizações, difamando-os como um grupo inferior e negando que eles sejam parte das nações “civilizadas”. Entrelaçado á questão da Liberdade está o tema da intolerância religiosa, que grande parte dos intelectuais e da grande mídia tentam camuflar. O Jornal “Charlie Hebdo” reiteradas vezes tratou com desrespeito a crença e os profetas da doutrina Islâmica e de religiões Cristãs. Nada que justifique a morte dos jornalistas, mas que tudo isso poderia ser evitado se a métrica das suas condutas tivesse a responsabilidade e respeito ás crenças alheias.

A liberdade de se expressar, não significa possibilidade absoluta à ofensa verbal ou simbólica às pessoas. A liberdade em si mesma não está desligada da responsabilidade do agir e da escolha prudente.

A liberdade de expressão privada é uma relação natural entre as partes e por isso não necessita de prevenção ou censura. Já a liberdade de expressão pública necessita de censura como único meio de garantir a liberdade dos cidadãos e a igualdade de tratamento, responsabilizando-se o Estado em representar a parte a atingir, pois não existe outra possibilidade prática. É um conceito fundamental nas democracias modernas nas quais o limite expressivo não tem respaldo moral.

Não é possível que o direito á liberdade de expressão seja exercido para justificar a violência, a difamação, a calúnia, a subversão ou a obscenidade contra aquele que pensa, que acredita ou vive diferente. As democracias consolidadas geralmente requerem um alto grau de ameaça para justificar a proibição da liberdade de expressão que possa incitar à violência, a caluniar a reputação de outros, a derrubar um governo constitucional ou a promover um comportamento licencioso. O desafio para uma democracia é o equilíbrio: defender a liberdade de expressão e de reunião e ao mesmo tempo impedir o discurso que incita à violência, à intimidação ou à subversão.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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