Bosco Sapateiro: prego batido, ponta virada
Com a morte de João Bosco de Barros, conhecido como Bosco Sapateiro, Cajazeiras perde o seu mais antigo sapateiro em atividade e silencia a batida do martelo na fabricação e no conserto dos sapatos das centenas de clientes que possuía.
Foi discípulo de outro famoso sapateiro cajazeirense, João Balbino, em 1956, que calçava quase todos os habitantes de nosso município, com sua fábrica de calçados da Rua Padre Manoel Mariano. Nesta empresa Bosco construiu também grandes amigos na arte de “bater, moldar, cortar, costurar e colar a sola e dar vida aos pares de sapatos, sandálias e botas”. Nesta sapataria também trabalhou um grande artista na arte do corte das peças, Antenor Bezerra.
Dentre os amigos de Bosco, do tempo de João Balbino, está o mais velho sapateiro de nossa cidade Adauto Leite da Silva, com 89 anos de idade e seu irmão Pedro Gabriel da Silva, com 81 anos, filhos de outro famoso sapateiro: Seu Gabriel, que era especialista na fabricação de botas de couro, próprias para a vida do campo e usadas pela vaqueirama da região.
Por que Bosco era tão querido pela pelos clientes? Já ouvi vários testemunhos sobre a sua simpatia e a maneira de conquistar mais fregueses: recebia-os sempre com um largo sorriso, entregava os serviços no prazo combinado, era imbatível no preço e na qualidade do que fazia.
Em Cajazeiras, ainda é tradição se mandar consertar calçados e mesmo com a morte de Bosco os seus filhos vão continuar prestando os mesmos serviços, ao lado de mais dois antigos sapateiros: o famoso e folclórico Antonio Gobira com sua oficina na Travessa Joaquim Costa e Elias em um barraco que fica em frente ao Banco do Brasil.
Jonábio, filho de Bosco, estudante do curso de História, no Campus da UFCG de Cajazeiras, garante que vai manter o mesmo ritmo de trabalho de seu pai e que a sapataria não vai sofrer solução de continuidade, já que aprendeu a trabalhar com seu pai e não pode deixar morrer o que ele mais amava em sua vida.
Pelo velório passaram centenas de amigos. O seu sepultamento foi no Cemitério Nossa Senhora Aparecida ao entardecer do último dia 14 de agosto, data em que Cajazeiras perde mais um de seus mais tradicionais profissionais, que era muito admirado e estimado pelos cajazeirenses.
Sem dinheiro
Tramita no Congresso Nacional uma PEC que pretende acabar com salários de vereadores de municípios brasileiros com menos de 50 mil habitantes. Esta foi uma das medidas tomadas pelo governo militar a partir de 1964 até 1975(?), quando os edis voltaram a receber novamente. Exercer mandato de vereador passaria a ser igual ao serviço militar: um gesto cívico de amor a Pátria. Caso esta PEC seja aprovada, numa eleição como a deste ano, possivelmente, haveria uma redução de milhares de candidatos.
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