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Edivan Rodrigues

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Cajazeiras ensinou a Paraíba a ler

03/02/2012 às 11h26

A frase “Cajazeiras, cidade que ensinou a Paraíba a ler”, atribuída a Alcides Carneiro, teria sido pronunciada num arroubo oratório em tempo de eleição, ele que foi deputado federal, ministro e tentou ser governador em memorável disputa contra Osvaldo Trigueiro, em 1947. Embora exagerada, a louvação não é fruto exclusivo de sua imaginação. Havia razões históricas para ancorar a legenda, até hoje repetida pelos cajazeirenses.

Dia desses, tentei neste espaço traçar um paralelo entre o vigário José Antônio Marques da Silva Guimarães e o padre Inácio de Sousa Rolim, dois personagens fundamentais à história de Sousa e Cajazeiras. Ao reler textos de Deusdedit Leitão, encontrei pertinentes fatos que agora compartilho com meia dúzia de leitores. Todo cajazeirense sabe que antes do colégio fundado pelo padre Rolim, em 1843, ele iniciara sua missão de educador na escolinha da Serraria, por volta de 1829, e, mais tarde, na escola da nascente povoação de Cajazeiras.

Nessa época, Sousa já exibia o status de vila, sede de município, exercendo forte liderança no sertão da Paraíba. Pois bem, os primos Benedito Marques da Silva Acauã e Francisco Tavares Benevides, nascidos em Sousa, estudaram com o padre Rolim, recém chegado de Olinda, onde se ordenara. Aqueles dois sousenses, os primeiros bacharéis em direito da ribeira do Rio do Peixe formados em Olinda, marcaram presença na advocacia e na política. Benedito Acauã era irmão mais novo do padre José Antônio, chefe do Parido Liberal de Sousa, durante o Império. Francisco Benevides veio a ser cunhado do Comandante José Gomes de Sá Júnior, o chefe supremo do Partido Conservador sousense. Acauã e Benevides concluíram o curso de direito em 1837, a 5ª turma da Faculdade de Olinda. Graças às aulas do padre Rolim, em especial as de latim, disciplina então muito valorizada, Benedito Acauã e Francisco Benevides credenciaram-se para o ingresso naquela Faculdade. Portanto, já naquela época o saber estava aqui, muito embora Cajazeiras fosse um simples lugarejo.

Daqueles dois ex-alunos do padre Rolim, Benedito Acauã teve brilhante trajetória política e intelectual. Ao contrário de seu irmão, o padre José Antônio, que fincou os pés em Sousa como vigário e chefe político por mais de 30 anos, Acauã foi prefeito de Pombal e exerceu o mandato deputado federal. Um dos primeiros, senão o primeiro da região do Rio do Peixe. Como intelectual, publicou estudos técnicos e políticos, e integrou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Como se deduz, a preparação dos jovens estudantes sousenses aconteceu antes mesmo da instalação do famoso colégio do padre Rolim, em 1843, no local onde já funcionava a escola, mais tarde oficializada como unidade de ensino de instrução secundária, a merecer honrosas citações em Relatórios de Presidentes da Província da Paraíba. Fui ao fundo do baú buscar esses dados, que, ao lado de muitos outros, levaram Alcides Carneiro a brindar Cajazeiras com a frase célebre citada no início destas notas.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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