A negligência histórica da educação, por Léo Abreu
A primeira mobilização a ganhar as ruas contra o atual governo ocorreu em defesa do não corte (ou contingenciamento) de verbas da educação. Uma breve revisão histórica, no entanto, permite nos claramente perceber uma realidade infeliz instalada no nosso país desde o seu descobrimento até os dias atuais.
O somatório dos gastos públicos com educação subiram de R$ 61,4 bilhões em 2008 para R$ 120 bilhões em 2018, ou seja, dobraram em dez anos. No entanto, apesar do Brasil gastar quase 6% do PIB com educação, ocupa apenas a sexagésima terceira posição (de um total de 70 países) no programa internacional de avaliação de alunos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Dados de 2015. Para se ter uma idéia, o Japão investe 3,3% do PIB, a Alemanha 4,4% e a Coreia do Sul 4,6%, estando esses países entre os primeiros colocados.
As razões para explicar porque se gasta um porcentual relativamente alto de recursos e se tem um desempenho pífio, são várias. A primeira delas é a questão demográfica. Países como Japão e Alemanha têm um PIB muito alto e uma menor quantidade de crianças e jovens, comparados ao Brasil. O que torna a relação per capita infinitamente desproporcional. Segundo porque, historicamente, o país construiu uma massa gigantesca de pessoas analfabetas ou semianalfabetas. São 46% da população, ou seja, 100 milhões de pessoas, a carecer de ações concretas em formação educacional mínima. Os demais motivos têm haver com gestão e eficiência.
O governo federal tutela os investimentos, porém não os executa, cabendo aos Estados e municípios a aplicação dos recursos. Não há intercâmbio orgânico e produtivo entre as três esferas do executivo. De cada R$ 100 reais investidos, R$ 85 reais são para pagamento de folha de pessoal. E dos R$ 15 reais que sobram, não é incomum as fraudes e desvios em obras, em terceirização de serviços, transporte escolar e compra de alimentos. É essa a realidade que o atual governo e a sociedade como um todo tem diante de si. Enfrentar com seriedade, respeito e sem demagogia a negligência histórica herdada até aqui.
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