Cajazeiras: pouco respeito com a educação ?
A cidade de Cajazeiras se projetou, no passado, através da educação, tendo como principal referência o famoso padre Inácio de Sousa Rolim, que conseguiu fazer com que os olhos de diversas regiões do Nordeste se voltassem para uma escola fundada por ele. Os alunos do padre Rolim, em sua maioria, tiveram projeção nacional e até internacional como foi o caso do Cardeal Arcoverde, o primeiro da América Latina.
Padre Rolim levava muito a sério a educação de seus pupilos ao ponto de em uma determinada época, por iniciativa própria, a cidade de Cajazeiras estava ameaçada por uma febre que matava rapidamente e em lombos de burros transportou seus alunos para o vizinho estado do Ceará para que não houvesse interrupção das aulas.
Quem leu os dois últimos artigos de Francisco Sales Cartaxo (Frassales), publicados no GAZETA, nas duas últimas edições, na página Opinião, entenderá perfeitamente as razões da importância que teve a educação na construção e na projeção de nossa cidade.
A educação continua, através do ensino de terceiro grau, nos dias atuais, a projetar o nome de Cajazeiras, com dezenas de cursos em instituições de ensino, públicas e particulares, que aos poucos, num processo contínuo, ainda darão frutos iguais aos produzidos pelo Padre Rolim.
Lamentavelmente, temos vistos alguns episódios, na rede escolar do município, que depõem contra toda esta tradição de Cajazeiras: talvez, estes atos praticados, contribuam para o baixo rendimento escolar do alunado. Em 2011, o ano letivo deveria ter sido concluído no dia 28 de dezembro, mas foi antecipado para o dia 23, portanto, houve um prejuízo de cinco dias de aulas. Em 2012, os milhares de alunos já deveriam está assistindo aulas desde o dia seis de fevereiro, mas foram adiadas para o dia 27. Somam-se cinco dias do ano passado com mais vinte e um deste ano, totalizam 26 dias.
Imagine se este fato ocorresse numa grande indústria ou se um estabelecimento comercial ficasse fechado durante 26 dias, o prejuízo seria mais visível, mas em se tratando de educação, os reflexos irão aparecer no futuro. E o pior, os próprios pais de família e a sociedade ficam calados, acovardados, além da Câmara Municipal, diante de mais um crime que se comete contra a educação em nossa cidade.
O Sindicato dos funcionários municipais declarou que a causa principal do adiamento foi para desarticular o movimento da categoria, em que professores só voltariam à sala de aula com a implantação do piso salarial. Mas os sindicalistas ainda vêm outras questões, principalmente de ordem econômica para o adiamento das aulas: um mês a menos para locação de veículos, menos combustíveis para os ônibus escolares, não pagamento aos professores que se deslocam para as escolas dos Distritos e dos Sítios.
Diante deste fato tiramos uma triste conclusão: a educação no município de Cajazeiras não é vista como um investimento, uma “poupança cultural”, mas, possivelmente, como uma despesa não tão necessária e que não é tratada com o devido respeito e os reflexos virão com as avaliações que são realizadas pelo Ministério da Educação, cujos resultados vêm sendo negativos e que provavelmente, nas próximas, seremos reprovados de novo.
Por determinação constitucional os municípios são obrigados a aplicar pelo menos 25% da arrecadação de impostos e transferências em educação, mas infelizmente, segundo um relatório publicado recentemente, pela Undine (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), “não há controle prático sobre os gastos que efetivamente são registrados nos balanços contábeis como realizados para manutenção e desenvolvimento da educação”, a exemplo do vizinho estado do Ceará um gestor público foi flagrado pagando contas de festas, comida para cachorro e caixão de defunto com dinheiro destinado para a educação.
O que tem feito a diferença, principalmente na educação, entre municípios, é a gestão e não a falta de recursos, como muitos prefeitos têm alegado para justificar o fraco desempenho da educação em seus municípios e ainda ter a educação como prioridade número um. Dados divulgados pela UNDINE demonstram que nas séries iniciais do ensino fundamental, no Nordeste investe-se por aluno R$1.948,80, enquanto no Sudeste este valor é de R$3.649,11 e nas séries finais estes valores continuam com diferenças gritantes: no Nordeste: R$2.276,16 e no Sudeste: R$4.322,81.
Será que a Secretaria de Educação do Município de Cajazeiras tem uma idéia do valor que investe por aluno? Estaria pelo menos na média dos valores do Nordeste? Enquanto o cidadão e os gestores do município não se envolverem com muita seriedade e vendo a educação como prioridade, vamos continuar tendo pouco respeito com os nossos jovens que vão para a escola e nela encontrem um ensino de qualidade.
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