Além da mesmice
O noticiário político de Cajazeiras tem sido alimentado, nas últimas semanas, por denúncias de travessuras eróticas e exóticas. O assunto adquiriu dimensão estadual através do discurso pronunciado da tribuna da Assembleia Legislativa pelo deputado Vituriano de Abreu (PSC), quando propagou fatos e versões, dando assim maior repercussão ao imbróglio. O tema ocupou a atenção do deputado José Aldemir (DEM) e mobilizou secretários municipais, vereadores, radialistas, enfim, meio mundo. O vereador Marcos Barros, presidente da Câmara Municipal, distribuiu nota à imprensa em defesa própria e tentou deslocar o foco para o pleito de 2012, atribuindo à denúncia motivação político-eleitoral.
Assunto sério virou piada com muitos figurantes, tantos são os episódios (alguns deles escabrosos) lembrados à boca pequena para o deleite da galera. Dada a forte conotação eleitoral que motiva a divulgação do caso, pode-se esperar o prosseguimento de tais mexericos, na verdade, um prato recheado de aventuras, traições, hímens rompidos, adultérios e outras sacanagens praticadas por figuras da política cajazeirense. Infelizmente. Chega a ser trágico. Trágico para uma cidade como Cajazeiras, carente de uma agenda positiva para seu desenvolvimento.
Uma tristeza!
Tudo indica que o tema entrará na pauta da campanha eleitoral de 2012. O papel atribuído ao vereador Marcos Barros, sendo ele aspirante a candidato a prefeito ou a vice, certamente, vai gerar outras reações em cadeia, podendo-se antever a exposição pública de intimidade de personagens políticos para desassossego de muitos. De muitos, sim, pois são numerosos os pecados e os pecadores nessa matéria.
Que pobreza política!
Nossa vida política e administrativa, que já vinha atolada na mesmice de sempre, agora vai mergulhar no pior dos mundos: o pântano da vida íntima das pessoas. Nessa área o inferno é o limite. Por quê? Porque verdade e mentira, fato e versão, o real e o imaginário se confundem. E crescem na imensa capacidade inventiva de nosso povo, useiro e vezeiro em suprir com a imaginação criativa a ausência de fatos. Enquanto isso, a gente esquece os reais problemas que se acumulam em Cajazeiras, nesta quadra de extraordinário crescimento, mas também de desordem urbana, improbidade administrativa, incompetência, por isso mesmo, precisando de novos rumos e de ações urgentes, cuja rota deveria brotar do debate sério entre a comunidade e suas lideranças políticas.
Que esperar então da campanha eleitoral de 2012?
Nada. Nada além da mesmice, agora, contaminada pelo bate-boca inconseqüente, trazido a público, justo um ano antes do pleito municipal. Marchamos assim para repetir os mesmos erros do passado. Quem é do “partido azul”, tem a mesma postura mental de quem se sente no “partido encarnado”. Neste falso pastoril, basta avaliar se a versão prejudica ou favorece um dos dois lados. Pronto, sirva-se o prato… Que maldição! Com esse debate, em torno de travessuras eróticas e exóticas, Cajazeiras termina por superar-se a si mesma em matéria de mediocridade política.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário