Dez anos de dor e impunidade
“Um 9 de maio dolorido” foi o título do Editorial da Destaque nº 06, de maio de 2004, abordando a chacina que vitimou três adolescentes da cidade de Cajazeiras (PB), cujos corpos foram encontrados crivados de balas na zona rural de Ipaumirim (CE), na manhã daquele fatídico “Dia das Mães”.
Passados dez anos do triplo homicídio, a sociedade cajazeirense ainda espera uma resposta concreta por parte das autoridades policiais e judiciárias, com indicações, indiciamentos e punições dos culpados.
Naquele mesmo Editorial, no qual tentamos traduzir as dores sentidas pelas mães dos menores assassinados, pelo simbolismo do próprio dia, lembrávamos outros casos emblemáticos de mistérios e impunidades na cidade, que também se arrastam há anos e anos, como os de Chinesinho, Rato Branco, Chico do Abrigo – nomes dignos de personagens de qualquer lenda urbana, mas que integram a dura realidade de crimes sem solução.
Nestes tempos de casos e mais casos de “justiceiros”, milicianos ou coisa que os valham, divulgados diariamente pela grande mídia nacional, aliados às discussões de redução ou não da maioridade penal, a barbárie cometida contra Demétrius Cavalcante Silva, de 17 anos, Cícero Roberto da Silva Sousa, de 16 anos, e José Filho Alves Ribeiro, de 14 anos, tema de Sessões Especiais na Câmara Municipal de Cajazeiras e motivo de protestos populares e de lágrimas incessantes das famílias, não pode e nem deve simplesmente cair no ralo do esquecimento, independente de atos infracionais que praticassem ou dos quais fossem acusados.
Nada que se alegue pode justificar um assassinato e muito menos uma verdadeira execução com tiros na cabeça, sem qualquer chance de defesa de três meninos, umbilicalmente vítimas de uma sociedade injusta, desigual e desumana, que não cuida como deveria da sua infância e adolescência mais carente com escola, qualificação, saúde, segurança, assistência, esporte, cultura e lazer, não necessariamente nessa ordem.
Os dez anos de dor das três famílias precisam servir de alerta para quem de direito sobre a necessidade de se dar uma resposta à sociedade, para que não voltemos a assistir a nada parecido outras vezes.
O fato é que nada que digamos poderá consolar as senhoras Nêga, Geralda e Josefa no 11 de maio de 2014, mais um Dia das Mães que passa e no qual elas só podem chorar as memórias dos seus meninos.
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