Intolerância Religiosa: “EU NÃO SOU CHARLIE”
Eu nunca me considerei um sujeito antidemocrático ou intelorenate á ideias ou opiniões divergentes. Sempre fui e sou defensor do bom debate, daquele saudável embate de princípios. Sou daqueles que acreditam que cada homem e mulher livres possuem o sagrado direito de se expressarem sobre qualquer assunto, desde que ajam com a responsabilidade do respeito ás ideias divergentes e contraditórias. Até aqui, acredito que esteja claro que a liberdade não é livre de responsabilidade. Liberdade e responsabilidade é uma via de mão dupla que guiará minhas escolhas e minhas ações.
Nunca se falou tanto em liberdade e erguido tão alta a bandeira da defesa da liberdade de expressão quanto estes dias. Acredito que somente na França 1798 quando antigos ideais da tradição e da hierarquia de monarcas, aristocratas e da Igreja foram abruptamente derrubados pelos novos princípios de Liberté, Égalitè, Fraternitè. Em nome da famosa liberdade de expressão, existe na França e em toda a Europa um projeto de intolerância étnico-religioso contra o mundo Islâmico sob a máscara da liberdade de expressão. O que é no mínimo contraditório. Mas o mundo está cheio de contradições.
Pois bem, o Jornal “Charlie Hebdo” é apenas mais uma peça neste grande quebra-cabeça. Um tipo de islamofobia vem ocorrendo na França como em grande parte da Europa. O que é Islamofobia? Pode-se defini-la como um sentimento de ódio, preconceito ou hostilidade contra o Islamismo – histórico étnico, cultural e religioso. Na sua forma mais extrema, atribui aos mulçumanos uma posição excepcional entre todas as outras civilizações, difamando-os como um grupo inferior e negando que eles sejam parte das nações “civilizadas”. Entrelaçado á questão da Liberdade está o tema da intolerância religiosa, que grande parte dos intelectuais e da grande mídia tentam camuflar. O Jornal “Charlie Hebdo” reiteradas vezes tratou com desrespeito a crença e os profetas da doutrina Islâmica e de religiões Cristãs. Nada que justifique a morte dos jornalistas, mas que tudo isso poderia ser evitado se a métrica das suas condutas tivesse a responsabilidade e respeito ás crenças alheias.
A liberdade de se expressar, não significa possibilidade absoluta à ofensa verbal ou simbólica às pessoas. A liberdade em si mesma não está desligada da responsabilidade do agir e da escolha prudente.
A liberdade de expressão privada é uma relação natural entre as partes e por isso não necessita de prevenção ou censura. Já a liberdade de expressão pública necessita de censura como único meio de garantir a liberdade dos cidadãos e a igualdade de tratamento, responsabilizando-se o Estado em representar a parte a atingir, pois não existe outra possibilidade prática. É um conceito fundamental nas democracias modernas nas quais o limite expressivo não tem respaldo moral.
Não é possível que o direito á liberdade de expressão seja exercido para justificar a violência, a difamação, a calúnia, a subversão ou a obscenidade contra aquele que pensa, que acredita ou vive diferente. As democracias consolidadas geralmente requerem um alto grau de ameaça para justificar a proibição da liberdade de expressão que possa incitar à violência, a caluniar a reputação de outros, a derrubar um governo constitucional ou a promover um comportamento licencioso. O desafio para uma democracia é o equilíbrio: defender a liberdade de expressão e de reunião e ao mesmo tempo impedir o discurso que incita à violência, à intimidação ou à subversão.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário