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Desfalque: Nove médicos pedem afastamento para disputar eleições e CRM interdita hospital no Sertão

O presidente do CRM disse que a situação crítica do Hospital Regional já soma quase um mês e a falta de perspectiva de solução é incompatível com a ética.

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02/07/2012 às 16h56

A falta de condições mínimas para o exercício da medicina no Hospital Regional Janduhy Carneiro, em Patos, levou o Conselho Regional de Medicina da Paraíba a determinar a interdição ética da instituição. A medida deve ser aplicada nos próximos dias e foi motivada pelo resultado de inspeções realizadas pelo Departamento de Fiscalização do CRM-PB, que identificou sérios problemas na instituição, como falta de médicos na escala de plantão, deficiências na estrutura física e superlotação.

Na última quinta-feira (28), o CRM-PB enviou um ofício ao secretário estadual de Saúde, Waldson de Souza, relatando a situação crítica do hospital, o que também já tinha sido feito em uma audiência realizada no dia 19 de julho, mas até o momento nenhuma solução para o problema foi tomada. “A interdição ética recomendada pelo Conselho no caso do Hospital Regional de Patos decorre do fato de inexistirem condições mínimas para o exercício da medicina no local. A par de sua deficiente estrutura física e de sua superlotação, a escala de plantões apresenta grandes lacunas, especialmente nos finais de semana, o que compromete seriamente o atendimento à população daquela região”, disse o presidente do CRM-PB, João Medeiros.

Motivos
Ele explicou que a interdição ética recomendada não significa fechamento da unidade. “O Governo do Estado da Paraíba é quem determina se o mesmo fica ou não aberto. Os médicos ficam impedidos de dar expediente no Hospital Regional de Patos até a Secretaria de Saúde proporcionar as condições mínimas para que eles possam dar atendimento de saúde digno e seguro à população”, explicou o presidente do conselho.

Falta profissionais
A escassez de médicos no Hospital Regional de Patos se dá por dois motivos: cerca de nove profissionais solicitaram dispensa porque serão candidatos nas próximas eleições e outros médicos não querem mais cumprir a escala extra de plantões por não concordarem com a remuneração inferior a que é oferecida nos hospitais de porte semelhante em Campina Grande e João Pessoa. “O hospital precisa urgentemente de médicos para completar a escala, pois as condições de trabalho são péssimas”, disse o diretor de Fiscalização do CRM-PB, Euripedes Mendonça.

Ao longo do mês de junho, vários médicos entraram em contato com CRM-PB preocupados com a situação do hospital e solicitando orientações. “Alguns profissionais estão há mais de 24 horas de plantão, esgotados e sem substitutos imediatos. Em um Hospital de alta complexidade como o Regional de Patos não cabe improvisação, ou seja, um clínico não deve assumir as tarefas de um cirurgião e vice-versa, pelos riscos decorrentes”, destacou Eurípedes Mendonça.

O presidente do CRM-PB disse que a situação crítica do Hospital Regional de Patos já soma quase um mês e a falta de perspectiva de solução é incompatível com o exercício ético da medicina. “A Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba tem sido repetidamente notificada dos problemas existentes e não foram tomadas medidas efetivas para resolvê-los. O Conselho não efetivará a interdição se a Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba tomar medidas concretas para corrigir os problemas do Hospital Regional de Patos”, destacou o presidente do CRM-PB.

Além do problema no corpo médico, a crise também atinge a equipe de enfermagem. Nos últimos dias, o Conselho Regional de Enfermagem também fiscalizou o hospital para verificar a dimensão do problema de insegurança no ato de enfermagem e há também possibilidade de interdição do corpo de enfermagem.

De acordo com Eurípedes Mendonça, o Hospital Regional de Patos não está oferecendo condições mínimas de segurança para o trabalho médico e evidentes riscos para os pacientes. “Infelizmente, a superlotação está comprovada e em vez de aumentar o número de médicos, a situação é inversa e sem solução. Os médicos que trabalham no hospital, além do estresse natural de quem trabalha com urgência e emergência, estão em pânico sem saber se trabalharão sozinhos, como é caso dos médicos clínicos gerais, se terão que atender casos de infarto agudo do miocárdio na ausência de clínicos”, disse.

A fiscalização no Hospital Regional Janduhy Carneiro, em Patos, foi determinada pela promotora de Justiça da Comarca de Patos, Edivane Saraiva de Souza, no final do mês de maio. Após a solicitação, o CRM-PB já fiscalizou o hospital duas vezes e o relatório da inspeção foi encaminhado para a Secretaria Estadual de Saúde, para direção geral do hospital e para o Ministério Público do Estado.

DIÁRIO DO SERTÃO com Edmilson Pereira e Assessoria

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