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Renato Abrantes

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Homens e filhos de Deus

15/06/2011 às 00h00

É impossível medir o valor de uma pessoa. Não há requisitos para qualificar alguém como melhor ou pior. Não devem ser o temperamento ou mesmo as inclinações os critérios de julgamento alheio. O simples fato de ser “pessoa” a torna única, diferente de todos os outros seres e diferente dos seus semelhantes.

Com relação aos outros seres, quais sejam os animais irracionais, os vegetais e os minerais, a pessoa distingue-se pela sua razão, ou seja, pela sua capacidade cognitiva e pela sua capacidade volitiva. Somente o homem é um ser inteligente, somente o homem é um ser de vontade. Inteligência e vontade, os dois elementos constituintes da racionalidade.

Um animal não aprende inteligentemente. Poderá algum defensor da “humanidade” dos animais dizer que o bichinho aprende sim, que tem até sentimentos. Vá lá que seja, mas nunca aprenderá ao nível dos homens. Estes, sim, são capazes de fazer raciocínios lógicos a partir de todo o conhecimento acumulado ao longo da vida. O animal não. Nem têm vontade. Têm, na verdade, instinto, que o leva a manter a vida e a perpetuar a espécie. Pela vontade, unida à inteligência, o homem, em atos heróicos, pode renunciar até mesmo a isto: que é o martírio, senão a declinação inteligente da própria vontade?

Os vegetais, embora tenham alma (princípio vital que “anima” todos os seres vivos, em grego “spiritus”, ou seja, sopro), porém em grau bem inferior aos animais, também não podem ser comparados aos homens, por motivos óbvios. O mesmo se diga dos minerais.

Com relação aos seus semelhantes, o homem é único. O grande Tomás de Aquino, “O Teólogo”, seguindo definição de Severino Boécio, diz que pessoa “é toda substância individual de natureza racional”. Ou seja, “pessoa” é a individualização de toda a racionalidade em um único ser, que existe, que tem existência, que é substância. Isto torna uma pessoa diferente de todas as outras que existem. Portanto, única, eternamente irrepetível.

Os seres incorpóreos, os anjos, se aproximam dos homens. São, como estes, inteligentes e livres, contudo, com uma diferença essencial. Somente os homens são chamados a ser filhos de Deus, eles não. Pelo Batismo, a dignidade humana foi consagrada com a dignidade cristã. Tornamo-nos, em Cristo, filhos do Pai, herdeiros do céu, reis com Cristo e membros da Santa Igreja, que já é o céu aqui na terra, “mas ainda não”, no dizer dos teólogos alemães.

Daí porque, seja com relação aos seres corpóreos, seja com relação aos seres incorpóreos, somos únicos. Por um lado, a condição de supremacia intelectual diante de todos os seres deste mundo. Por outro, a condição de superioridade que o próprio Deus nos concede: a de sermos filhos dEle.

O homem é duplamente digno. Qualquer afronta à sua humanidade ou à sua espiritualidade são atentados gravíssimos ao que de mais nobre o homem possui: ele próprio.

Não se pode medir o valor de uma pessoa, mas, infelizmente, é possível diminuí-la. A injustiça que se comete contra os outros é uma desvalorização das pessoas, principalmente dos que a cometem. A injustiça nos afasta dos nossos semelhantes e também de Deus. O pecado, injustiça contra Deus, que tanto nos ama, é uma desvalorização também. Da mesma forma, nos afasta de Deus e também dos homens.

A justiça e a amizade com Deus (a graça) nos tornam maiores que a nós mesmos.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

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