Mariz e as contas da prefeitura
As contas da prefeitura de Cajazeiras são um mistério. Faz tempo que o município, inadimplente, não recebe dinheiro extra da União. Prometeram equacionar o problema e até já anunciaram o fim do imbróglio. Nada feito. Assim parece. As informações que circulam são desencontradas, dando margem a especulações de toda ordem. E fica por isso mesmo, Cajazeiras perdendo a chance de novos investimentos com recursos do orçamento federal. Sei que o tema não é novo, ao contrário, é tão velho quanto a cansativa promessa de governar com transparência.
Isso me faz lembrar Antônio Mariz. Aos 26 anos foi prefeito de Sousa, eleito em 1963, em disputadíssimo pleito travado entre três candidatos: o advogado Mariz (PTB), o ex-prefeito Tosinho Gadelha (UDN) e o médico Laércio Pires (PSD). A campanha teve passeatas e comícios enormes, ao lado de visitas de casa em casa. Nestas, Mariz explicava que não era comunista e governaria de maneira diferente em benefício de todos. Sousa era então o 3º colégio eleitoral da Paraíba, com 11.268 votantes, dos quais, Mariz obteve 3.876 votos, contra 3.866, dados a Gadelha. Portanto, Mariz venceu por 10 votos!
Uma das inovações do jovem prefeito foi divulgar o movimento financeiro da prefeitura. O que entrava e o que saia. De quem recebeu e como gastou os recursos da prefeitura. Fazia isso, diariamente, pela Difusora Rádio Cajazeiras, pois Sousa ainda não possuía emissora de rádio. Mariz abria as contas da prefeitura com transparência absoluta. Ganhou credibilidade, reconhecida até pelos adversários, num ambiente político radicalizado como o de Sousa. Foi um prefeito operoso. E honesto. Ainda hoje, passados quase 50 anos, sua conduta à frente da prefeitura de Sousa é exibida como troféu de gestor público sério.
Mariz não fez escola, infelizmente. Poucos o seguiram. Hoje, para conhecer as finanças municipais o cidadão precisa pesquisar em sites oficiais de outros entes da República, apesar de tantas exigências legais inventadas para democratizar a gestão dos recursos públicos e dos avanços da participação popular nas decisões do poder. Veja o leitor cajazeirense que não foco apenas o jovem prefeito Carlos Rafael. Ele não é exceção em nossa cena política. Aliás, o eleitorado de Cajazeiras tem tido a má sorte de entregar a prefeitura a gestores que não dão a mínima para a divulgação rotineira de receitas e despesas do município. Por quê? Talvez, porque escondem malfeitorias. Um desrespeito à população que, de sua parte, sequer exige dos vereadores o exercício de uma de suas atribuições básicas: fiscalizar as ações do poder executivo municipal. Eles nem ligam. E a gente não está nem aí. Por isso, também somos responsáveis. Nós, os eleitores. Todos, homens e mulheres.
Amanhã, quando a campanha sair dos gabinetes, das fofocas e intrigas ampliadas pela mídia, amanhã, em praça pública, nós, eleitores, vamos aplaudir os caras-de-pau que prometerão governar com transparência. Bateremos palma. E votaremos neles. Quem duvidar que aposte.
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